São Paulo – Ser conhecido como o melhor da classe tem suas vantagens. Aliás, o termo "nerd" virou moda e tem se tornado um estilo de vida que vai além de usar óculos e sweater. Mas será que ter fama de inteligente basta para para trilhar um caminho de sucesso no mercado de trabalho?
A professora Tania Casado, coordenadora do Procar (Programa de Vida e Carreira da FEAUSP), ajuda alunos de alto rendimento da instituição a traçar planos e metas para suas vidas profissionais. Mais de uma vez ela já foi procurada por grandes empresas para indicar os estudantes que tinham as maiores notas da faculdade.
“Não importa qual a formação da pessoa. O trabalho a gente ensina”, diziam os recrutadores. Eles procuravam pessoas de capacidade intelectual elevada nas áreas de economia, administração, contabilidade ou ciências atuariais, acreditando que as tarefas do dia-a-dia seriam facilmente aprendidas por esses "gênios".
Acontece que, mesmo gerando mais oportunidades, ter um boletim excelente não basta para conseguir um emprego e, muito menos, para mantê-lo. Para Eduardo Ferraz, consultor em gestão de pessoas, é comum ver candidatos com um alto QI que não conseguem manter uma conversa, nem citar exemplos de convivência durante o processo seletivo de uma empresa .
“O QI você percebe no currículo, a parte emocional, na entrevista”, diz o consultor. Esse segundo tipo de inteligência tem a ver com autoconhecimento e interação com os colegas de trabalho. Quem desenvolve essas habilidades consegue perceber em que erra, quando é hora de ficar quieto e qual o melhor momento e forma de dizer o que é necessário. Agir dessa maneira cria mais chances de evoluir na carreira.
No entanto, a boa notícia para quem tem dificuldades nessa área vem agora: "o QI não muda depois da vida adulta, mas os hábitos de convivência podem ser aperfeiçodos", afirma Ferraz. Veja algumas dicas para ficar atento:
Reputação
Ter um bom network é essencial para garantir oportunidades, mas para receber indicações interessantes, é preciso ser conhecido por suas habilidades.
Para Tania Casado, ser um aluno bem avaliado desde a graduação gera respeito por parte dos colegas de classe, que são os primeiros contatos profissionais que desenvolvemos.
Ferraz ressalta, entretanto, que não basta ser lembrado como o mais esperto da sala. É preciso que as pessoas não se recordem desse aluno como alguém arrogante ou antissocial. Logo, vale prestar atenção no convívio com os colegas durante o curso.
Reciprocidade
Para não passar despercebido, é indicado que se busque os amigos de faculdade para prestar ajuda. Assim, os colegas podem agir de forma recíproca, retribuindo favores.
A professora da FEA diz que ninguém se mantém em uma rede se não auxiliar os demais quando esses estão em apuros.
Viva no presente
O fato de ter sido um excelente estudante no passado, não o faz um profissional capacitado hoje. “Vivemos em uma era em que o conhecimento expira rápido”, diz Tania.
Manter-se atualizado é essencial para progredir e o cenário atual mostra que a capacidade de se adaptar é importante para se fazer necessário no ambiente de trabalho.
Menos títulos e mais qualidade
Na busca por um currículo que impressione os recrutadores, muitas pessoas correm atrás de mais cursos universitários e acumulam diplomas de três, ou mais, faculdades. Outros investem na pós-graduação, partindo para mestrados e doutorados. Nas duas situações, o risco é a falta de planejamento.
Para Ferraz, uma pessoa com muitas formações pode parecer alguém perdido profissionalmente. Em geral, quem se encaixa nesse quadro, não sabe explicar muito bem o porquê de tantos títulos, dizendo apenas que “gosta de estudar”.
O ideal é investir na qualidade e não na quantidade de cursos, mantendo uma linha lógica entre a atuação no mercado e a formação. Dessa forma evita-se ainda que haja discrepância entre a vida acadêmica e a experiência na área.
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1. Inteligências que todo gestor deveria valorizar
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São Paulo – É inegável que a capacidade racional de solução de problemas é um ponto importante da avaliação, feita por
gestores, de um profissional. Mas, valorizar apenas este tipo de inteligência – voltada exclusivamente à lógica - é tanto comum nas
empresas quanto prejudicial ao
sucesso das equipes, segundo Sérgio Gomes, sócio da Ockam Consulting. Ele diz que vê frequentemente avaliações, de seus clientes, que só dão destaque para este aspecto da inteligência em profissionais. Em um mundo tão competitivo como o atual, não deveríamos buscar em nossas equipes apenas os resultados lógicos, diz Gomes. Para justificar sua afirmação, o sócio da Ockam evoca a Teoria das Inteligências Múltiplas do psicólogo Howard Gardner, desenvolvida na década de 1980. “Gardner propõe que todos os indivíduos têm a habilidade de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências”, diz, Gomes. São nove tipos de inteligência, segundo a teoria de Gardner e que, na opinião de Gomes, podem servir como base para que o gestor possa “encaixar profissionais nas áreas certas, fazendo com que eles se sintam à vontade e mais aptos para exercer suas funções”. Cada uma das inteligências é útil para determinadas atuações. “Mas isso não quer dizer que algumas delas não se encaixem em mais de uma”, diz Gomes. Navegue nas fotos para ver a aplicação no mundo do trabalho de cada um dos tipos:
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2. 1. Inteligência lógico-matemática
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Habilidades em matemática e em raciocínio lógico sempre foram consideradas o eixo principal da inteligência. Grande parte dos testes de QI se apoiaram nesta capacidade para determinar se uma pessoa é inteligente ou não. “São habilidades aplicadas nas áreas de engenharia, estatística, inteligência de mercado. Nestas carreiras, pessoas com esta inteligência têm visibilidade e praticabilidade muito maior”, diz Gomes.
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3. 2. Inteligência espacial
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É relacionada à capacidade de lidar com objetos, sua localização e visão sob diferentes perspectivas. “Está ligada aos arquitetos, designers, engenheiros, pilotos de avião, porque são carreiras em que é preciso ter essa noção de espaço e posicionamento”, diz Gomes.
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4. 3. Inteligência linguística
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Junto com a inteligência lógico-matemática, forma o ramo principal estimulado tradicionalmente pela educação formal.
Refere-se às habilidades de escrita, leitura, aprendizado de idiomas. “É voltada aos escritores, tradutores, jornalistas, diplomatas e a todos os executivos e diretores”, diz Gomes.
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5. 4. Inteligência musical
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Tocar instrumentos musicais, interpretar e compor músicas são as habilidades principais de quem tem esta inteligência. “É ligada aos compositores, cantores e atores. Se nestas atuações você não tiver esta metodologia não haverá integração. Um complementa o outro: não é apenas atuar e não saber cantar, ou então compor e não saber tocar/ cantar, tem que se encaixar”, diz Gomes.
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6. 4. Inteligência corporal
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Ligada à facilidade para controlar os movimentos do corpo. Dançarinos, atletas e profissionais do esporte são os principais expoentes deste tipo de inteligência. “É algo que não é tão visto no meio organizacional, entre os executivos, mas pode se encaixar perfeitamente em outras profissões”, diz Gomes.
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7. 6. Inteligência intrapessoal
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É relacionada à capacidade de entender a si mesmo, portanto, refere-se a autoconhecimento. “Quem tem essa habilidade consegue, de fato, enxergar seus pontos fortes e fracos, assim, a assimilação é forte e rápida”, diz Gomes. Segundo ele, é uma inteligência que transcende áreas profissionais específicas. “Não tem uma atuação em que se encaixe melhor, afinal é muito importante para qualquer trabalho”, diz o especialista.
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8. 7.Inteligência interpessoal
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É a habilidade de relacionar-se bem com os outros e ser comunicativo. De acordo com Sérgio Gomes, é uma habilidade que deveria ser muito mais valorizada no meio organizacional. “Mas, nas áreas de vendas, relações públicas, psicologia ou terapias é uma inteligência se encaixa automaticamente, pois se a pessoa que executa alguma destas funções não souber se relacionar, está na profissão errada”, diz.
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9. 8. Inteligência naturalista
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É um tipo de habilidade ligada à compreensão da natureza e de seus processos. Foi incluída por Howard Gardner na lista de inteligências na década de 1990. Agronomia, engenharia florestal, oceanografia e outras áreas ligadas às ciências naturais são os ambientes mais indicados para os profissionais com este tipo de habilidade.
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10. 9. Inteligência existencial
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É a capacidade filosófica de refletir sobre a própria existência. “É mais ligada ao trabalho de filósofos, professores, sociólogos e palestrantes, porque eles têm que instigar as pessoas. Entretanto, seria fundamental para qualquer profissional pois gera uma capacidade imensa de se auto verificar para perceber se está seguindo pelo caminho certo”, diz Sergio Gomes, sócio da Ockam Consulting.
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11. Agora, confira como a neurociência pode ajudar na concentração
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11/11 (Garpenholm/Wikimedia Commons)