São Paulo — Sedentarismo, excesso de tarefas, sobrecarga de informações, trânsito pesado, medo de perder o emprego por causa da crise. Nos últimos tempos, a rotina do profissional brasileiro, sobretudo em grandes cidades, virou sinônimo de estresse.
A constatação desse fato, porém, não pode virar resignação. É possível e necessário agir o quanto antes para combater o problema e evitar que ele se transforme em algo muito mais grave: a estafa.
O primeiro passo consiste em compreender que o estresse não é resultado de fatores externos, mas sim da sua forma de reagir aos problemas. E a melhor maneira de encarar sofrimentos e pressões é cultivar o autocuidado no dia a dia.
Quer ajuda para começar? Confira a seguir 7 métodos comprovados pela ciência para combater o estresse e ter mais qualidade de vida:
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1. Divida o seu tempo de smartphone em “sessões”
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1/7 (Foto/Thinkstock)
Largar o celular por mais do que cinco minutos está virando desafio em tempos de conectividade sem limites. Mas se afastar um pouco do aparelho é necessário para garantir o seu bem-estar mental e até físico.
Um estudo da Universidade de Worcester encontrou um vínculo direto entre o estresse e o hábito de checar compulsivamente alertas, atualizações e mensagens de texto no smartphone. O estudo percebeu que, quando não havia nenhuma notificação, as pessoas mais estressadas chegavam a sentir “vibrações fantasmas” nos seus aparelhos.
Se você está se sentindo esgotado com o trabalho, vale o exercício de desligar o celular depois de uma certa hora da noite e, aos poucos, reduzir o tempo que você perde com o smartphone. Outra dica é estabelecer “sessões” ou janelas de tempo bem delimitadas para verificar notificações, no lugar de voltar sua atenção para o aparelho a cada vez que a tela brilhar.
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2. Movimente-se
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2/7 (kieferpix/Thinkstock)
Se você está esgotado com o trabalho, pode até parecer contraintuitivo fazer algo que exige gasto de energia. Mas o esforço pode ser repousante. Estudos comprovam que a atividade física estimula a produção de neurotransmissores como a endorfina, ligados à sensação de bem-estar, e reduzem outros hormônios, como adrenalina, associados ao estresse.
Pesquisadores da Universidade de Nova York descobriram que atividades físicas como ioga e natação reduzem consideravelmente sintomas como ansiedade, tensão e fadiga. No caso da prática corporal oriunda da Índia, a combinação de exercícios musculares com técnicas de respiração ajuda até a aumentar a concentração e o otimismo, afirmam pesquisadores indianos.
Um artigo da Escola de Medicina de Harvard diz que o segredo para relaxar a mente é relaxar o corpo. Quando há bem-estar mental, o físico se tranquiliza, e vice-e-versa: um corpo em paz envia sinais de controle e segurança para o cérebro, que ficará ainda mais calmo.
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3. Escute música
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3/7 (Warren Goldswain/Thinkstock)
O filósofo Friedrich Nietzsche dizia que, sem música, a vida seria um erro. Segundo Carla Tieppo, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a arte relaxa o cérebro e mexe com as emoções. Se você fizer escolhas estratégicas, pode usar esse poder para sentir o que quiser — inclusive o alívio das tensões do dia.
A primeira medida é escolher um repertório adequado ao seu gosto e estilo. Se quiser uma sugestão, um estudo aponta “Weightless”, da banda britânica Marcoli Union, como a canção mais tranquilizadora do mundo. Os responsáveis pela pesquisa descobriram que a música (ouça aqui) batia até Wolfgang Amadeus Mozart no quesito relaxamento.
Não faltam indícios de que a música tem grande poder calmante para o cérebro. Pesquisadores da Suíça, Alemanha e Estados Unidos descobriram, por exemplo, que nosso sistema nervoso tem mais facilidade para se recuperar de uma situação estressante quando ouvimos música antes de vivê-la.
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4. Dedique 15 minutos à fantasia
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4/7 (BartekSzewczyk/Thinkstock)
Acha inadequado “sonhar acordado” durante o expediente? Scott Kaufman, pesquisador da Universidade da Pensilvânia discorda: segundo ele, é importante quebrar a execução de uma tarefa em blocos e inserir pausas entre eles dedicadas à mais pura imaginação ou rememoração de momentos felizes do passado.
“Ao usar um período de 15 minutos para a distração ou fantasia, a sua atenção vai se ampliar e a sua mente será capaz de criar conexões mais criativas entre as ideias. Isso não acontece quando você fica exageradamente concentrado em um problema", explica ele ao jornal “The Washington Post”.
Estimulados apenas na infância, o ócio e a brincadeira fazem falta na vida adulta. Além de afiar a criatividade, “sonhar acordado” impede que a tensão e a seriedade impeçam você de ver algumas soluções surpreendentemente simples para os desafios do dia a dia.
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5. Pinte ou desenhe
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5/7 (Emi Yanez/Creative Commons/Flickr)
O fenômeno dos livros de colorir "anti-estresse" prova que brincar com cores e papel pode ser extremamente relaxante. Pesquisadores da Brooklyn College concluíram que o desenho pode ser uma distração terapêutica, desde que absorva totalmente o foco e a reflexão do indivíduo. Isto é, você precisa se preocupar em representar cada detalhe do seu tema.
Também é fundamental que o retratista se dedique a um objeto neutro, sem conteúdo emocional forte. Os participantes do experimento conduzido pelos estudiosos da Brooklyn College, por exemplo, desenharam seus próprios sapatos.
O desenho e a pintura promovem uma chance de trégua para os estressados porque tiram o foco do que os aflige. A preocupação em caprichar num trabalho visual, não-linguístico, ajudará a não pensar no trabalho — ou qualquer outro motivo de tensão ou ansiedade.
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6. Respire fundo e faça exercícios com os dedões dos pés
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6/7 (Dmytro Kosmenko/Thinkstock)
Quando estamos ansiosos, nossa respiração naturalmente se torna mais ofegante. Esforçar-se para fazer o oposto, isto é, inspirar e expirar lentamente, ajuda a aumentar a quantidade de oxigênio no cérebro. Isso age sobre o sistema nervoso de forma a diminuir a frequência cardíaca e relaxar alguns músculos.
Além de respirar fundo, outra técnica anti-estresse é tensionar e relaxar vários grupos de músculos, a começar pelos dedões dos pés. A dica da clínica norte-americana Mayo é segurar a tensão por cinco segundos, para então soltá-la devagar.
Depois dos dedões, repita o mesmo procedimento com braços, pernas e ombros, até sentir o corpo inteiro descansado. Conhecido como “relaxamento muscular progressivo”, esse método pode até ajudar no tratamento da depressão, afirmam pesquisadores alemães.
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7. Experimente a meditação
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7/7 (Foto/Getty Images)
Uma infinidade de estudos evidenciam os benefícios físicos e mentais experimentados por praticantes da meditação, inclusive para o combate ao estresse e à ansiedade. Pesquisadores italianos, por exemplo, observaram que os efeitos da meditação são mais poderosos do que de outras técnicas de relaxamento, como o treinamento autógeno.
Mas como fazer isso? Segundo o site Business Insider, não vale meramente tentar “acalmar a sua mente”: em vez disso, aprecie a sua própria respiração assim como um enólogo saboreia uma taça de vinho. Quando começar a se dispersar, tente reconduzir sua atenção para a própria respiração.
Enquanto durar a prática, busque relaxar os ombros e braços. Escolha se prefere deixar os olhos fechados ou abertos; qualquer que seja a sua decisão, não a mude até terminar. Não há um tempo determinado para a meditação, mas cinco ou dez minutos por dia já é um ótimo começo, dizem os especialistas.