Carreira

Técnico? Veja como crescer na carreira sem virar gestor

Cerca de 20% das vagas disponíveis no mercado demandam profissionais especializados. Saiba como aproveitar as oportunidades para crescer na carreira sem se tornar gestor

Adilson Manke, pesquisador sênior da Embraco: sucesso como especialista (Raphael Gunther / VOCÊ S/A)

Adilson Manke, pesquisador sênior da Embraco: sucesso como especialista (Raphael Gunther / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2014 às 15h24.

São Paulo - Entre 75% e 80% das vagas de emprego disponíveis no Brasil atualmente destinam-se a trabalhadores generalistas, ante 15% a especialistas e entre 5% e 10% a altamente especializados, de acordo com levantamento da Hays, empresa de recrutamento de São Paulo. Essa situação revela quanto é difícil progredir numa carreira técnica.

O especialista se vê muitas vezes forçado a disputar, em condições de inferioridade, vagas de chefia. “Existe a chance de um técnico se tornar gestor, mas as possibilidades de um hábil curinga chegar ao topo são maiores”, afirma Mirelle Philomeno, gerente da Hays.

Mais da metade dos funcionários contratados em vaga de especialista passa a se considerar genérica em poucos anos de trabalho, por assumir funções administrativas distantes de seus nichos de conhecimento, segundo um levantamento da empresa de recrutamento Page Group com 2.000 especialistas britânicos.

Um terço deles acredita que a mudança de funções gera frustração e tem impacto negativo na produtividade.

O senso comum sugere que sucesso na carreira significa atingir cargos de liderança, já que os salários mais altos são destinados a gerentes e diretores, posições que exigem um perfil generalista. Essa lógica de mercado sempre foi um problema para os especialistas, que preferem exercer atividades mais técnicas e, em geral, têm pouca vocação para chefiar pessoas.

Escolher ser especialista, nesse cenário, significaria aceitar a possibilidade de estagnação do crescimento de carreira. Por isso, muitos profissionais se rendem às circunstâncias e abraçam os cargos de liderança.

Matemático de formação, Jesus Lopes, de 51 anos, diretor executivo de infraestrutura para a América Latina da Accenture­, de São Paulo, trabalhou como técnico durante 12 anos, até que sentiu a necessidade de cursar administração e, posteriormente, um MBA, a fim de evoluir como líder.

“A dimensão técnica para profissionais iniciantes é ampla, mas para os muito experientes as vagas são restritas”, diz Jesus. “Tive de migrar de área para crescer como executivo, e hoje 80% de minhas atividades envolvem gestão, o que me agrada muito, embora eu não abra mão do respaldo científico.”

No Brasil, os técnicos ocupam o topo da lista de profissionais em falta no mercado. O motivo, para um terço das empresas, é a ausência de qualificações específicas para os setores que demandam especialistas no momento. Aí está a oportunidade: os técnicos que souberem direcionar suas habilidades ao mercado terão mais espaço para crescer.

A principal estratégia para ter uma carreira especializada de sucesso é entender como funciona o segmento, o mercado e a economia, e manter-se em constante atua­lização, de modo a ser requisitado e insubstituível.

Adilson Manke, de 49 anos, pesquisador sênior da Embraco, em Joinville, Santa Catarina, construiu uma carreira de 22 anos na área de inovação. Ele já registrou 12 pedidos de patente e recebeu várias promoções até chegar ao cargo atual, que seria análogo ao de um gerente sênior. A principal razão para o sucesso é o aprendizado contínuo dentro de setores estratégicos da empresa.

“Sou valorizado por meus anos de experiência e pela atualização constante dos conhecimentos, que me permitem prever os melhores caminhos a ser adotados, a fim de que a empresa se mantenha inovadora e crie soluções”, afirma Adilson. “Sempre soube que minha vocação principal não era liderar pessoas.”

As oportunidades são sazonais — é preciso estar ciente disso. ­Assim como desacelerou a corrida pela contratação de geólogos no mercado de óleo e gás, impulsionada uma década atrás pela descoberta do pré-sal, outras profissões técnicas já perderam ou ganharam prestígio com o tempo.

Em muitos casos, o número de vagas só atende a uma minoria. A EMC, multinacional de soluções em TI, por exemplo, acaba de criar no Brasil uma área de big data — tecnologia que armazena imensas quantidades de dados digitais — e pretende contratar mais de 15 doutores nos próximos meses.

Existe espaço para crescer como especialista, mas o mercado espera alguém conectado ao negócio, e não um técnico que apenas faça sua parte. De resto, é a velha disputa: lute para ser o melhor profissional, investindo em educação e na rede de contatos, e construa seu caminho.

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