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A pandemia fez empresas mudarem os benefícios – alguns para sempre

Meditação, terapia online e vale-internet? Entenda como a pandemia pode mudar os benefícios oferecidos pelas empresas

 (Tasiania/Getty Images)

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Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 7 de julho de 2020 às 07h30.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 09h48.

Quando a quarentena acabar, a Mobly terá dois mundo: metade dos funcionários poderão aderir ao home office permanente, enquanto os outros 300 funcionários continuarão com sua rotina presencial na área de logística e nas lojas físicas.

Para se adequar ao novo momento, sua sede vai mudar para a zona sul de São Paulo, em cima da Mega Store da startup de venda de móveis e itens de decoração. O novo escritório terá espaço para 100 pessoas e servirá como ponto de apoio, onde há infraestrutura e salas de reunião.

A flexibilidade no modelo de trabalho da empresa chegou até aos benefícios oferecidos as funcionários. Afinal, quem não vai ao escritório precisa de vale-refeição ou vale-transporte?

Não, quem trabalhar em casa não terá que abrir mão de benefícios, mas terá a oferta de um conjunto mais flexível deles e optar trocar o vale-refeição pelo alimentação. Os colaboradores da Mobly terão auxílio para acesso à internet, além da startup fornecer os computadores e cadeiras ergonômicas para montar a área de trabalho em casa.

Na Michael Page, consultoria de recrutamento executivo especializado, o reflexo da pandemia na área de benefícios da empresa ficou claro em conversar com clientes, com os especialistas observando um forte movimento para adaptar o que era oferecidos aos colaboradores.

João Kluppel, diretor da Michael Page, vê que as empresas brasileiras deram um passo para uma modernização nessa área, seguindo tendências que já são comuns nos Estados Unidos e na Europa.

“Aqui no Brasil, as empresas começaram a fazer o movimento de oferecer um pacote de benefícios mais flexível, com sistemas de pontos ou opções para diferentes momentos de vida e de carreira. Ainda temos limites por causa da legislação e o próprio contrato com os fornecedores que impedem a mudança total, mas a tendência para a área é essa maior flexibilidade”, explica ele.

A consultoria aponta mudanças temporárias, como a substituição do vale-transporte por auxílio de internet, luz e telefone, que podem se tornar permanentes com a implementação de uma política de home office mais definida.

O auxílio para móveis ou a própria empresa enviar equipamentos também pode se tornar um procedimento comum.

Para o diretor, o momento da pandemia também trouxe uma grande preocupação com o bem-estar dos colaboradores e em como manter a cultura da empresa.

E o cuidado com o bem-estar se tornou mais urgente com o isolamento social e a crise: um estudo da UFRJ mostrou o aumento de estresse agudo, depressão e crise aguda de ansiedade após o primeiro mês de quarentena, como mostra reportagem da EXAME sobre saúde mental.

Ao olhar com atenção para as necessidades dos indivíduos, muitos implementaram programas da desenvolvimento profissional, com cursos online e de idiomas, e para cuidados com a saúde mental, com disponibilidade de terapia online ou aulas de meditação.

Se antes a sala de descompressão com sofás ou jogos no escritório era um ponto alto e atrativo para um empregador, o cuidado com a saúde mental pode se tornar a nova moda entre os benefícios visados pelos talentos.

Empresas com a Kraft Heinz, a Buser e a Oi correram para disponibilizar sessões de terapia e criaram momentos de descompressão para seus trabalhadores remotos – e não tem planos para acabar com os programas. A ideia é mantê-los ou até ampliá-los.

Como outras tendências da área de RH, Kluppel vê que a implementação de programas para o bem-estar do colaborador foi acelerada pela pandemia. E pode transformar a cultura das empresas. “A qualidade de vida do executivo já foi morar perto do trabalho, com todas as novidades do mundo remoto, isso muda. Hoje estamos falando de benefícios sendo adaptados, mas acredito que teremos outros surgindo para as demandas da próxima fase que vamos entrar”, diz.

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