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Após protestos de funcionários do Google, chega a vez dos terceirizados

Milhares de funcionários do Google conseguiram a modificação dos procedimentos para lidar com acusações de conduta sexual imprópria

Google: trabalhadores temporários, fornecedores e contratados são mais da metade do total de funcionários da empresa (Aly Song/Reuters)

Google: trabalhadores temporários, fornecedores e contratados são mais da metade do total de funcionários da empresa (Aly Song/Reuters)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 06h00.

São Francisco - Após protestos, milhares de funcionários do Google conseguiram uma vitória no início do mês com a modificação dos procedimentos da empresa para lidar com acusações de conduta sexual imprópria. Mas as mudanças basicamente deixaram de fora um grupo que representa mais da metade da força de trabalho da gigante das pesquisas on-line: os trabalhadores temporários, fornecedores e contratados, grupo ao qual o Google se refere como TVC (sigla em inglês).

Agora, um grupo de trabalhadores -- alguns deles funcionários em tempo integral, outros contratados -- iniciou uma campanha para conseguir que o Google estenda as proteções ao grupo TVC, disseram pessoas a par do assunto, que pediram para não serem identificadas porque não querem comprometer seus empregos.

Para isso, alguns trabalhadores criaram recentemente uma lista de discussão interna para debater a questão e as opções a respeito do que pedir ao Google, da Alphabet, disse uma das pessoas. Para dar início ao debate, a primeira postagem incluiu um link para uma matéria de julho da Bloomberg a respeito do tamanho e do papel da base de contratados da empresa, disse essa pessoa.

Entre as mudanças na política sobre conduta sexual imprópria anunciadas em 8 de novembro pelo CEO do Google, Sundar Pichai, está o fim da arbitragem forçada para assédio sexual individual e acusações de agressão sexual, eliminando uma política que, segundo defensores de vítimas, pode privar os acusadores de uma audiência justa e de uma reparação adequada das injustiças.

O Google também se comprometeu a fornecer mais informações aos funcionários a respeito de investigações e resultados e a expandir o treinamento obrigatório sobre conduta sexual imprópria.

A resposta frustrou alguns TVCs, que não receberam nenhum e-mail a respeito das mudanças e não puderam participar de uma reunião da equipe sobre o assunto, disseram as pessoas.

“Apoio totalmente os contratados em seus objetivos”, disse um funcionário do Google, que pediu para não ser identificado. “Muitos Googlers pensam igual e colocarão seu peso em qualquer iniciativa própria liderada pelos contratados.”

Uma porta-voz do Google preferiu não comentar. A empresa tem afirmado que realiza investigações sempre que um contratado apresenta queixa contra funcionários do Google e que espera o mesmo das empresas terceirizadas quando há reclamações contra contratados.

Além disso, o Google ampliou recentemente seu código de conduta dos fornecedores e exige que os fornecedores, incluindo empresas contratadas externas, “demonstrem o compromisso de identificar, medir e melhorar a cultura de diversidade e inclusão em todos os aspectos do gerenciamento do ambiente de trabalho”.

Em julho a Bloomberg publicou matéria sobre a “força de trabalho fantasma” do Google e revelou que neste ano, pela primeira vez, trabalhadores temporários, fornecedores e contratados constituíam mais da metade do total de funcionários da empresa.

Esses trabalhadores servem refeições, escrevem códigos, gerenciam equipes e trafegam em carros autônomos. Diferentemente dos trabalhadores em tempo integral, eles não recebem ações e muitos contam com planos de saúde inadequados. Além disso, eles não têm permissão para entrar em alguns edifícios, nem para participar de certas reuniões da empresa.

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