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Acha que as ideias criativas acabaram? Continue tentando

Estudo mostra que muitas pessoas desistem quando as ideias criativas parecem ter se esgotado, mas que a persistência traz resultados surpreeendentes

Brainstorm: estudo mostra que costumamos subestimar o poder da persistência quando se trata de decisões criativas (ThinkStock)

Brainstorm: estudo mostra que costumamos subestimar o poder da persistência quando se trata de decisões criativas (ThinkStock)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2016 às 11h43.

Eis um cenário familiar: Você está sentado à mesa tentando achar soluções criativas para um problema. Você força o cérebro por certo tempo, rabisca meia dúzia de ideias e, em seguida, tem um bloqueio mental. Você já atingiu o seu auge criativo? Ou deve forçar mais brainstorming?

Segundo a nova pesquisa da Kellogg School, persistir em uma tarefa criativa pode ser mais recompensadora do que se imagina.

Na verdade, suas melhores ideias provavelmente surgirão mais tarde no processo e, se desistir prematuramente, pode perder uma grande ideia.

"As pessoas simplesmente desistem muito fácil", diz Loran Nordgren, professor associado de gestão e organizações. "Estão roubando de si mesmas suas ideias mais interessantes ao desistir cedo demais".

A equipe de Nordgren descobriu que as pessoas muitas vezes subestimam a quantidade de ideias novas que podem gerar se perseverarem. Provavelmente é em decorrência da sensação de que a tarefa criativa é difícil, e seu sucesso incerto.

Pense dessa maneira: Depois de passar cinco minutos calculando uma longa divisão, você provavelmente tem uma boa ideia de quantos mais problemas poderia resolver se tivesse mais cinco minutos.

Mas é muito mais difícil prever sua trajetória de sucesso em uma tarefa criativa, o que torna menos claros os benefícios da perseverança.
A implicação é que as pessoas devem inicialmente ignorar a voz que lhes diz que o poço de ideias secou.

"Nas tarefas criativas, a persistência lhe dará um pouco mais do que você imagina", diz Brian Lucas, que trabalhou no estudo como doutorando na Kellogg e agora é membro do corpo docente da Booth School da Universidade de Chicago.

Não desista nunca

Tanto os relatos e as pesquisas sugerem que a persistência é a chave para o sucesso criativo. Afinal de contas, James Dyson desenvolveu 5.127 protótipos em sua busca por aspirador de pó melhor.

Um estudo mostrou que o número de obras famosas que um compositor produz durante um determinado período de tempo está relacionado ao grande volume de composições produzidas.

No entanto, não está claro se as pessoas entendem o poder da persistência no trabalho criativo. "Essa pesquisa existe no campo da ligação real entre persistência e criatividade", diz Lucas. "Mas não há quase nada que observe a percepção das pessoas em relação a esta conexão".

Para testar essas percepções, Lucas e Nordgren realizaram uma série de experimentos nos quais os participantes foram convidados a um brainstorming de ideias criativas durante dois breves intervalos.

Após o primeiro intervalo, os participantes tiveram a oportunidade de prever quantas ideias gerariam durante o segundo intervalo. Isso permitiu aos pesquisadores comparar suas previsões com o número real de ideias geradas.

Em alguns casos, a equipe também recrutou outras pessoas on-line para avaliar a originalidade das ideias geradas durante o experimento.

No primeiro experimento, 24 estudantes universitários fizeram um brainstorming sobre pratos originais a ser servido na ceia de Ação de Graças.

Os alunos subestimaram o quanto poderiam atingir se perseverassem: eles previram que poderiam chegar a mais dez ideias durante o segundo intervalo, mas na verdade geraram quinze.

Curiosamente, muitas das ideias geradas durante o primeiro intervalo eram comuns, como peru e purê de batatas. Mas as ideias tornaram-se mais criativas durante a segunda parte, recebendo notas médias mais altas quanto à originalidade.

Por exemplo, um participante sugeriu waffles em forma de peru.

Um ponto de dúvida

Essa subestimação está ligada especificamente ao trabalho criativo?

Os pesquisadores fizeram um segundo experimento no qual alguns participantes realizaram uma tarefa de alta criatividade, como o brainstorming de maneiras de usar uma caixa de papelão, enquanto outros receberam uma tarefa de baixa criatividade, como resolver problemas matemáticos simples.

Os participantes no grupo de baixa criatividade menosprezaram ligeiramente a persistência: estimaram que pudessem gerar uma média de mais sete soluções e acabaram produzindo oito.

Mas o grupo de alta criatividade subestimou ainda mais a persistência. Previram uma média de mais seis ideias e, no final, geraram dez.

O que poderia explicar esses resultados? Pelo fato de o trabalho criativo não ser linear, não está claro o quanto você está perto de uma boa solução e se esforço adicional trará mais ideias.

"Além disso, fica aquele ponto de dúvida, pois você não tem certeza exatamente do quanto está progredindo", diz Lucas.

Isto é especialmente verdadeiro quando as tarefas criativas parecem ser difíceis. Na verdade, em outro experimento, os pesquisadores descobriram que, quanto mais difícil parecia a tarefa criativa, mais as pessoas subestimavam o número de ideias que poderiam produzir se persistissem.

O impasse entre duvidar e reconhecer suas habilidades criativas

Os pesquisadores se perguntaram se as pessoas continuariam a subestimar a persistência se houvesse dinheiro em jogo.

Para testar isso, os participantes recebiam uma pequena quantia em dinheiro para cada ideia criativa gerada durante um exercício de quatro minutos.

Em seguida, tiveram uma oportunidade de "investimento". Se devolvessem um pouco do que ganharam, poderiam continuar a gerar ideias e ganhar dinheiro por mais quatro minutos.

Os pesquisadores descobriram que, no geral, o interesse financeiro dos participantes fez com que continuassem o brainstorming, embora nem todos tenham persistido. Ou seja, aqueles que duvidavam do poder da persistência o fizeram em detrimento dela.

Os pesquisadores também se questionaram em relação às pessoas que tinham experiência em enfrentar desafios criativos: os comediantes. Será que eles medem com mais precisão sua produção criativa?

Quarenta e cinco membros de um grupo de comediantes de improviso participaram de um experimento onde foram convidados a criar finais possíveis para uma cena cômica.

Uma cena, por exemplo, era descrita como: "Quatro pessoas estão rindo histericamente no palco. Duas delas dão high five (toque cinco) e todos param de rir imediatamente e alguém diz ______".

Como nos experimentos anteriores, os comediantes subestimaram o quanto a persistência compensaria em se tratando de gerar novos desfechos.

Mas eles estavam muito mais próximos de medir com precisão seu sucesso do que os outros participantes. Os comediantes estimaram uma média de cinco ideias e geraram seis.

Lucas postula que eles podem estar mais em sintonia com o funcionamento do processo criativo e, portanto, capazes de fazer estimativas mais precisas.

O valor da persistência

A mensagem que pode ser aproveitada na prática é a de que se você chegar a um ponto em uma tarefa criativa onde se sinta sem saída, ignore esse instinto, pelo menos por um tempo.

"Esse sentimento de que as ideias acabaram é impreciso e, em certo sentido, não deve ser ouvido", diz Nordgren.

Os pesquisadores não estão defendendo que as pessoas perseverem indefinidamente; os participantes do estudo trabalharam em suas tarefas apenas por curtos períodos.

Assim, ainda não está claro se os resultados se aplicam a cenários em escala de horas, dias ou semanas. E não existe uma fórmula mágica para descobrir quando você atingiu a melhor solução.

Ainda assim, os pesquisadores acham útil aplicar as pesquisas ao seu próprio trabalho. Por exemplo, se Nordgren e seus colegas têm uma reunião de meia hora e chegam apenas a ideias medíocres, eles não desistem.

"Julgue a qualidade das soluções que tem até o momento e, se elas forem inadequadas, continue em frente", diz ele. "Há boas razões para acreditar que existem soluções melhores por vir".

Texto publicado com a permissão da Northwestern University (em representação da Kellog School of Management). Publicado originalmente no Kellogg Insight.

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