Carreira

5 hábitos que podem tornar você mais resiliente no trabalho

Pessoas resilientes são aquelas que conseguem se recuperar rapidamente de um baque emocional e retomar suas atividades. Mas como desenvolver essa capacidade?


	Sorriso: resiliência é totalmente diferente de apatia
 (Flickr/Creative Commons/J E Theriot)

Sorriso: resiliência é totalmente diferente de apatia (Flickr/Creative Commons/J E Theriot)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 17 de maio de 2016 às 12h06.

São Paulo - Imagine uma bola de tênis. Quando você a deixa cair no chão, ela bate e retorna às suas mãos. Ela é dura o suficiente para não amassar no choque contra o solo, mas maleável o bastante para quicar e voltar para cima.

Na avaliação do psicólogo inglês Conor Neill, professor na IESE Business School, a metáfora explica com precisão uma competência especialmente importante em tempos de crise no Brasil: a resiliência.

Emprestado da Física, o conceito descreve a capacidade de reunir recursos e cavar oportunidades para se recuperar de um baque emocional — seja uma semana de resultados ruins na empresa, seja a notícia da sua demissão.

Segundo Neill, pessoas resilientes se diferenciam por três atitudes principais: elas encaram a realidade de frente, são gratas pelo que têm e são habilidosas em encontrar soluções.

O professor cita o caso de Viktor Frankl, psiquiatra judeu que relata sua sobrevivência aos horrores do Holocausto no célebre livro “Em busca de sentido”, lançado em 1946.

Quando está convicto do “porquê” das coisas, dizia o escritor austríaco, o ser humano pode resistir até ao nível mais extremo de sofrimento. “Se você esquece o porquê, tudo fica muito difícil”, completa Neill.

A capacidade de se manter otimista é justamente o que diferencia a resiliência da mera apatia, diz Eva Hirsch Pontes, coach executiva e professora convidada da Fundação Dom Cabral.

“Não se trata de desligar as suas emoções, criar um escudo”, explica. “O profissional resiliente sente a emoção negativa, mas consegue voltar ao seu eixo rapidamente para fazer o que precisa ser feito”.

Felizmente, esse não é um "talento" com o qual alguns nascem, e outros não. Podemos nos tornar mais resistentes e maleáveis, como as bolinhas de tênis, por meio de treino constante e da incorporação de certos hábitos à nossa rotina.

Veja a seguir 5 atitudes que podem facilitar o desenvolvimento da competência, que já foi considerada uma das mais críticas para o executivo da primeira metade do século 21:

1. Valorize o contato com outras pessoas
Por mais que você se esforce, é impossível separar a sua identidade profissional da pessoal. O bem-estar emocional de um indivíduo no trabalho depende diretamente do estado dos seus relacionamentos familiares, amorosos e sociais.

Por isso, diz o professor Neill, é fundamental aprofundar laços afetivos para se fortalecer emocionalmente e aumentar a sua resiliência. “Troque ideias com um estranho, recupere o contato com um velho amigo ou familiar”, recomenda. A ideia é buscar conexões humanas significativas todos os dias.

2. Tenha sempre um plano B
De acordo com Pontes, grande parte da ansiedade diante das situações profissionais vem do fato de que não sabemos o que pode acontecer a seguir. Munido de um olhar estratégico e preventivo sobre os problemas, você pode ter mais facilidade para enfrentá-los.

O que você faria se perdesse o emprego amanhã? Visualizar possíveis soluções para eventuais imprevistos é uma boa ideia, desde que não beire a paranoia. “O bom de ter sempre um plano B é recuperar a sensação de ter algum controle”, afirma a coach. "Ainda que a solução seja desagradável, ela é melhor do que a perspectiva de mergulhar em algo desconhecido".

3. Peça ajuda (e ajude os outros)
Neill recomenda que, todo dia, você solicite um pequeno auxílio a um colega de trabalho — mesmo que não precise realmente de ajuda. “Fazer isso alimenta uma convicção profunda de que os outros estarão ao seu lado quando você precisar”, explica o professor.

Também é importante retribuir, completa Pontes. A sensação de ser útil para os outros traz muita gratificação para o cérebro, em termos neuroquímicos, além de ampliar a sua visão sobre a diversidade dos problemas do mundo. Quando você reconhece que o outro também tem carências e necessidades, afirma a coach, fica mais fácil lidar com as suas próprias lacunas.

4. Divirta-se
Pessoas resilientes são leves como bolinhas de tênis: em síntese, elas costumam não se levar a sério demais. A capacidade de rir de si mesmo é o grande segredo para superar os problemas com mais facilidade, diz Neill.

Pelo mesmo motivo, é fundamental preservar algum tempo da sua rotina para os seus hobbies. Dedicar-se regularmente a algo que não tem nada a ver com a sua profissão garante prazer, distração e um salto de autoestima. “Escolha qualquer assunto, da história grega ao kung fu, e se torne excelente nesse tema”, recomenda o professor da IESE Business School.

5. Seja grato
Independentemente da sua religião (ou falta dela), é interessante reservar alguns momentos do dia para um exercício de introspecção. “Lembre-se do seus sonhos, pense naquilo que inspira você”, orienta Neill. “Reserve um tempo para viver o seu mundo interior”.

A resiliência depende diretamente da capacidade de enxergar o lado bom do mundo, uma visão ligada à prática da gratidão. “Reconheça a imensa sorte de ser capaz de sentir o cheiro do mar, de ver um quadro bonito, de conviver com pessoas queridas”, diz Pontes. Quando você se torna grato pelos aspectos positivos da sua vida, nenhuma situação do trabalho —  por pior que pareça —  pode ser realmente uma catástrofe.

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