Carreira

Engenharia civil volta a atrair os estudantes

Em sete anos, procura pelo curso de engenharia civil na Unicamp cresceu cerca de 320%

Obras da Odebrecht: mercado aquecido faz procura por cursos de engenharia crescer mais de 300% em algumas universidades (Divulgação/Odebrecht)

Obras da Odebrecht: mercado aquecido faz procura por cursos de engenharia crescer mais de 300% em algumas universidades (Divulgação/Odebrecht)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 08h34.

São Paulo – Depois de um período de pouco prestígio, a carreira de engenharia civil volta a fascinar estudantes. Nos últimos sete anos, a procura por esse curso quase triplicou nas três universidades públicas paulistas, segundo levantamento feito por EXAME.com.

Em 2004, 692 estudantes se inscreveram no vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para o curso de engenharia civil. Para a prova deste ano, 2.910 candidatos concorreram às 80 vagas disponíveis.

Durante o mesmo período, a Universidade Estadual Paulista (UNESP) assistiu a um aumento de 259,38% do número de candidatos para as 140 vagas dos cursos de engenharia civil.

O cenário se repete na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP). Em 2008, 1.553 candidatos se inscreveram no vestibular de engenharia civil da instituição. Para o vestibular deste ano, o número subiu para 2.501 estudantes.

“De 1999 a 2006, 75% dos ingressantes tinham interesse em Engenharia da Computação, Mecatrônica e Produção”, afirma José Roberto Cardoso, diretor da Poli/USP. A procura pela engenharia civil era baixa, segundo ele.

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A realidade econômica das duas décadas anteriores explica os motivos para a baixa concorrência nos cursos de engenharia civil nesse período. “O Brasil passou por um período de quase estagnação econômica durante os anos 80 e 90 e isso coincide com uma lógica de crise do reconhecimento da engenharia por parte da sociedade”, afirma Marcos Formiga, coordenador do projeto Inova Engenharia da CNI/SENAI.

A “virada da mesa” aconteceu em 2007, de acordo com os diretores das escolas de engenharia civil das três instituições. A data coincide com o lançamento da primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 1. “Nesse período apareceram os primeiros sinais de que os investimentos em infraestrutura seriam substanciais”, afirma Cardoso, da Poli.


Demanda
Se depender das perspectivas do mercado, quem investiu nessa formação nos últimos anos fez uma escolha certeira. No ano passado, a indústria da construção civil registrou alta de 11% - o melhor desempenho do setor desde 1986. Para 2011, a expectativa é que o setor cresça pelo menos 6%.

“Estamos assistindo a um ciclo longo e sustentável de aquecimento econômico”, diz Paulo Barbosa, diretor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp. “Diante das necessidades do país, os próximos vinte anos serão de muita demanda no setor”.

Os dados de infraestrutura do país confirmam isso. Em 2008, ainda existiam 5,8 milhões de famílias sem moradia no país. Some-se a isso os investimentos necessários para expansão da infraestrutura de transportes do país ou para as obras da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 e o cenário será de franco crescimento do mercado de trabalho para os engenheiros civis.

Sorte dos 460 vestibulandos que encontraram seus nomes na lista de aprovados dos vestibulares para os cursos de engenharia civil da USP, Unicamp e Unesp nas duas últimas semanas.

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