Ilustração - Defendendo o seu bolso (Aluísio Cervelle/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 13h25.
São Paulo - Mudam as palavras dos economistas e especialistas em finanças, mas a verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer com a economia mundial. No ano passado, países como Grécia e Itália afundaram em uma longa crise financeira que ainda não dá sinais de alívio.
O rebaixamento da nota que avalia a capacidade de os Estados Unidos pagarem sua dívida, feita pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, deu uma verdadeira rasteira no Ibovespa, índice brasileiro que reúne as ações mais negociadas da bolsa de valores.
O Ibovespa chegou ao final do ano com queda de 18% e desabou 8% em um único dia. Quem investe em ações e perdeu dinheiro deve esperar a melhora do mercado para recuperar a grana. Mas quem tem sangue frio e quer entrar no mercado pode aproveitar o preço baixo das ações.
Para não ter surpresas com o sobe e desce da bolsa, uma alternativa é investir em ações defensivas, verdadeiras guardiãs de sua carteira de investimentos. Esses papéis são aqueles que pagam dividendos e pertencem a setores em que o crescimento é certo.
“São ativos com um desempenho único, funcionam como um ponto no meio do caminho entre a renda fixa e a renda variável”, diz Leandro Ruschel, sócio da Leandro & Stormer, escola de investimentos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Quem adotou essa estratégia em 2011 se deu muito bem. No ano, as carteiras de ações que pagam dividendos das principais corretoras nacionais subiram de 15% a 20%, enquanto o Ibovespa caiu 18%. Quem entrou de cabeça nessa estratégia e levantou a guarda se protegeu das perdas e ganhou dinheiro.
A pouca oscilação das ações e a maior segurança de retorno tornam as defensivas uma opção quase obrigatória em qualquer carteira. Marco Aurélio Barbosa, analista da corretora Coinvalores, de São Paulo, sugere que todo investidor monte um pequeno exército para sua proteção. “Qualquer estratégia de investimentos em bolsa deve ter pelo menos 20% do dinheiro aplicado em ações defensivas”, diz Marco. Pelo mesmo motivo, são ações que caem como luva no bolso de quem dá os primeiros passos no mercado de renda variável.
À medida que ganhar mais experiência, o investidor pode tomar mais risco, conseguindo maiores ganhos no dia a dia dos negócios. Por outro lado, ainda que sirva como escudo, uma carteira de dividendos é inadequada para quem pretende usar a grana no curto prazo. “Não é uma opção para as pessoas que querem ficar menos de um ano no mercado”, diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, de São Paulo.
Energia elétrica
Empresas com receitas previsíveis têm caixas mais estáveis e pagam melhores dividendos ao investidor. Entram nesse grupo as companhias geradoras de energia elétrica, que recebem do consumidor, mensalmente, o pagamento da conta de luz; as concessionárias rodoviárias, que têm receita do pedágio; e as companhias de telecomunicações, que recebem o pagamento da conta de telefone. Assim, a receita da organização estará garantida e, consequentemente, a distribuição de dividendos também.
A dica para escolher uma ação desses setores é avaliar a necessidade de investimento da companhia. Quanto menos dinheiro for necessário para seu crescimento, maior será a capacidade de distribuir lucros. Outra forma de determinar qual papel comprar é pedir para sua corretora um dado com nome complicado, mas de muita importância: dividend yield. É um índice que mede a capacidade da empresa de distribuir lucro com relação à cotação de suas ações.
“A Eletropaulo paga os maiores dividendos do mercado”, diz Osmar Camilo, economista-chefe da corretora Socopa, em São Paulo. Se os dividendos enchem seus olhos, fique atento à periodicidade para que eles encham também seu bolso. Há organizações que pagam proventos mensais e anuais, mas a maioria distribui os lucros trimestral ou semestralmente.
As ações do setor elétrico são campeãs quando o objetivo é segurança dos investimentos e devem continuar assim nos próximos anos. “A demanda por energia cresce no mesmo ritmo do Produto Interno Bruto”, diz William Alves, analista da XP Investimentos, do Rio de Janeiro.
No entanto, Adriano Moreno, estrategista da Futurainvest, de Salvador, Bahia, destaca que é fundamental observar o negócio da empresa, já que 2012 será um ano diferente para geradoras e distribuidoras de energia elétrica. “A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) limitou o ganho sobre investimentos das transmissoras, o que terá reflexo nos valores que serão pagos aos acionistas.”
Teles, consumo e bancos
Outro setor conhecido por ter ações defensivas é o de telecomunicações. O avanço na infraestrutura e a demanda crescente por conectividade garantem boas expectativas de lucro para o preço desses papéis. A Telefônica é apontada pela maioria dos analistas como a companhia com maior potencial de crescimento. As ações de empresas ligadas ao consumo interno, como a fabricante de bebidas Ambev e a produtora de cigarros Souza Cruz, também oferecem segurança ao investidor.
“Se o cenário lá fora piorar, o governo pode intervir para estabilizar o consumo interno para favorecer o desempenho dessas empresas”, diz Ari Santos, analista da Hencorp Commcor Corretora, de São Paulo. No meio do caminho estão as ações dos bancos, porque o tamanho da crise internacional pode amarelar o desempenho desses papéis, segundo Fernando Góes, analista da Octo Investimentos, do Rio de Janeiro. Do mesmo jeito, as operadoras de cartões de crédito, como Cielo e Redecard, são vantajosas porque o risco de inadimplência é reduzido.