Continuar em condições de voltar ao mercado de trabalho é a regra de ouro, de acordo com especialista em recrutamento
Camila Pati
Publicado em 23 de agosto de 2012 às 12h02.
São Paulo - Toda trajetória profissional tem altos e baixos. Encontrar alguém que nunca tenha passado por alguns solavancos na carreira é raro.
Mas quando o período de busca por trabalho começa a se alongar, a angústia e a desmotivação podem ser incômodas companheiras.
Como manter a cabeça erguida para enfrentar os meses de procura por uma oportunidade? Quais são as maneiras de aumentar as chances de conquistar uma nova posição no mercado?
EXAME.com pediu dicas a dois especialistas em recrutamento para tentar responder a essas duas questões. O resultado está dividido em cinco etapas a serem seguidas:
1 Entenda o momento
Compreender o ciclo do processo pelo qual está passando é a dica de Carlos Eduardo Altona, sócio da Exec e especialista em recrutamento de alta e média gerência. “O momento é de leve desaquecimento do mercado”, explica.
De acordo com ele, quem está desempregado pode demorar, em média, de 3 a 6 meses para conseguir uma recolocação. “Portanto, nada tem de grave estar há 2 meses procurando emprego. É o momento de ter tranquilidade”, diz. Ter consciência do atual momento econômico do Brasil pode diminuir a angústia.
A dica é pensar no longo prazo, diz Altona. “ Em um universo de uma carreira de 50 anos, o que são 6 meses sem trabalho?”
2 Corrija a rota
É hora de fazer uma autoavaliação. “É importante refletir a respeito do próprio perfil”, diz Altona. Identificar competências, preferências e descobrir eventuais deficiências são caminhos a trilhar.
Serviços de assessment - avaliações especializadas - podem proporcionar esse diagnóstico com mais eficiência, diz Altona. “Isso vai ajudá-lo a descobrir que tipo de correção deve ser feita”, explica o especialista.
Ao ser avaliado, o profissional pode descobrir, por exemplo, que a falta de fluência em inglês foi determinante para a demissão. “Se for isso, ele pode aproveitar para se aperfeiçoar no idioma”, diz Altona.
Em outro contexto, o resultado da avaliação também poderia apontar gaps de liderança. “Ele pode corrigir isso contratando um coach, por exemplo”, diz o sócio da Exec.
3 Mantenha a empregabilidade
Minervino Neto, diretor da Dale Carnegie em Brasília, diz que a regra de ouro é continuar em condições de voltar ao mercado de trabalho. É o que ele chama de manter a empregabilidade. “Isso passa tanto pela capacitação técnica quanto comportamental”, diz.
Desenvolver habilidade de comunicação é um exemplo de capacitação comportamental. Saber causar uma boa impressão, saber se posicionar em uma conversa, mesmo que informal, e chamar a atenção são outros aspectos comportamentais que devem ser desenvolvidos.
Neto recomenda a participação em eventos, feiras e reuniões para treinar essas competências. “Nessas horas que esseas habilidade será exigida, dificilmente você vai conseguir entregar o currículo para alguém em um evento”, diz.Para os mais retraídos, a boa notícia é que há programas de aperfeiçoamento nesta área.
O tempo livre também pode ser usado para melhorar a qualificação técnica. Pós-graduação, especialização ou MBA contam para o currículo. “A falta de conhecimento diminui as chances de começar a trabalhar”, diz o diretor da Dale Carnegie em Brasília.
4 Atualize-se e conecte-se
Revisar o currículo, se cadastrar e fazer uso de redes sociais como o LinkedIn são atitudes indispensáveis. Altona indica também sites de headhunters e recrutamento como possíveis ferramentas. “Basicamente, ele precisa fazer muitos contatos”, diz Altona.
Fazer uma lista das empresas em que gostaria de trabalhar ajuda a estabelecer um foco para a carreira, na opinião do especialista da Exec.
5 Organize a rotina
Ganhar 8 horas livre em um dia pode fazer com que a pessoa se perca no meio do caminho. “É comum não saber por onde começar”, diz Neto. Organizar a rotina traz mais disciplina para o dia a dia e aumenta as chances de sucesso, dizem os especialistas.
Reserve as primeiras horas da manhã e o fim do dia para o uso de redes sociais e cadastro de currículos, diz Altona. “A pessoa deve aproveitar esses horários mais tranquilos para mensagens na tentativa de provocar encontros”, diz.
Dessa forma, o resto do dia fica disponível para eventuais entrevistas, almoços, reuniões e participação em eventos da área de atuação pretendida.
Minervino Neto recomenda a construção de uma agenda de contatos. “É interessante tentar encontrar pessoas novas todos os dias, se possível”, diz. Para isso, é preciso ser proativo. “As oportunidades não vão aparecer se você ficar esperando”, diz Neto.