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4 situações de carreira em que fazer MBA é uma cilada

Um diploma de MBA pode trazer conhecimentos preciosos e abrir portas — mas não é para todo mundo. Veja situações em que o curso não é recomendado

Pessoas entediadas em sala de aula (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock)

Pessoas entediadas em sala de aula (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 15 de agosto de 2017 às 15h00.

Última atualização em 15 de agosto de 2017 às 15h00.

São Paulo — Cursos de MBA são quase como casamentos: exigem tempo, comprometimento e muita disposição para valerem a pena. Para não falar em uma bela quantia de dinheiro — já que a maioria das escolas sérias não costuma cobrar pouco pelas aulas — e dois anos inteiros da sua vida.

Na prática, porém, muita gente decide abraçar o compromisso só para ter uma linha bonita no currículo. A superficialidade da decisão cobrará seu preço mais cedo ou mais tarde: envolvido numa decisão sem timing nem pertinência, o profissional só vai perder dinheiro.

Ironicamente, um dos erros mais comuns dos executivos é justamente acreditar que o MBA trará um incremento salarial — o que, ao contrário do que reza a lenda, não acontece necessariamente.

“É bom conversar com colegas e confirmar se realmente os executivos com MBA recebem remuneração maior na empresa em que você trabalha ou pretende ingressar”, recomenda Adriana Gattermayr, consultora e coach da Gattermayr Consulting.

O ideal é que a motivação principal não seja material e nem imediata. O curso deve ser encarado como um investimento de longo prazo para ampliar os seus conhecimentos, fazer networking e ganhar maturidade profissional. Se não, é melhor mudar de planos.

Veja a seguir 4 situações em que fazer MBA não é uma boa ideia, segundo especialistas consultados por EXAME.com:

1. Você acabou de se formar

De acordo com Rafael Souto, presidente da consultoria Produtive, pessoas que acabaram de concluir a faculdade ainda não têm experiência suficiente para aproveitar plenamente um curso de MBA. “Como são muito baseadas em cases, as aulas vão abordar situações em que o jovem recém-formado ainda não viveu”, explica. Além de não se identificar com o conteúdo, ele também não vai poder contribuir muito com as discussões, o que enfraquece o potencial de networking.

O ideal para quem tem menos de três anos de formado, segundo Souto, é fazer um curso de especialização ou uma extensão para confirmar o seu interesse por uma determinada área. A decisão pelo MBA faz mais sentido para quem já é gestor ou está prestes a assumir um cargo de chefia.

2. Você não tem um plano

Está insatisfeito com o seu trabalho atual e não sabe qual direção deve dar para a sua carreira? Procurar um MBA na tentativa de sanar as suas dúvidas dificilmente dará certo. É uma escolha que custa muito dinheiro e que provavelmente não será eficiente como recurso decisório, diz Adriana Gattermayr, consultora e coach da Gattermayr Consulting.

“Se você está perdido, é melhor buscar um coach ou algum outro tipo de aconselhamento profissional, ou então se aproximar da nova área por meio de um curso mais introdutório, como uma especialização”, recomenda ela.

O MBA nunca vale a pena se estiver dissociado de um plano estratégico de carreira. Para Rafael Souto, é inútil se inscrever num curso desse tipo se você não tiver refletido sobre como vai aplicá-lo. Seja para reforçar a sua área-foco de conhecimento, seja para ter uma visão global de um negócio, ou seja ainda para conhecer um novo universo profissional, o MBA sempre precisa se encaixar de algum modo no futuro que você deseja para si.

3. Você está desempregado

Segundo Gattermayr, embora o profissional que está fora do mercado tenha mais tempo para se dedicar aos estudos, a situação não é ideal para fazer MBA. “É melhor fazer isso quando você está empregado, com algum dinheiro guardado e com a empresa disponível para pagar uma parte”, afirma.

Claro que isso varia caso a caso. Se você está sem emprego mas tem uma reserva robusta, que admite gastos para aumentar as chances de ser contratado, talvez o MBA não seja uma má ideia. “Só não é a hora de fazer isso quando sua reserva está acabando e você vai precisar dela no fim do mês para pagar as contas”, explica a consultora. “Aí é melhor investir em cursos rápidos e que caibam no seu bolso, para mostrar ao mercado que você se mantém atualizado”.

Em nome da economia de recursos, só não vale cair no "canto da sereia" de escolas que vendem cursos de MBA de péssima qualidade por um preço mais baixo. “Se a instituição tem má reputação, você não aprenderá nada de relevante e ainda vai incorporar um nome inconveniente ao seu currículo”, alerta Souto. É importante pesquisar quais são as instituições mais respeitadas na sua área. Se você não tem como pagar uma escola boa agora, talvez seja melhor adiar os seus planos.

4. O conteúdo do curso parece chato

Bons cursos de MBAs exigem muitas leituras, provas e trabalhos em grupo — ou seja, uma grande dose de tempo e disponibilidade mental. Não se anima com o assunto da maioria das aulas? É melhor nem começar. Se você olha para o programa do curso e sente vontade de bocejar, talvez seja o momento de repensar inclusive se está na profissão certa.

“É importante investir em qualificação, mas não quando você não está plenamente seguro da sua vocação”, recomenda Gattermayr. Em vez de comprometer seu tempo e dinheiro com o curso, é melhor fazer uma autoanálise profunda para descobrir se você não deveria investir numa outra área. Pode parecer desconfortável em um primeiro momento, mas as chances de encontrar a felicidade a longo prazo serão bem maiores.

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