Carreira

A rotina de um analista de "research" no J.P. Morgan

O economista Marcelo Motta conta como é a rotina de um profissional de pesquisa no J.P. Morgan e o ambiente de trabalho na sua área dentro da multinacional


	J.P. Morgan: segundo analista do banco, o trabalho para um cliente é dividido entre profissionais de research, sales e trading
 (Dylan Martinez/Reuters)

J.P. Morgan: segundo analista do banco, o trabalho para um cliente é dividido entre profissionais de research, sales e trading (Dylan Martinez/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 14h54.

Marcelo Motta, economista graduado pela Universidade de São Paulo, adora o fato de trabalhar no mercado financeiro e não precisar usar terno. Para ele, isso é um termômetro do clima descontraído da área de research do banco de investimento J.P. Morgan, o que não quer dizer que sua rotina de trabalho seja tranquila.

O dia começa cedo: “Às 7h30 já estou com o computador ligado, acompanhando as notícias para ver se aconteceu algo que possa afetar as ações com que trabalho”, explica. Desde as declarações do prefeito de São Paulo até mudanças econômicas em outras partes do mundo podem influenciar no mercado de ações. Por isso, é fundamental ler os jornais e se informar também por outras vias, para não deixar passar nada que seja do interesse dos investidores – nem fazer feio se ele comentar sobre algum acontecimento do dia.

De acordo com Marcelo, esses assuntos relevantes para os clientes do J.P. Morgan são compartilhados pelos funcionários em uma reunião matinal interna, conhecida como morning call, que acontece todos os dias às 8h. Nela, se reúnem profissionais de várias partes do mundo, por isso, a língua oficial é a inglesa.

Cada funcionário que possui uma mensagem importante para compartilhar tem até 90 segundos para isso. “Precisamos ser concisos e expor apenas o que é fundamental”, destaca. Durante a tarde, às vezes há outra reunião entre os profissionais, em que o foco é nas análises e estimativas para as empresas com que cada um trabalha.

A rotina de trabalho
Marcelo conta que, no J.P. Morgan, o trabalho relativo a um cliente é dividido entre profissionais de research, sales e trading. “Os researchers analisam o contexto do mercado e decidem quais ações são as melhores para se comprar no momento. Os sales comunicam essa mensagem aos clientes, e os traders efetivam as transações”, explica. Ele trabalha na célula de research, junto com outro analista, e responde a um chefe estrategista.

“Lidamos com mais de 20 empresas no setor de real estate. Se a partir das nossas análises concluímos que o PIB do país vai cair e que devemos vender ações, por exemplo, um dos meus trabalhos é escrever um relatório explicando esse contexto econômico e o porquê de nossas conclusões”, diz. Por isso, para trabalhar com research, acrescenta Marcelo, o profissional precisa saber entender uma base de dados, interpretar as informações e transformá-las em texto, a fim de demonstrar uma tendência embasada do mercado aos clientes.

O perfil do profissional
Segundo Marcelo, uma qualidade essencial a todo analista de research é ter o senso crítico aguçado. “A formação teórica nos ensina a pensar e nos dá uma base para buscarmos um conhecimento técnico complementar. Ter curiosidade para aprender algo novo todo dia e estudar de tudo um pouco é fundamental para o profissional”, diz.

Como o inglês não é a língua nativa da maioria das pessoas que trabalha no banco – e é fundamental para o trabalho – também é importante ser fluente na língua. “Os relatórios são escritos em inglês. Antes de serem apresentados, eles são enviados para uma revisão que checa a gramática e revisa sua consistência. Mas isso não quer dizer que você não precise ter fluência no idioma”, completa.

Devido à quantidade de horas dedicadas ao trabalho, Marcelo afirma que é difícil fazer uma especialização paralelamente ao trabalho na empresa. Mas destaca que grande parte do conhecimento é adquirido na prática, no dia a dia do trabalho. “A formação acadêmica não é restritiva para o analista. Na verdade, quanto mais heterogêneo o grupo, mais perspectivas e ideias diferentes podem surgir.”

"Este artigo foi originalmente publicado no Na Prática, portal de carreira da Fundação Estudar" 

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