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Ano bom para ações

Pelo menos 30 empresas devem lançar papéis no mercado acionário e a bolsa de valores poderá atingir 80.000 pontos


	Bovespa: Se neste ano o Brasil confirmar os 30 IPOs, pode ser o triplo do ano passado, que teve dez aberturas de capital.
 (BM&FBovespa/Divulgação)

Bovespa: Se neste ano o Brasil confirmar os 30 IPOs, pode ser o triplo do ano passado, que teve dez aberturas de capital. (BM&FBovespa/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2013 às 18h24.

São Paulo - Este ano promete ser bom para o investidor. A economia tem motivos para seguir forte: aumento do consumo das classes C e D, perspectivas de  investimentos pelo país para sediar a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016, e também a exploração das camadas do pré-sal.

De acordo com um levantamento da Ernst & Young Terco, empresa de consultoria e auditoria, cerca de 30 companhias brasileiras devem entrar com pedido de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza o mercado financeiro. “As organizações estão percebendo o excelente momento da economia.

Os próximos cinco anos serão a fase em que teremos mais investimentos. Quando receberemos novamente dois eventos tão relevantes em um curto espaço de tempo?”, pergunta Paulo Sérgio Dortas, sócio da área de IPO (initial public offering, lançamento de ações na sigla em inglês), da Ernst & Young Terco, em São Paulo. 

Se neste ano o Brasil confirmar os 30 IPOs, pode ser o triplo do ano passado, que teve dez aberturas de capital. Em 2009, foram seis. “É uma ótima notícia. A abertura de capital deve vir dos setores que estão mais aquecidos na economia, como construção civil, petroquímica, comércio, bens de consumo e prestação de serviço”, afirma Cristiana Pereira, diretora de desenvolvimento de empresas da BM&FBovespa, em São Paulo. 

As companhias que devem estar prestes a fazer um IPO têm como característica crescimento médio de 25% nos últimos três anos, resultado acima da expansão do produto interno bruto (PIB) do Brasil. Elas são pequenas ou médias e faturam entre 101 e 400 milhões de reais anualmente.

Outro aspecto comum é a união por meio de um grupo com outras empresas do setor, o que torna a companhia mais bem estruturada e com maior chance de sucesso no mercado de ações. 

Caminho longo

Os empresários que estão envolvidos, ou pensam, no processo de IPO devem ter paciência, pois o caminho de preparação para dar entrada no pedido de abertura de capital é longo. O prazo médio varia entre dois e três anos. “A companhia tem de detalhar a situação financeira, a produção, os números. 


É feita uma radiografia completa, que será analisada e depois ficará à disposição de todos os interessados”, explica Felipe Claret, superintendente de registro de valores mobiliários da CVM. Por questões estratégicas, é difícil saber quem está a um passo do IPO, pois as empresas querem surpreender a concorrência ou se tornar pioneira em seu setor. Os especialistas dizem que os pedidos de IPO devem começar a ser registrados logo após o Carnaval.

Depois de dar entrada no pedido e após a aprovação da CVM, é possível consultar os dados da organização no site http://www.cvm.gov.br, no item formulário de referência, que é atualizado a cada novidade que a companhia apresenta. Essa é uma das ferramentas que os novos — e também os antigos — investidores podem usar para conhecer mais sobre a empresa em que pretendem investir.

“Não importa se a companhia abriu capital agora ou há anos, para saber se vale mesmo a pena adquirir ações dela é preciso analisar todos os detalhes”, afirma José Góes, consultor econômico da Alpes Corretora, em São Paulo. 

Como escolher

Para quem se interessar em comprar os papéis das novatas, a alternativa é recorrer à análise fundamentalista. Ela é baseada na história da empresa, no setor, no seu faturamento, nos planos de investimento, entre outras informações. Não será possível optar pela análise gráfica, que consiste em observar como as ações se comportaram nos últimos tempos, pois a companhia está começando no mercado. 

Com mais organizações atuando na bolsa de valores, também deve aumentar o número de investidores. “Há pessoas que são atraídas para a bolsa porque gostam de determinada companhia e, quando ela chega ao mercado, o desejo natural de investir aparece”, diz Maurício Galhardo, consultor financeiro da Praxis Education, em São Paulo.

Porém, cuidado para não deixar a emoção falar mais alto na hora de aplicar o seu suado dinheirinho. “Não coloque todos os ovos em uma única cesta, porque concentrar investimentos em uma empresa é arriscado. E se for nova no mercado de ações pode significar ainda mais riscos”, diz Oscar Malvessi, coordenador do curso de fusões e aquisições da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP). 


Se você for aplicar em alguma das organizações que farão IPO neste ano, a dica é que seja um investimento para contribuir com a diversificação de sua carteira. E, mesmo assim, antes faça uma análise completa da companhia. O indicado é aplicar entre 2% e 5% de seu patrimônio. Se der bons resultados, aí sim, invista mais. E aplique sempre pensando no médio e longo prazo.  

Quem já está experiente em comprar ações de organizações novas para diversificar a carteira são os investidores estrangeiros. “Quando há um IPO no Brasil, entre 60% e 70% das ações ficam com eles”, afirma Rodrigo Menon, sócio da Beta Advisors, em São Paulo. Se você achou esse número alto, saiba que já foi bem maior. Em 2007, eram 80%.

“É positivo termos essa participação internacional. O Brasil tem sido o centro das atenções no mercado externo e os números mostram que os investidores estão acreditando no país”, disse Alberto Kiraly, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).  

Perspectivas para o ano

Além das novas ações que devem chegar à bolsa, o que os cerca de 600.000 investidores na categoria pessoa física querem saber é como o mercado acionário se comportará em 2011. As notícias são animadoras. A expectativa de especialistas financeiros é que o Ibovespa, o índice que reúne as ações mais negociadas na bolsa de valores, atinja 80.000 pontos até dezembro. No ano passado, a melhor marca foi 69 301 pontos, um recorde histórico.

“A economia está em franca expansão. Se a estimativa para o PIB em 2011 é chegar a 5%, as ações devem subir um pouco mais, algo em torno de 10%, pois há empresas que crescem mais do que o PIB. E aquelas que estão na bolsa têm mais chances de crescer por estar mais bem estruturadas”, diz Maurício Galhardo. 


Para estragar a festa brasileira somente uma grave crise internacional, o que até o momento não há nenhum indício de que vá acontecer. “O maior risco para o Brasil pode ser uma diminuição significativa do crescimento da China, pois exportamos commodities de minérios para lá e, consequentemente, esse país é importante para a bolsa brasileira”, diz Rodrigo Menon. 

Outra possibilidade é a crise vir da Europa. Países como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha apresentam dívidas altas e o maior receio é que algum deles quebre, fato que desenrolaria um efeito dominó na economia mundial. O risco de uma quebradeira é reduzido, pois é esperado o anúncio de medidas econômicas para ajudar a levantar os países da zona do euro.

Assim que essas nações encontrarem equilíbrio econômico, devem retomar o crescimento. O que também está sendo muito aguardada é a recuperação mais consistente da economia americana, que favoreceria um desempenho positivo do resto do mundo. “Este ano tem tudo para ser melhor que 2010. O mercado acionário está em constante crescimento e o investidor tem que planejar bem seus passos para aproveitar a boa fase”, diz Oscar Malvessi, da FGV-SP.

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