Pôr do sol na baía de Queenstown, na Nova Zelândia: aprenda a falar inglês como um nativo do país (Study Queenstown/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 3 de maio de 2018 às 06h00.
Última atualização em 3 de maio de 2018 às 06h00.
Queenstown - O inglês da Nova Zelândia é mais próximo daquele falado na Austrália, nos Estados Unidos ou na Inglaterra? Nenhum deles.
Com o tempo, o idioma neozelandês se distanciou de suas raízes inglesas e incorporou não apenas influências dos seus indígenas, os maori, mas também dos imigrantes que recebe com cada vez mais frequência.
Se você pretende viajar para a Nova Zelândia e se enturmar com os nativos (também conhecidos como kiwis), é importante conhecer algumas características de pronúncia, ortografia e vocabulário.
Tricia Lund-Jackson, diretora da escola de inglês ABC College, elenca traços do inglês escrito e falado na Nova Zelândia. A instituição está há 24 anos na cidade de Queenstown e é certificada como Categoria 1 pelo governo da Nova Zelândia e pelo órgão English New Zealand.
Confira, a seguir, cinco dicas para falar inglês na Nova Zelândia como um nativo (e as principais dificuldades dos brasileiros):
A gramática da Nova Zelândia foi importada da Inglaterra - uma herança da colonização. Por isso, a ortografia neozelandesa se aproxima muito mais da inglesa do que da americana.
As palavras “centro”, “litro” e “teatro” são escritas da maneira inglesa, como centre, litre e theatre. No inglês americano, elas seriam escritas como center, liter e theater. Da mesma maneira, “comportamento” e “cor” são escritos como behaviour e colour, e não behavior e color.
Palavras com os sufixos “-ce/-se” são escritas do jeito inglês, como defence (“defesa”), no lugar do americano defense. Por fim, palavras com o sufixo “-ise/-ize” preferem a escrita inglesa, como organise (“organizar”), enquanto os americanos escreveriam organize.
Há exceções à tendência inglesa, claro. Moradores da Ilha Sul da Nova Zelândia pronunciam marcadamente o “r” em palavras como car (“carro”) ou burr (“fazer barulho”), uma herança mais escocesa do que inglesa.
Apesar das convergências com inglês da Inglaterra, a idioma da Nova Zelândia recebeu tanto influências de sua população indígena, conhecida como os maoris, quanto das mais recentes ondas de imigração.
Segundo o veículo The Guardian, cerca de mil palavras maori são usadas regularmente por quem não fala regularmente o dialeto na Nova Zelândia. O exemplo mais comum é kia ora (“olá”).
Algumas expressões não-indígenas também fazem parte do vocabulário informal neozelandês, como good as gold (“tudo certo”); lollies (“doces”); jandals (“havaianas”); kiwi (o nome dado aos nativos da Nova Zelândia); no probs ou no worries (“sem problemas”, “não se preocupe”); e sweet as (pode significar desde “ok” até “incrível”).
A principal diferença entre o inglês neozelandês e o de seu "pai" britânico está na pronúncia das vogais “a”, “e” e “i”.
No primeiro caso, os neozelandeses estendem em vogal “a” de uma maneira muito peculiar. Isso pode ser visto em palavras como again, por exemplo, que possuem uma pronúncia parecida com “ageein”. Da mesma forma, a cidade Auckland é falada de forma a parecer “Oackland”.
Outra característica comum na pronunciação neozelandesa: experimente falar as palavras bed (“cama”), friend (“amigo”), never (“nunca”), pet (“animal de estimação”) e ten (“dez”) trocando todos os “e” por “i”, por exemplo. A pronúncia da Nova Zelândia se aproxima de "bid", "frind", "nivir", "pit" e "tin".
Outra característica comum do inglês neozelandês é subir a entonação no final de cada sentença. Assim, até mesmo afirmações parecem se tornar perguntas.
Um bom vídeo para escutar na prática as cinco dicas e aprender algumas características culturais da Nova Zelândia é a série Lifeswap, que mostra o contato entre um neozelandês e um alemão:
Estevam José Domingues Zanfirov, de 29 anos de idade, começou neste mês um curso de inglês de 12 semanas integrais na ABC College. Porém, ele já está trabalhando em Queenstown há dois anos e meio, na área de construção.
A empresa na qual estava empregado no Brasil entrou em falência. Zanfirov, então, seguiu o conselho do cunhado, que já morava na Nova Zelândia, e foi trabalhar com revestimento de pisos. “Meu problema é que trabalho apenas com brasileiros por aqui, então meu inglês continua bem básico. Sempre vi filmes com o inglês americano e demorei algumas semanas para entender o que as pessoas estavam dizendo para mim.”
Zanfirov resolveu fazer um curso de inglês com suas férias acumuladas, para conseguir mais oportunidades de carreira na construção.
Para o estudante, uma das maiores dificuldades é a confusão entre as pronúncias das vogais “e” e “i”. A palavra bread, por exemplo, teria um som próximo a “brid” (veja a dica 4). Ele já aprendeu algumas gírias neozelandesas, como “sweet as” (veja a dica 2).
Zanfirov acabou de renovar seu visto e ficará no país até janeiro de 2021 - se possível, ainda mais. “As pessoas respeitam umas às outras e há segurança, além de o pessoal realmente se dispôr a puxar conversa com você para melhorar seu inglês. O custo de vida é alto, mas vale a pena.”
Patrícia Crispi, estudante de 32 anos de idade, afirma que sua principal dificuldade é na hora de falar o idioma. “Às vezes eu falo com a pronúncia americana, mas na neozelandesa ela não seria a exata. Os ‘e’ têm som de ‘i’ também”, conta (veja novamente a dica 4). Uma expressão que a brasileira diz ser muito usada é “no worries” (veja novamente a dica dois).
Ela se mudou para Queenstown com o marido e a filha para passar um semestre aprendendo inglês, fazendo fotografias em esquema freelance e tendo aulas no ensino fundamental, respectivamente. A família retorna ao Brasil em julho.