Carreira

70% dos brasileiros querem continuar em home office, diz pesquisa da USP

Evitar o trânsito e o risco à saúde durante a pandemia influenciam a satisfação com o modelo remoto

 (MuchMania/Getty Images)

(MuchMania/Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 7 de julho de 2020 às 12h10.

Depois da correria para adaptar a rotina do escritório para o trabalho em casa, com envio de computadores, teclados e cadeiras, os profissionais brasileiros tiveram cerca de 4 meses para testar --- e aprovar --- o novo modelo.

Segundo pesquisa na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, 70% dos brasileiros gostariam de continuar trabalhando em casa. Apenas 19% afirmaram que não gostariam de permanecer no home office e 11% disseram ser indiferentes.

Em entrevista para a Rádio USP, o professor Wilson Amorim, um dos coordenadores do relatório, demonstrou surpresa com os resultados: por causa das circunstâncias, ele esperava que as pessoas tivessem um posicionamente mais crítico ao home office, e isso não aconteceu.

No estudo, cerca de 1.300 pessoas foram entrevistadas, com uma predominância de profissionais com alta qualificação e renda elevada.

Diferente do professor da FEA, o professor de gestão de Stanford Robert E. Siegel acredita que a preferência pelo modelo mais flexível é natural. Em entrevista para a matéria "Trabalho de qualquer lugar", ele compara lutar contra essa mudança com discordar da gravidade.

"Você não gosta? Bem, a gravidade não se importa, ela só é", comenta ele sobre a tendência de que as pessoas adquiram gosto pela comodidade da flexibilidade do home office. Em pesquisa da Cognizant, 80% dos profissionais afirmaram que recusariam uma oferta de emprego que não oferecer a possibilidade de executar suas tarefas fora do escritório.

Para Siegel, apenas a economia do tempo de deslocamento ao escritório e o ganho de qualidade de vida já seriam influências fortes para a preferência pelo trabalho remoto. O primeiro motivo é mencionado também pelo professor da USP.

Segundo Amorim, a insegurança em relação à própria saúde e o crescente desemprego ajudam a aumentar a satisfação de quem pode ficar em casa.

Para quem quer permanecer em casa, a boa notícia é que o modelo também é positivo para as empresas. Além da redução de custos, como o aluguel e energia, o home office apresenta um aumento de até 13% na produtividade, segundo a Cognizant.

Em pesquisa da Betania Tanure Associados, 85% das empresas consultadas revelaram que pretendem manter a política de home office para os empregados em algum grau. Empresas como o Facebook, Twitter, XP, Qualicorp e Zee.Dog já anunciaram que tornarão a ida ao escritório opcional a partir de agora.

Acompanhe tudo sobre:Ambiente de trabalhoHome officeUSP

Mais de Carreira

O chefe de produto da Uber já usa inteligência artificial no seu trabalho; veja como

Essa ferramenta de IA de uma organização sem fins lucrativos está dando respostas que salvam vidas

‘Acredito que novos empregos surgirão’ diz CEO do Google DeepMind os novos empregos da IA

5 profissões para quem gosta de livros