Carreira

8 motivos para fazer (ou não) uma pós-graduação no exterior

Dinheiro é uma questão inevitável quando o assunto é estudar fora do Brasil - ainda mais na crise. Mas há outras reflexões estratégicas que vão além dos custos


	Mapa: decisão de estudar fora deve ser balizada por estratégia de carreira, diz especialista
 (Thinkstock)

Mapa: decisão de estudar fora deve ser balizada por estratégia de carreira, diz especialista (Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 6 de janeiro de 2016 às 14h00.

São Paulo - Dólar em alta, oportunidades em baixa: a crise econômica tem estragado os planos de muita gente que sonha com uma pós-graduação no exterior.

Ainda assim, a decisão continua valendo a pena - desde que seja desencadeada por uma reflexão madura, afirma Francis Nakada, consultor de carreira da Produtive.

Não é o caso de quem busca um curso estrangeiro por acreditar que o diploma trará imediatamente um benefício sobre sua remuneração ou escalada profissional.

A principal vantagem em estudar fora do Brasil está em conhecer novas culturas, modelos mentais e métodos de trabalho - e os retornos desse investimento vêm a médio ou até longo prazo.

Outro erro está em tomar uma decisão balizada exclusivamente por critérios financeiros, afirma Nakada. Não tem dinheiro para estudar fora? Corra atrás de alternativas como bolsas de estudo ou mesmo subsídios proporcionados pelo seu próprio empregador.

De acordo com a coach Thirza Reis, os custos são uma preocupação obrigatória, mas o movimento deve ser guiado prioritariamente pela sua estratégia de carreira. “O mais importante é avaliar se esse passo condiz com os planos que você tem para si próprio”, explica ela.

Está em dúvida se deve ou não fazer as malas? Veja a seguir motivos contrários e favoráveis à decisão que vão além do dinheiro:

A favor

1. O seu empregador atual (ou desejado) é uma multinacional
Trabalha ou sonha em trabalhar para uma companhia estrangeira? Segundo Thirza, toda empresa do exterior tende a contratar e valorizar profissionais familiarizados com sua língua, cultura e modelos gerenciais. Estudar no país de origem dela - e assim adquirir todos esses recursos - é um acerto em cheio. 
 

2. Os melhores programas de pós-graduação na sua área estão fora do Brasil
 De acordo com Nakada, profissionais de áreas como tecnologia, marketing e gestão têm um grande diferencial competitivo no mercado se estudarem em certas universidades americanas que se tornaram referência mundial para essas disciplinas. Embora haja excelentes programas de pós-graduação oferecidos por universidades brasileiras, algumas instituições estrangeiras de renome permitem “beber direto da fonte” em alguns casos.
 

3. Você pretende seguir carreira internacional
Thirza afirma que executivos com planos de trabalhar fora do Brasil por tempo indeterminado não têm outra escolha a não ser fazer uma pós no exterior em algum momento. “Se esse for o caso, invista numa boa instituição e procure fazer um networking de qualidade lá dentro, que pode ser muito importante para a sua inserção no mercado do país”, orienta.
 

4. Você está mirando um alto cargo executivo
Aspirantes a cargos de diretoria, ou C-level, ganham muitos pontos se tiverem uma pós-graduação internacional. “Não é um requisito obrigatório, mas é algo muito valorizado para quem pretende ingressar nessa camada hierárquica”, diz Nakada. A razão, segundo ele, está no fato de que esse tipo de experiência amplia a visão de mundo e fortalece a “musculatura” para liderar e tomar decisões.

Contra

1. O momento é de mudanças na sua empresa
Se o seu empregador está passando por um momento de transformações - como uma reestruturação ou fusão, por exemplo - é melhor adiar um pouco os planos de estudar fora. Isso porque, segundo Thirza, ausentar-se num momento crítico pode depor contra a sua reputação. “O que você comunica é que, justamente quando era mais necessário estar presente, você fugiu para cuidar da própria vida”, explica a coach. Também não é recomendável se afastar num momento estratégico para a sua carreira, quando há uma promoção em vista, por exemplo.


2. Você está feliz no seu emprego atual
Quem decide fazer uma pós-graduação fora do país não precisa necessariamente pedir demissão. Porém, diz Nakada, é provável que você se afaste do seu empregador e do seu networking no Brasil. Por isso, se você está começando a estabelecer um círculo de contatos e está feliz com a sua situação atual, talvez este não seja o melhor momento para se distanciar. “Só tome cuidado para não confundir felicidade com permanência na sua zona de conforto”, afirma o consultor.
 

3. A pós não acrescentará nada de novo à sua formação
Não vale a pena investir numa viagem se a única motivação por trás dela é poder dizer aos outros que você teve uma experiência internacional. “Se você já tem um título parecido ou se o programa não fizer sentido para a sua estratégia de carreira, é melhor ficar no Brasil”, diz Thirza. “Fazer o curso só para ter um diploma estrangeiro no currículo não compensa”.
 

4. Você não tem ideia do que fará quando voltar ao Brasil
Não tem nenhum plano sobre o que fazer após a obtenção do título? Melhor se preparar mais antes de fazer as malas. Segundo Nakada. muitos executivos acreditam que o diploma aumentará muito a sua empregabilidade, o que é uma expectativa ingênua. Na prática, diz ele, nada será garantido na sua volta ao Brasil - o que torna indispensável um bom projeto para a hora de confrontar o mercado de trabalho novamente.

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