Pessoa escrevendo: professor de português aponta "modas" da língua que é melhor deixar de fora dos textos
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2016 às 13h38.
Última atualização em 19 de outubro de 2016 às 11h28.
Descriminalizar ou descriminar? Saiba que descriminalizar é um puro neologismo, invenção, que vem se tornando moda. Prefira a forma "descriminar", que significa "deixar de ser crime". Vejamos um exemplo:
"No conhecido Enem, já houve a discussão sobre a descriminação do uso da maconha."
Vale também lembrar que a palavra "discriminar" significa "diferenciar, distinguir, discernir":
"Era quase impossível discriminar os caracteres no velho manuscrito."
Ainda sobre termos da "moda", destaco o verbo "disponibilizar", já até dicionarizado. A quem não gosta do termo, basta o uso de "disponível, disponíveis":
"As verbas já estão disponíveis."
Mais um verbo para a lista: "elencar". É um modismo puro, o qual procuro evitar, já que existem "enumerar" ou "listar".
Dentre os mais recentes modismos que venho observando, um é extravagante, bizarro, horrível - o uso de "enquanto" no sentido de "na função de" ou "sob o aspecto de":
"Ele, enquanto presidente-interino, deve assumir todos os riscos da Economia."
A palavra "enquanto" indica tempo simultâneo e exige correlação de tempo verbal. Vamos a um caso coerente:
"A inflação cresceu enquanto a renda dos assalariados caiu."
(relação pretérito-pretérito)
Sendo assim, evite a falta de correlação dos tempos verbais:
"Enquanto o presidente fala, as pessoas contestaram a proposta.
(relação presente-pretérito)
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Diogo Arrais (@diogoarrais) é professor de língua portuguesa e autor gramatical pela Editora Saraiva.