São Paulo - Para grande parte dos jovens, os primeiros passos na trajetória de carreira podem ser hesitantes. “Será que entrei na trilha certa”, perguntam-se muitos universitários ainda incertos sobre o caminho a percorrer.
Mas muito deste dilema tão presente no começo da carreira é causado por algumas ideias erradas que as pessoas têm em relação a sua vocação de carreira. EXAME.com consultou Maurício Sampaio, especialista em orientação profissional para saber quais os principais mitos que rondam este tema e que só adiam ou atrapalham a tomada de decisões:
Mito 1 Vocação é um chamado e é preciso esperar por ele
Derivada do verbo “vocare” (chamar) do latim, a palavra vocação significa, etimologicamente, um chamado. O problema é que muitas pessoas levam esta origem ao pé-da-letra na hora de escolher uma profissão, segundo Maurício Sampaio.
“Ficam esperando a chegada desse chamado. Mas, vocação não é um chamado, é algo que se desenvolve, que se trabalha, até descobrir”, diz o especialista.
Ou seja, não é que um belo dia, sem aviso, você vai escutar uma voz o chamando para determinada profissão. Não há evento mágico neste processo, diz o especialista, só é possível descobrir a vocação investindo em autoconhecimento.
“É preciso prestar atenção em talentos, habilidades, valores pessoais, missão e propósito de vida. Parece piegas falar dessas coisas. Mas é incrível como as pessoas não se conhecem e não pensam nisso”, diz Sampaio.
Mito 2 Vocação se descobre “na marra”
Muitas pessoas partem logo para prática, querem descobrir sua vocação “na marra” e , para isso, navegam por cursos e empresas ao sabor do vento. Resultado: mudam de cursos universitários, de estágios, e futuramente de emprego, como quem troca de roupa. E o pior: nunca estão satisfeitas.
“Muita gente aposta nesta tática do tentar e errar. Vai fazendo qualquer coisa, achando que uma hora vai achar a verdadeira vocação. Para eles, o que importa é não ficar parado”, diz Sampaio.
Só que esta estratégia é cara. “Custa tempo e dinheiro. Imagina pagar nove meses de uma mensalidade de 2,5 mil reais em uma faculdade, mudar de curso, fazer mais uns meses, e mudar de novo”, diz Sampaio.
Mais uma vez: escolhas acertadas são aquelas que levam em conta talentos, habilidades, valores, propósito e missão de vida. Pensar nisso é o primeiro passo. Não pule esta etapa.
Mito 3 Só há uma profissão certa para cada um
Há mais de uma opção de carreira ou profissão certa, garante Sampaio. “Pesquisas mostram que um jovem hoje da Geração Y vai percorrer 14 ocupações diferentes até o fim da carreira”, diz Sampaio.
De acordo com ele, o que deve ser avaliado na hora decidir o rumo profissional são as atmosferas de trabalho mais adequadas a cada um.
Existe quem prefira lidar com uma atmosfera mais lógica, de profissões na área de matemática, estatística, economia. Há quem, por outro lado, prefira uma atmosfera de trabalho ligada à comunicação, aí são carreiras na publicidade, jornalismo, marketing, recursos humanos.
“A vocação de uma pessoa é para uma atmosfera de trabalho, não para apenas uma profissão”, afirma Sampaio.
Mito 4 É melhor continuar só estudando até a vocação aparecer
“Vejo muita gente que não sabe o que vai fazer e que, por isso, vai emendando um curso em outro, fazendo três, até quatro pós-graduações, sem nunca ter trabalhado”, diz Sampaio.
Segundo ele, são frequentes os casos de jovens que adiam a hora de pensar sobre sua vocação profissional e, para isso, usam o estudo como principal justificativa.
Os cursos ajudam nas decisões sobre rumos de carreira, mas experiências profissionais não devem ser preteridas. Lembre-se: a fase de estágio também traz importantes subsídios para quem está em busca de sua vocação.
Mito 5 Há pessoas que não têm vocação para nada
Nada disso. De acordo com Maurício Sampaio, qualquer pessoa tem um talento, qualquer pessoa tem uma vocação. “Não existe quem não sirva para nada”, garante o especialista. É questão de ser honesto consigo mesmo, de se autoavaliar para descobrir.
Não sabe por onde começar a investigar sua vocação? Sampaio dá a dica: “a pessoa deve se perguntar em que atividades ela simplesmente não vê a hora passar.” É um começo, não é? Só não vale responder: dormir.
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1. Hora da virada
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1/5 (Alessandro Shinoda)
São Paulo – É comum que em algum momento da trajetória o profissional se pergunte se não é a hora de dar uma guinada de
carreira. Mudar de área, empreender, dar novos rumos à atuação. Mesmo que de maneira diferente, cada uma das pessoas que você verá a seguir passou por este questionamento. O que todas têm em comum é fato de ter apostado na mudança e seguido em frente. Confira a história e os relatos de 12 pessoas de
sucesso que deram grandes guinadas profissionais:
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2. 1. André Esteves, presidente do BTG Pactual
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2/5 (Julio Bittencourt)
A guinada do hoje CEO do
BTG Pactual foi rápida. Aconteceu no início da sua carreira no banco Pactual, local do seu primeiro emprego. Ainda estudante de matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro, André Esteves foi admitido como analista de sistemas do banco, em 1989. O interesse e a aplicação do jovem analista logo fizeram com que ele fosse transferido da sala de sistemas para a mesa de operações do banco, por sua própria iniciativa. A ideia era criar um sistema de informática para ela. Era a oportunidade de ver de perto como era o dia a dia dos operadores. Estudando depois do expediente ele completou a formação que faltava para se dar bem como operador. E foi o que conseguiu, demonstrando mais competência do que seus colegas da mesa de operações, a ponto de, em 1993, tornar-se sócio do banco. Chegou a chairman e presidente do UBS Pactual e foi responsável pela plataforma de Renda Fixa Global do UBS em 2007. Esteves deixou o UBS Pactual para fundar a BTG em 2008. Também já foi diretor da Febraban e membro do conselho da BM&F.
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3. 5. Rodrigo Anderson Matos, presidente da holding Avendor
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3/5 (Divulgação)
A vida profissional do presidente da holding Avendor é feita de grandes guinadas. A lista de atividades desempenhadas por ele vai de catador de algodão a promotor de gôndola em supermercado, passando por colhedor e vendedor de mamona. Ele também foi militar durante 6 anos, e essa foi sua chance de sair do interior e ir morar na capital do Paraná. “Alistei-me e vim para Curitiba. Eu podia ser militar até hoje, mas saí do Exército para ser estagiário em uma empresa de importação quando passei no vestibular e ganhei uma bolsa”, conta. De estagiário ele passou a analista, gerente e diretor geral. Era o sinal para mais uma mudança. “Nessa empresa tive oportunidade de explorar e ter contato com empresas maiores, viajava para negociar contratos. E em três anos aquilo começou a ficar pequeno para mim”, conta. Quando a proposta de sociedade feita à proprietária da empresa fracassou, Matos decidiu investir na carreira de empresário. Montou uma empresa de logística (vendida em 2008), e com sócios criou a MBM Brasil (de design e decoração), a Sun Asia Trade e a prestadora de serviços NDI International. Sócio nas três e gerenciando modelos de negócios completamente diferentes, Matos, conta que se sentia um pouco perdido no aspecto profissional. “Eu estava em um emaranhado de negócios, uma empresa agia no mercado interno, outra no externo, e a terceira era de prestação de serviços. Ficou impossível”, conta. O resultado foi outra guinada: criou uma holding, efetivada em 2011. De dez sócios, ficaram quatro, contando com Rodrigo. “Hoje trabalho com mais qualidade”. A reformulação deu certo e o tempo provou isso. “Em 2009, as empresas faturavam 2 milhões de reais, em 2012 o faturamento foi de 100 milhões de reais”, conta Matos.
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4. 8. Claudio Oliveira, diretor comercial da Eucatex
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4/5 (Divulgação)
Após 23 anos de carreira técnica em engenharia, a guinada de Claudio Oliveira o levou para a área de gestão de negócios. Hoje ele é diretor comercial da Eucatex, atividade que exerce há 12 anos na empresa. “Sou engenheiro mecânico por formação, trabalhei na área de engenharia de produto, de processo e migrei para área de produção”, conta Oliveira, sobre sua experiência em engenharia. Com um curso de administração industrial feito na Fundação Vanzolini, percorreu, segundo ele mesmo conta, todas as áreas de engenharia industrial. Depois de concluir um MBA na USP e com uma temporada internacional na Vanderbilt University, em 1998, mudou de emprego. “Entrei como gerente industrial na Eucatex e tive a oportunidade de gerir um pequeno negócio na época, era uma venda técnica de coberturas metálicas, o que exigia um approach bem técnico”, lembra. Gostou e nesse momento a mudança de área começou a se desenhar na sua vida. “Dava-me mais prazer do que a gerência industrial e tive a oportunidade de participar de dois grandes contratos da Eucatex com a Ford”, conta. O talento do engenheiro para a área comercial chamou a atenção da diretoria executiva da Eucatex. “Isso fez com que eu fosse para área comercial, gerenciar um canal de vendas com as construtoras e, a partir daí, migrei para outros canais, como o varejo, que hoje é a principal operação da Eucatex”, conta. A migração foi a escolha certa, diz. “Encontrei-me nisso, um dia é sempre diferente do outro”, diz. Mas, qualquer mudança, afirma, deve estar vinculada a uma sólida preparação. “Desde que o profissional sinta prazer nisso”, destaca.
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5. Agora, veja como 15 CEOs começaram sua vida profissional
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5/5 (Alexandre Battibugli/EXAME.com)