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A nova regra que obriga as empresas a cuidar de quem cuida de todo mundo

A nova NR1 reconhece que profissionais de RH também enfrentam esgotamento e precisam de suporte.

 (AdobeStock/Reprodução)

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Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 3 de junho de 2025 às 15h55.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 18h34.

O RH sempre foi conhecido como o setor que cuida de todo mundo. Mas quem cuida do RH? A pergunta, que já ecoava pelos corredores das empresas, ganhou uma nova camada com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1). Agora, a lei também protege quem está do outro lado da mesa, zelando pelos demais.

Para Silvana Pires, Head de Pessoas e Cultura do Instituto Clima e Sociedade, quando o RH não cuida de si, perde sua capacidade de atuar estrategicamente. “Em vez de impulsionar o crescimento das pessoas, começa a alimentar um sentimento coletivo de esgotamento”, alerta.

Vanessa Togniolli, CHRO da Numen, reforça que essa perda de foco estratégico também está ligada a uma “romantização invisível” em torno dos profissionais de RH. “Olham pra gente como se fôssemos seres de luz, super-heróis”, diz. “Mas não somos. Somos gente. E, como qualquer pessoa, também precisamos de apoio.”

Para ela, essa negligência com a saúde mental do time de pessoas muitas vezes nasce dentro da própria liderança da área.

A primeira tarefa: reconhecer que você é humano

"“Não existe cuidado sem autocuidado. Se eu não tô bem, não consigo cuidar do outro”"Vanessa Togniolli, CHRO da Numen

É por isso que Vanessa defende que o cuidado com quem cuida comece pelas coisas mais básicas — e frequentemente esquecidas — da rotina corporativa.

“Às vezes a empresa oferece terapia, apoio psicológico, benefícios. Mas ninguém usa. É preciso lembrar as pessoas de que elas podem — e devem — usar. E isso vale também pra quem está no RH.”

Silvana completa: não há receita pronta. “O que existe são estratégias adaptativas. Entender o seu momento, sua fase de vida, seu ciclo de carreira. E, muitas vezes, ter a coragem de dizer: ‘não sei’. Ou simplesmente: ‘não vou’. A gente precisa normalizar isso.”

A advogada Claudia Securato destaca um ponto central: conhecer os próprios limites não é fraqueza — é sobrevivência. “Qual é a sua válvula de escape? O que te coloca de volta no eixo? Estar com a família, correr, cozinhar? Porque viver só pro trabalho é caminho certo pro burnout.”

Romantizar a exaustão não é cultura

A ideia de que estar sobrecarregado é sinônimo de produtividade ainda engana muita gente. “Tem quem ache bonito dizer que não tem tempo pra nada, que trabalha o dia inteiro sem parar. Isso não é motivo de orgulho, é motivo de alerta”, avisa Silvana.

Ela dá um exemplo simples: reservar 15 ou 20 minutos entre uma reunião e outra para levantar da cadeira, tomar um café, esticar as pernas.

“Quem tá em home office então... se não fizer isso, passa horas sentado. Eu mesma já senti meu músculo da perna adormecer. E isso não é coisa de quem tem 20 anos de carreira, não. É pra qualquer pessoa que tá começando agora.”

Cuidar de quem cuida é estratégia

Se antes o RH cuidava de todo mundo e esquecia de si, isso não se sustenta mais — emocionalmente, legalmente, nem financeiramente. A atualização da NR1 virou uma chave: o que era cultura, agora também é obrigação. E, se a empresa não cuida das pessoas, as pessoas não vão conseguir cuidar da empresa.

No fim, a mensagem é simples — e poderosa: quem cuida também precisa ser cuidado. E isso, para as especialistas, começa dentro - de cada um, de cada time, de cada organização.

No RH Summit, especialistas alertam: sem cuidar do RH, não há cultura que se sustente

Este texto surgiu a partir de uma das palestra do RH Summit 2025. Reunindo centenas de especialistas e milhares de participantes, o evento promove discussões profundas sobre os desafios reais do setor, com temas como saúde mental, liderança, cultura organizacional, inovação, dados e muito mais.

Organizado para gerar impacto prático, o RH Summit é uma plataforma de troca, aprendizado e construção coletiva — e reforça um ponto essencial: o futuro do trabalho depende de quem cuida dele hoje.

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