Produção da Votorantim Cimentos: consultora da empresa diz que sempre soube que queria trabalhar com algo ligado à natureza (Marcelo Almeida/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2014 às 15h00.
“Na infância, fui escoteira. Adorava tudo quanto era rocha, caverna. Meu canal favorito era o National Geographic. Sempre soube que queria trabalhar com algo ligado à natureza”, conta a paranaense Regiane Velozo.
Seguindo seu sonho, formou-se em Geologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e fez um mestrado em Geotecnia na Universidade de São Paulo (USP). Logo após o último mês do pagamento da bolsa do mestrado, recebeu também o primeiro salário como funcionária da Votorantim Cimentos. Parecia ser algo escrito nas estrelas. Ou nas rochas, como pode preferir a própria Regiane.
Coincidência ou não, durante um tempo em sua carreira, antes de ingressar na multinacional brasileira, a consultora trabalhou em uma ONG ligada à conservação de cavernas. “90% das cavernas ocorrem em rocha calcária, que é justamente a matéria prima para a fabricação do cimento”, diz. Depois do terceiro setor e da universidade, resolveu entrar no setor privado. “Queria ver se havia mesmo vida fora da academia”, brinca. Atualmente, é consultora de meio ambiente da Votorantim Cimentos em questões ligadas à água, biodiversidade e recuperação de áreas degradadas.
Como o nome já entrega, a função de Regiane é, entre outras, mapear e pensar em formas de minimizar o impacto da indústria de base no ambiente. Em oito anos de empresa, ela explica que sua motivação vem da dinamicidade do trabalho que exerce. “Logo em meu primeiro mês na Votorantim Cimentos, percebi que aqui dentro não tem um dia igual ao outro. E me identifico muito com um dos lemas da empresa: o impossível não tem lugar nessa história.”
Na multinacional, ela começou como geóloga de minas, ocupação que manteve por dois anos. No início, era responsável por três minas. Depois, esse número pulou para sete. A evolução dentro do grupo logo veio. Ela passou a ser responsável de meio ambiente de fábrica e minas. Depois, foi para a regional. O passo seguinte foi o meio ambiente corporativo no Brasil. Agora, está no mesmo setor, porém com atuação global.
Rotina
O dia a dia de Regiane envolve a análise de dados obtidos com a ajuda de satélites e outras tecnologias. Ela mantém contato com funcionários em cada localidade em que a Votorantim Cimentos atua, observando imagens aéreas e catalogando zonas de risco, de modo a agir de forma rápida para conter possíveis agressões à natureza. A consultora está sempre vendo se existem unidades de conservação em um raio de cinco quilômetros das zonas analisadas.
Como a empresa faz parte da indústria de base, ainda está diretamente ligada aos sabores das flutuações do mercado. Quando o orçamento é reduzido como um todo, há corte de verbas também para o setor. “Nessas horas eu vou embora cabisbaixa para casa, mas acabo voltando no dia seguinte mais animada, pois isso acaba sendo um elemento motivador. Sempre tento achar um jeito de não deixar cair por terra um projeto que sofreu corte.”
A consultora também é representante da empresa para assuntos ligados à água, biodiversidade e recuperação de áreas degradadas em fóruns internos e externos, como o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o Cement Sustainability Initiative (CSI), que reúne as 24 maiores companhias de produção de cimento no mundo. Nos encontros, tem participação ativa nos grupos de trabalho. Ela acabou de voltar de uma reunião em Paris, na França, e em breve prepara as malas para representar a empresa em um fórum em Cartagena, na Colômbia.
Nas parcerias com outras organizações, Regiane consegue até manter ativa sua antiga paixão por cavernas. Desde 2011, a Votorantim Cimentos trabalha em parceira com a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), a fim de desenvolver projetos de cuidado das formações naturais localizadas no país. “Essas parceiras me dão orgulho. Conseguir estabelecer diálogos entre empresas e o terceiro setor pode ser bem complicado, mas os encontros nas cavernas entre os representantes da sociedade e os diretores são sempre frutíferos. O diálogo é a base de tudo”, diz.