Mentira: “de todos os problemas, este é o mais complicado”, diz Adriano Araújo (Roberto Negreiros/VOCÊ S/A)
Camila Pati
Publicado em 7 de maio de 2014 às 17h19.
São Paulo – Não é preciso ser um headhunter com pinta de “carrasco” para concordar que algumas atitudes são inaceitáveis durante processos seletivos.]
Basta uma conversa com um recrutador para começar a colecionar histórias de comportamentos bizarros em entrevistas de emprego. Mas calma: não é qualquer deslize que pode colocá-lo no hall da (má) fama dos profissionais que disputam oportunidades profissionais.
Para ser descartado, de vez, é preciso cometer um erro grave, segundo os especialistas. Confira quais os equívocos mais comuns e infalíveis na missão de acabar com suas chances durante a entrevista:
1 Demonstrar ser algo que não é
Um pouco de marketing pessoal é necessário para encantar o recrutador com suas experiências e trajetórias, certo? Mas tem candidato que exagera e se coloca quase como um “semideus”.
E é nesse momento que o profissional pode colocar tudo a perder, segundo Adriano Araújo, diretor executivo de RH do Grupo Empreza.
Há vários exemplos de situações reais: é a participação em projetos que se transforma em experiência de liderança de equipe; times que são inflados propositalmente com o intuito de aumentar a relevância das responsabilidades de gestão e por aí vai.
Isso sem contar o rosário de qualidades e habilidades que, em alguns casos, ficam só no discurso (vazio).
2 Mentir sobre cargos e tempo de empresa
“De todos os problemas, este é o mais complicado”, diz Araújo. É que quando descoberta, uma mentira no currículo ou na entrevista rende, com certeza, a eliminação do processo. Natasha Patel, gerente da Hays, diz já ter visto candidatos falsearem cargos, aumentando o seu nível hierárquico, por exemplo.
“Também acontece de alterar a data de entrada ou saída em empresas para não mostrar que ficou determinado tempo disponível no mercado”, diz Natasha.
Formação acadêmica incompleta que se “transforma” em bacharelado também é outro ponto que pode custar a participação do candidato no processo seletivo, segundo a especialista.
Mentir no nível de idioma também é grave, mas os especialistas dizem que, quando não é de má fé, o profissional pode até continuar no processo.
3 Omitir problemas de conduta
O motivo nada honroso de saída de uma empresa pode até ser omitido na entrevista. Mas, quando chegar o momento de buscar referências, a verdade pode vir à tona e o candidato, certamente, será eliminado.“Seria impossível contratar um diretor de compras com histórico de desonestidade”, exemplifica Araújo.
4 Fazer “leilão” salarial
Usar um processo seletivo para barganhar um aumento na empresa atual é o que Araújo chama de leilão salarial. “O profissional participa de todas as fases da seleção e na etapa final desiste da vaga porque conseguiu o aumento salarial, que era o que ele buscava desde o começo", diz Araújo. "Esse candidato não será mais convidado para as seleções”.
5 Revelar informações confidenciais
Quebra de sigilo é inaceitável, segundo os dois especialistas. “Isso gera exposição e risco para o futuro empregador”, afirma o especialista do Grupo Empreza.
De acordo com Natasha, esta atitude é ainda mais danosa quando se trata de empresas de capital aberto. “A gente questiona até que ponto esta pessoa é confiável”, diz a gerente da Hays.
6 Mostrar falta de interesse e excesso de arrogância
Não prestar atenção ao que o recrutador está falando, adotar uma postura arrogante, manter os olhos grudados no relógio ou levá-los para "passear" pela janela e objetos da sala de entrevistas. Tudo isso conta pontos negativos para o desempenho de um profissional na entrevista.
“Há candidatos que agem como se estivessem fazendo um favor ao consultor por estar ali, demonstrando falta de paciência em responder perguntas”, conta Araújo.
O aparente desinteresse será levado em conta pelo recrutador e o candidato será preterido, segundo a gerente da Hays. “Também vou demonstrar menos interesse em prosseguir com o candidato no processo”, diz.