Carreira

A crise ainda não bateu nas contratações por aqui

Perguntamos a executivos de multinacionais de nove setores da economia sobre como a crise lá fora está afetando seus planos de contratação e expansão no país. Eles continuam otimistas

Contratação (Getty Images)

Contratação (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 19h31.

São Paulo - Nem bem se recuperaram da recessão que teve início em 2008 e os Estados Unidos já se envolveram em um novo momento crítico, que está abalando a confiança mundial em sua economia.

O medo de um calote da dívida passou com a aprovação do aumento do endividamento máximo do governo em 900 bilhões de dólares pelo Senado americano em agosto. No entanto, ventos de crise ainda sopram por lá.

O país passa por um momento de austeridade: a meta é cortar 2,4 trilhões de dólares com gastos nas contas públicas. E a preocupação maior do mundo é com a capacidade de os Estados Unidos honrarem seus compromissos.

Só o Brasil tem pouco mais de 200 bilhões de dólares em papéis do Tesouro americano. Se a confiança nos papéis cai de uma hora para outra, a crise pode se intensificar, embora o que se tenha visto até agora foi uma corrida dos investidores para comprar os títulos americanos.

Apesar do momento de insegurança, são poucas as multinacionais instaladas no Brasil que estão revendo seus planos de contratação e expansão. A VOCÊ S/A ouviu 12 executivos de recursos humanos de nove setores da economia para saber se a crise internacional está impactando os planos de contratação, promoção e expansão das empresas. Veja o que eles responderam. 

Indústria

"No momento a crise não nos afeta em nada. Ela poderá nos impactar no médio prazo caso haja uma fuga de investimentos do Brasil, afetando o segmento da construção civil. Mas nossos pla­nos de expansão continuam os mesmos.” Diloney Palumbo, diretor de RH e qualidade para a América Latina da Atlas Schindler, empresa do setor industrial.

Químico

"Não há no momento impacto em nossos planos de contratação ou promoções. Ainda é muito cedo para fazer qualquer diagnóstico dos efeitos do desenvolvimento da situação econômica americana sobre a nossa economia. O importante, acredito, é mantermos o nosso foco, com planejamento e disciplina." Wagner Brunini, vice-presidente de RH para a América Latina da Basf, do setor químico. 

Automotivo 

"Definitivamente, não. A Volvo do Brasil mantém seus planos de negócios, investimentos, contratações e promoções. A confiança no Brasil é muito grande, pelo momento especial que o país vive, bem como pelas boas perspectivas para o futuro. Nossos planos para o Brasil são consistentes e sempre tivemos um olhar de longo prazo. Não vamos mudar nossa estratégia nessa área.Carlos Morassutti, diretor de RH e assuntos corporativos da Volvo do Brasil, empresa do setor de autoindústria. 


"O Brasil e a América Latina estão vivenciando um processo de crescimento, priorizando muitos investimentos na área de infraestrutura, que é um dos setores de atuação da Caterpillar. Além disso, vemos muitas empresas se instalando no Brasil com vistas a usufruir essa demanda.Portanto, acredito que a crise americana não terá interferência em nossos planos.Suely Agostinho, diretora de RH da Carterpillar, empresa do setor de autoindústria.

Seguro

"A Aon, empresa americana, obviamente foi atingida com a crise, o que resultou na revisão de vários processos e na tomada de muitas medidas de contenção de despesas e racionalização de processos, inclusive aqui no Brasil. Tivemos, por exemplo, de rever algumas despesas corporativas, como viagens. Outra medida importante de contenção foi a proibição de contratação para novas posições. Hoje, a Aon só aumenta o quadro de colaboradores com a aprovação do presidente. O mesmo está ocorrendo com as promoções e com os aumentos salariais." Nancy Bartos, diretora de RH da Aon, empresa do setor de serviços. 

Farmacêutico

"A Sanofi pretende manter seus planos para o Brasil. Aumentamos nossos investimentos nos últimos anos, movimento que seguirá nos próximos. Um exemplo é a construção prevista de mais uma fábrica. O nível de atividade dos nossos negócios no país depende fundamentalmente do mercado consumidor local, que vem mantendo as taxas de crescimento previstas. Em 2012, aumentaremos pelo menos 100 postos de trabalho no país." André Rapoport ,  vice-presidente de RH para a América Latina da Sanofi-Aventis, do setor farmacêutico. 

Agronegócio 

"Por ora, a crise não teve nenhum impacto em nossos planos de contratação e promoção de pessoas. No Brasil, por exemplo, além do programa de trainees, pelos quais buscamos contratar 30 novos profissionais, temos várias posições em aberto para todos os níveis de profissionais e em diversas localidades onde temos operações." Marco Macia, diretor de RH da Cargill, empresa do setor de agronegócio.

"As projeções da FMC não se alteram diante do cenário atual de crise internacional, pois a companhia acredita que o fato não muda o quadro desenhado para o agronegócio brasileiro e para a demanda por alimentos no mundo todo ao longo dos próximos anos.

Mesmo que os Estados Unidos e alguns países europeus atravessem uma recessão, pode haver uma freada nas economias emergentes, mas o crescimento populacional e a demanda por comida permanecem inalteradas. Temos planos de dobrar nosso faturamento até 2015 e, para isso, vamos redimensionar nosso quadro." Maria Lúcia Murinelli, diretora de RH para a América Latina da FMC, empresa do setor de agronegócio.


Construção civil

"A crise financeira não impactou nossos planos de contratação e promoção. Continuamos contratando e, inclusive, fortalecendo nosso programa de trainee. Caso esta crise venha a atingir o Brasil, acredito em uma leve desaceleração nas contratações." Lourdes Pereira Leite, diretora de recursos humanos da Brasilit, Placo e Isover, empresa do grupo Saint-Gobain, do setor de construção civil. 

Têxtil

"Com a crise americana, os países asiáticos, principalmente a China, buscam parceiros com maior sustentabilidade e mercados em crescimento, como o Brasil. No entanto, com o valor do dólar em baixa, o índice de importação de produtos acabados aumentou.

A indústria têxtil nacional vendeu 38,2 milhões de dólares para fora, mas comprou 621,3 milhões em itens importados, provocando uma desaceleração. Na Sergifil, não chegamos a conceder férias coletivas nem começamos a demitir, porém reduzimos nossa produção.Marcelo Tacahashi, gerente-geral da Sergifil, empresa nacional do setor têxtil, que exporta para países do Mercosul. 

Cosméticos

"Nossos planos de contratação, promoção e expansão estão alinhados com a estratégia da empresa estabelecida no início de 2011. A filial brasileira da Estée Lauder Companies é a que mais cresce no mundo — 65% nos últimos quatro anos. Imaginamos que nos próximos anos quase metade da indústria de beleza estará em mercados emergentes; como Brasil, Rússia e China.

Temos grandes planos de investimento e novidades no Brasil para um futuro muito próximo." Larissa Messias, gerente nacional de RH da Estée Lauder, empresa do setor de cosméticos.

"A crise americana não está impactando nossos planos de contratação nem de promoção porque o setor de cosméticos não está sendo diretamente atingido. Continuamos com o nosso ritmo de crescimento acelerado.

Estamos acompanhando atentamente o desenrolar dos acontecimentos, mas até o momento não tivemos motivos para alterar os nossos planos, que incluem não só a abertura de novos postos de trabalho como também o desenvolvimento dos profissionais que já fazem parte da nossa estrutura." Monica Longo, diretora de RH da Nivea, empresa do setor de cosméticos.

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