Carreira

Rio Preto combina oportunidades e qualidade de vida

Campeã de geração de empregos entre as cidades brasileiras com até 550 000 habitantes, São José do Rio Preto mostra que é possível conciliar crescimento e qualidade de vida

Vista da cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo (Paulo Magri/SMCS/Portal Pprefeitura Municipal de São José do Rio Preto/Divulgação)

Vista da cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo (Paulo Magri/SMCS/Portal Pprefeitura Municipal de São José do Rio Preto/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 19h49.

São Paulo - São José do Rio Preto, ou simplesmente Rio Preto, como seus moradores se referem à cidade de pouco mais de 434.000 habitantes no Noroeste Paulista, é o município brasileiro que teve maior saldo de empregos nos quatro primeiros meses do ano. O número de profissionais contratados superou o de demitidos por 8.349 vagas, o maior entre todas as cidades médias brasileiras.

Grande parte dessas contratações aconteceu no comércio por causa da abertura recente de dois shopping centers na cidade, um de perfil popular — o Cidade Norte, inaugurado no fim de 2012 — e uma unidade do Iguatemi aberta em abril, empresa paulistana que tem centros de compras nas áreas mais valorizadas do país.

Com um investimento de 293 milhões de reais, o shopping recém-inaugurado foi responsável pela geração de 3.500 empregos — e continua contratando. A Multiplan, que gerencia o MorumbiShopping, também estaria à procura de espaço na cidade para uma construção própria.

“O grande desafio da próxima década, em nossa cidade, é capacitar as pessoas”, diz Adriana Neves, presidente da Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto. A entidade abriu, no mês passado, cursos básicos para vendedores e gerentes do comércio e da área de serviços.

“Os alunos da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) têm 100% de empregabilidade. Agora nos reunimos com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e com outras universidades para discutir a necessidade da criação de cursos para suprir as demandas do mercado de trabalho da cidade”, diz Adriana.

A Fatec forma profissionais de nível superior principalmente na área de TI para o setor de serviços. A Unesp tem cursos em diversas áreas do conhecimento. 

Uma solução encontrada por Anderson Silva, diretor de desenvolvimento organizacional da Rodobens, grupo empresarial que opera nos setores de varejo, financeiro e imobiliário, para encontrar mão de obra qualificada é o programa de trainee, com inscrições abertas até o dia 20 de julho e salário de 5.000 reais — bem acima da média regional, de 1.714 reais.

“Nosso programa tem cerca de 1.000 candidatos por vaga, muitos deles são de fora do estado, o que mostra que a cidade está atraindo jovens que buscam, além de carreira, qualidade de vida”, diz Anderson. Outros 400 profissionais de todas as áreas deverão ser contratados até o fim do ano.

Nos próximos meses, a cidade deverá ganhar um Parque Tecnológico (ParTec), que já está em fase de implantação em uma área de 1 milhão de metros quadrados, onde antes ficava um instituto penal agrícola. O ParTec terá 250 lotes destinados a entidades de ensino e pesquisa, como a Fatec e a Unesp.

Os demais serão dedicados a uma incubadora tecnológica, a um laboratório de certificação de qualidade e a um centro de convenções. No local, também será instalado o Polo Joalheiro, o segundo em funcionamento no mundo, com 50 empresas.

O segmento de joias é responsável por 4.000 empregos na região e deverá aumentar as contratações em 37% nos próximos anos até 2019, com boas oportunidades para ourives e designers.

O ParTec também vai receber empresas de tecnologia biomédica. Uma das que já confirmaram a transferência de suas instalações para o local é a Braile Biomédica, que exporta produtos como válvulas cardíacas, marca-passos e equipamentos de circulação extracorpórea para 20 países.

No fim do ano passado, a Braile recebeu o prêmio Finep de empresa mais inovadora de médio porte do país. Hoje, a Braile emprega 400 funcionários, mulheres em sua maioria, “porque elas são mais delicadas, e a maioria de nossos produtos é feita de maneira artesanal”, diz Patrícia Braile, presidente da empresa.

Enfermeiros, biomédicos, bioquímicos e engenheiros biológicos constituem o quadro de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Com planos de triplicar o faturamento nos próximos anos e abrir um escritório fora do Brasil, a expectativa é aumentar o número de empregados.

Perfusionistas — que operam equipamentos de circulação extracorpórea —, consultores técnicos e vendedores com conhecimentos na área da saúde estão entre os profissionais mais procurados.

Polo de saúde

O setor de serviços em saúde é um dos que mais movimentam a cidade. Com uma média de 5,5 médicos por 1.000 habitantes — mais do que o dobro da média estadual, de 2,6, e quase o triplo da nacional, de 2 —, a cidade é procurada por pacientes de todo o Brasil por ser um centro de excelência no tratamento de HIV e câncer, transplantes de órgãos e tecidos (especialmente rim, fígado e córneas) e cirurgias cardíacas e plásticas.

O maior dos nove hospitais da cidade, o Hospital de Base (HB), atende uma população de 2 milhões de pessoas de 108 municípios. “Aqui, falamos com todos os sotaques. Os 411 residentes que trabalham no HB também vêm de todos os lugares do país”, afirma Horácio Ramalho, diretor executivo da Funfarme, que controla o HB, a Faculdade de Medicina de Rio Preto e outras instituições.

Há também residência para enfermeiros, nutricionistas e farmacêuticos. Com quase 5.000 funcionários, o complexo médico-hospitalar contrata 400 pessoas por ano, e não apenas na área da saúde. “Temos um sistema informatizado entre todas as nossas unidades e precisamos dele 24 horas, todos os dias. A impressão que tenho é que faltam profissionais de TI na cidade”, diz Horácio.

O fenômeno que explica o crescimento de São José do Rio Preto é o mesmo que provocou o desenvolvimento de outros municípios do interior paulista em anos anteriores. Atraídas por menores custos de operação, boa infraestrutura logística, oferta de mão de obra qualificada e proximidade com importantes centros de ensino e pesquisa, muitas empresas têm se transferido para o interior.

“Como as capitais estão muito caras e cheias há muito tempo, o desenvolvimento está sendo empurrado cada vez mais para o interior. Hoje, até a região do ABCD e a de Campinas já estão bastante saturadas, então as empresas começam a buscar novas fronteiras”, diz Paulo Vicente Alves, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral, escola de negócios de Minas Gerais.

“Outra questão é que o Noroeste Paulista fica no meio do caminho entre o Centro-Oeste brasileiro, região de grande produção rural, e as grandes capitais e os portos, por onde a produção é escoada.” Rio Preto está no limite entre o interior do Brasil e a capital do estado, São Paulo, e o porto de Santos.

O aspecto geográfico, aliado aos custos de operação, instalação, produção e oferta de mão de obra, tem atraído empresas para a região. Com mais empregadores, há mais oportunidades de trabalho.

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