Carreira

"Apaixonados" pelo home office, brasileiros desejam mudar de cidade

Pesquisa da Ticket mostra que 44% dos trabalhadores não querem um retorno total às atividades e 28% dos participantes consideram mudar para outra cidade

Pessoas em São Paulo: as grandes cidades têm perdido atratividade (Amanda Perobelli/Reuters)

Pessoas em São Paulo: as grandes cidades têm perdido atratividade (Amanda Perobelli/Reuters)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 13h51.

Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 16h03.

A pandemia do novo coronavírus acelerou mudanças que o mercado de trabalho vinha testando timidamente nos últimos anos, como o home office. Com o funcionamento de apenas serviços essenciais durante o pico da crise sanitária, entre abril e setembro, o trabalho remoto ganhou um tamanho que ainda não tinha sido visto.

De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,9 milhões de trabalhadores do país estavam em home office no mês de outubro. No Brasil, a população economicamente ativa é de cerca de 79 milhões de pessoas.

Sem precisar ir ao escritório nestes meses e com a perspectiva de o trabalho remoto ser mantido no futuro, os brasileiros começam a se questionar: é realmente necessário morar na cidade em que fica o trabalho?

Uma pesquisa da Ticket, marca de benefícios de refeição e alimentação da Edenred, realizada com 1.000 usuários de seus serviços, mostra que 28% dos participantes consideram mudar para outra cidade, tendo em vista a menor necessidade de deslocamento à estrutura física da empresa.

Apesar desse desejo, os dados da pesquisa mostram que apenas 7% trabalharam de outras cidades durante os piores meses da pandemia. Essas pessoas viajaram para casas de veraneio e locais afastados de grandes centros urbanos, onde as taxas de contaminação pelo novo coronavírus foram as maiores.

Dados da consultoria McKinsey & Company, de junho, já mostravam que as grandes cidades perderam atratividade com a pandemia. A chamada “desurbanização” é uma das tendências apontadas pela consultoria como uma das mudanças no estilo de vida do brasileiro daqui para a frente, com cidades médias sendo mais valorizadas.

Em grandes capitais mundias como Nova York e Londres, o fenômeno é parecido. A empresa IWG, que opera escritórios, notou que negócios na parte sul do distrito nova-iorquino de Manhattan desabaram 30%. Já a atividade na região sul do estado vizinho de Connecticut aumentou mais de 40%.

(EXAME Academy/Exame)

A tendência é forte nos Estados Unidos: cerca de 23 milhões de americanos planejam se mudar para outra cidade em meio à expansão do trabalho remoto.

Outro movimento que tem sido destaque é a mudança de residência durante a pandemia. Na última reportagem de capa da revista, a EXAME traz uma análise sobre por que os brasileiros estão procurando outros imóveis.

Dados do setor imobiliário reforçam a pesquisa da Ticket e mostram que brasileiros que buscam imóveis maiores e estão dispostos a se afastar do centro e dos locais de trabalho graças à opção do trabalho remoto.

O futuro do trabalho

Mesmo após o fim do isolamento social, 44% dos trabalhadores sinalizaram que não gostariam de um retorno total ao trabalho presencial. Outra pesquisa divulgada nesta semana também mostra que os servidores públicos têm o mesmo desejo. 

Dentre o grupo de pesquisados, 36% trabalham em empresas que já sinalizaram que vão adotar o trabalho remoto total para algum setor. Outros 33% trabalham para organizações que preferiram a adoção do modelo híbrido. Ou seja, em que o funcionário deverá passar parte do tempo em casa e parte do tempo no escritório.

Sendo pouco regulamentado, o home office é fruto de preocupação das empresas, que vêm realizando acordos coletivos com sindicatos para definir algumas regras, como controle da jornada e apoio para estrutura necessária ao trabalho remoto, como mobiliário e internet.

Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o trabalho remoto está presente em 15,9% das negociações coletivas de 2020, enquanto que, em 2019, ele aparecia somente em 2,4% dos acordos

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