Juliana Teles, co-fundadora do Impact Hub Manaus (Fonte: LinkedIn | Reprodução)
Redatora
Publicado em 30 de maio de 2025 às 19h50.
Última atualização em 30 de maio de 2025 às 20h11.
Juliana Teles é cofundadora e co-empreendedora do Impact Hub Manaus, ao lado de seu sócio, Marcus Bessa.
Juntos, completam uma década à frente de um dos principais polos de inovação social e empreendedorismo de impacto da região Norte.
Mas a história começa bem antes disso — e longe de fórmulas tradicionais de negócios.
“Por formação, sou jornalista. O Marcus é educador físico e professor de português”, ela trouxe.
“Nenhum de nós vinha da área de gestão, mas ambos tínhamos algo em comum: a vontade de fazer acontecer onde nascemos", Juliana complementa.
O caminho do impacto começou com um reencontro. Juliana e Marcus se conheceram na AIESEC, em 2009.
Anos depois, cada um seguiu para experiências diferentes — ela em São Paulo, ele na Índia — até que ambos voltaram para Manaus.
A decisão de ficar veio junto com o desejo de trabalhar com impacto, mas como profissão, não apenas como voluntariado.
“A gente queria ganhar dinheiro fazendo o que acreditava, e na época não havia muitas opções por aqui.
Foi aí que o empreendedorismo apareceu como uma resposta.”
Foi também nesse momento que o casal de sócios lembrou da rede global do Impact Hub — e percebeu que aquele modelo respondia exatamente ao que buscavam: espaço, comunidade e conteúdo voltados para impacto.
Em 2014, quando o Impact Hub Manaus foi criado, o conceito de espaços de inovação e empreendedorismo colaborativo ainda era novidade na cidade. Hoje, o Hub é o maior da região com esse propósito.
O espaço se tornou um ponto de encontro de quem quer inovar com propósito, aprender novas metodologias ou simplesmente se conectar com outras pessoas que acreditam em construir um futuro melhor.
“Sempre ouvimos que em Manaus não tinha. E a gente pensava: será mesmo que não tem? Ou será que estamos desconectados do que já existe? E se realmente não tem, por que não fazer acontecer?”
A crença na potência da conexão se transformou no segundo pilar do Hub: comunidade.
O objetivo era criar um ambiente onde pessoas, ideias e soluções pudessem se encontrar e se fortalecer.
E com o tempo, veio o terceiro pilar: conteúdo.
Hoje, o Impact Hub Manaus desenvolve programas próprios com foco em desenvolvimento de negócios e desenvolvimento territorial.
E realiza ações robustas, como o FIINSA – Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia, em parceria com o Idesam, o maior evento da região sobre o tema.
Com o apoio do BID, o Impact Hub Manaus passou a atuar também em outras três cidades da região: Tefé (AM), Ji-Paraná (RO) e Rio Branco (AC).
O objetivo é fomentar ecossistemas de impacto em lugares onde o acesso a recursos e a capital ainda é escasso, mesmo quando o restante do Brasil olha mais para Amazonas e Pará.
A conexão com a prática surgiu quando Juliana voltou a Manaus para terminar a monografia. Foi nesse retorno que ela entrou para a primeira turma da Fundação Estudar na cidade — e reencontrou o senso de propósito que havia experimentado na AIESEC.
“Na vida pós-AIESEC, eu me sentia sem direção. Mas nesse encontro da Fundação Estudar, me deparei com outros jovens que também queriam ficar e fazer acontecer em Manaus. Aquilo foi transformador.”
Durante esse processo, Juliana passou por imersões, se tornou facilitadora e levou metodologias para outras cidades do Brasil.
Em um dos cadernos desses encontros, ela escreveu um sonho: ver o Impact Hub cheio, com eventos acontecendo simultaneamente, gente se conectando em happy hours, trocando ideias e aprendendo.
Hoje, além de liderar a organização ao lado de Marcus, Juliana cuida de áreas estratégicas como gestão de pessoas, projetos, captação de recursos, relacionamento e novos negócios.
Mais do que administrar um espaço, ela ajuda a construir pontes entre o que existe e o que ainda pode florescer na Amazônia.
“Somos facilitadores de algo maior. A nossa missão é ativar, conectar e fortalecer quem quer gerar impacto positivo a partir daqui.”
Juliana conta que um dos momentos mais marcantes da sua trajetória foi a participação no programa Na Prática.
A vivência a ajudou a enxergar novas possibilidades de atuação com impacto na própria cidade e também a se conectar com outros jovens que compartilhavam do mesmo desejo.
Hoje, Juliana compartilha um conselho com quem está começando: “Não espere ter tudo pronto para agir. Comece com o que você tem, com quem está por perto. Ficar também é uma escolha estratégica”.
Para ela, criar raízes não significa estagnação, mas sim um caminho potente de transformação a partir do território.