Gol: o que os gramáticos dizem sobre o plural do termo mais visado do futebol? (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2015 às 14h06.
Um dos maiores desafios de um goleiro é espantar o plural de “gol” (termo proveniente do inglês goal). Apenas espantar, já que o gol, ao defensor da meta, é seu abrigo, sua escora, seu esteio, seu amparo.
Renan Brito Soares, camisa-um defensor dos esmeraldinos versos de Paulo Sérgio Valle, vigia cada trave do “nosso clube é a nossa glória, nossa garra, nossa gente, nossa história”, em mais um Campeonato Brasileiro. É um cirúrgico na arte que exige luva, preparo e intuição.
Representante maior daquela barricada contra habilidosos atacantes, fez-me pensar sobre a sofreguidão em relação à palavra pluralizada “gols” (mesmo que dicionários registrem-na por obrigação e veículos de imprensa assim oficialmente usem). Em tempo, explico.
O grande gramático Celso Pedro Luft foi categórico com “gol”, com esse “o” fechado: “Não existe no sistema da língua a oposição /ôl/:/ôis/.”
Assim sendo, em nome da lógica do nosso sistema ortográfico, defendem-se as formas “golo” e “golos” (observada, por exemplo, em Portugal). No entanto, devo também admitir que Língua é uso; são questões sociais e não apenas normativas; aqui, oficialmente, usa-se a forma “gols”.
Como em minha vida optei por ser mais tradicional, vejo-me como um goleiro a defender-me do tal plural que me aborrece.
Quero ser como o capitão-goleiro Renan, quero evitar - ao meu time e aos meus textos – os pífios “gols”. Quero ver “gol” blindado, no solo do Serra Dourada ou do Mário Filho.
Com os raros adjetivos humildade e liderança, Renan é hoje, a mim, aos esmeraldinos e aos admiradores de uma arte que veio da Inglaterra, um regente na barricada contra craques esfomeados pelo aportuguesado “gols”.
Obrigado, Renan!
Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Instagram!