Businessman and computer technology network connection on futuristic virtual interface screen artificial intelligence (Divulgação: Vithun Khamsong/Getty Images)
Articulista convidado
Publicado em 29 de julho de 2025 às 19h13.
Por muito tempo, o profissional de Finanças foi visto como aquele que dominava o orçamento, os relatórios e os controles. Hoje, ele é chamado a participar da estratégia e liderar transformações. E, para isso, é preciso saber se conectar. Construir uma rede de relacionamentos sólida é fundamental para acelerar processos, destravar soluções e ampliar a influência dentro e fora da empresa.
Nesse contexto, o networking, frequentemente deixado em segundo plano por profissionais com um perfil mais introvertido e analítico, torna-se um diferencial competitivo. Essa ferramenta é essencial para líderes que desejam protagonizar decisões, influenciar os rumos dos negócios e elevar a relevância da sua atuação profissional no mercado.
As conexões também abrem espaço para a formulação de ideias e soluções que, em geral, só surgem quando o executivo sai de sua bolha. Como recrutadores especializados em posições de liderança em Finanças, um dos principais conselhos que compartilhamos com os profissionais da área é: construa – e cultive – uma rede de contatos.
Existem dois movimentos importantes no networking: o interno e o externo. O primeiro diz respeito à capacidade de construir relações dentro da própria empresa, com diferentes áreas, lideranças e stakeholders. O segundo refere-se à habilidade de expandir horizontes e estabelecer pontes com profissionais de outras companhias e setores. Ambos são fundamentais para o crescimento na carreira e para a resolução de desafios complexos do cotidiano corporativo.
Uma das principais competências comportamentais que avaliamos em processos seletivos é a capacidade de criar alianças e estabelecer níveis de confiança para que as coisas aconteçam. É comum que executivos só percebam a importância da construção de relacionamentos externos quando precisam se recolocar ou buscar referências.
No entanto, construir essas conexões antes é o que garante agilidade, credibilidade e acesso a oportunidades. Networking abre portas e gera negócios de verdade. Essa é uma verdade irretocável.
Criar uma rede de contatos consistente é um processo de longo prazo e deve ser parte da rotina. O networking deve ser cultivado de forma natural, no dia a dia, sem que se precise utilizá-lo imediatamente, para que esteja disponível quando for necessário.
Isso significa agir com constância: investir um pouco de tempo toda semana, participar de eventos, tomar cafés com colegas de mercado, marcar almoços com antigos parceiros. Sempre que possível, dê preferência ao contato presencial, pois ele ainda tem um peso insubstituível.
Dentro da empresa, vale ir além do próprio time e buscar conhecer pessoas de outras áreas, compreender seus desafios e estabelecer pontes reais. Em companhias de capital aberto, o Investor Day, por exemplo, pode ser uma excelente ocasião para aprofundar relações com stakeholders.
Fora da companhia, a agenda deve incluir encontros com executivos de outros segmentos, visitas a eventos, participação em grupos ou cursos de extensão, além do uso de redes sociais para contatos mais espontâneos.
A pesquisa "O Perfil do CFO no Brasil 2024", realizada pela Assetz Expert Recruitment em parceria com o Insper, mostra que 80% dos CFOs já dedicam parte de seu tempo à construção de uma rede de contatos externa, com média de 13% da agenda voltada a essa atividade. Não é coincidência. Todos os CFOs bem-sucedidos têm algo em comum: o networking.
Essa rede é formada aos poucos, com constância e intencionalidade. Ao longo dos últimos 15 anos, desenvolvemos, como headhunters, relacionamentos com líderes em diferentes níveis de carreira. Acompanhamos de perto a trajetória de muitos profissionais que iniciaram em cargos de liderança como coordenadores e hoje são CFOs.
Para um executivo que quer construir ou fortalecer vínculos estratégicos, é interessante elaborar um mapa de stakeholders, que pode ajudá-lo a visualizar as conexões que valem a pena ser aprofundadas.
E não se trata apenas de buscar apoio: o networking também exige entrega, escuta ativa e disponibilidade. É uma via de mão dupla que, quando bem cultivada, transforma o cotidiano do executivo de Finanças e amplia sua atuação no mercado.