São Paulo - Às vezes, não adianta ter slides vistosos nem falas bem ensaiadas. Se você tem alguma experiência com o assunto, deve saber que mesmo as melhores apresentações estão sujeitas à frieza e à apatia da plateia.
Por mais que você se esforce - e até tente fazer piadas sobre o silêncio mortal do público - a sensação é a de estar falando com as paredes. Mas por que é tão difícil fazer as pessoas participarem?
Autora do livro “Apresentações brilhantes” (Editora Sextante), a psicóloga Susan Weinschenk tem uma explicação simples: somos preguiçosos.
Nossa tendência natural ao repouso remonta ao tempo das cavernas. “Os seres humanos aprenderam que serão capazes de sobreviver por mais tempo e melhor se conservarem sua energia”, escreve Susan.
O desafio do apresentador não é pequeno. Se milênios de evolução nos ensinaram as vantagens de ficarmos quietos em nossas cadeiras, para que vamos gastar nossas forças respondendo a uma pergunta em voz alta, por exemplo?
De acordo com Susan, uma possível solução é aplicar lições da psicologia comportamental para derrotar a inércia e induzir as pessoas a participarem. Veja a seguir algumas das táticas sugeridas pela autora:
1. Dê a recompensa favorita do público (às vezes)
“Ratos famintos querem ração. O que a sua plateia deseja?”, escreve Susan. As recompensas podem ser diversas: prêmios, chocolates ou até um simples elogio do apresentador. O importante é estudar o perfil da plateia antes da apresentação para saber o que a estimula.
Uma dica, aqui, é usar o que se chama em psicologia de “estímulo variável”. Em vez de dar a recompensa sempre que as pessoas participarem da sessão, limite-se a concedê-la apenas algumas vezes, de forma aleatória. Segundo a autora, a imprevisibilidade do estímulo é instigante para as pessoas e ajuda criar expectativa.
2. Conceda autonomia
As pessoas gostam de fazer as coisas por si mesmas. Vai propor uma atividade? É melhor deixar a plateia decidir os detalhes. Será em grupo? Permita que as pessoas formem suas próprias equipes.
“Reconheça que as pessoas gostam de ser independentes e crie maneiras para que elas se sintam no controle”, diz Susan. A sensação de autonomia traz segurança à plateia e incrementa sua motivação para agir.
3. Estimule a competição em pequenos grupos
Não é novidade que a maioria das pessoas adora disputar - e o que quer que seja. Usar essa característica humana para mobilizar a plateia costuma funcionar, principalmente se a “briga” for travada em pequenos grupos.
“Quanto menor a plateia, maior a probabilidade de que as pessoas se motivem a fazer um exercício que envolva competição”, diz a psicóloga. Isso porque pesquisas de comportamento já provaram que ficamos mais motivados para competir quando temos poucos concorrentes.
4. Proponha ações que envolvam contato social
Embora não devam ser esquecidas por completo, tarefas individuais costumam gerar menos entusiasmo do que aquelas feitas em grupo.
Não é à toa: somos estimulados pela perspectiva de travar contato social.“Se você incluir atividades em sua apresentação que permitam às pessoas conversar, trabalhar juntas ou discutir o conteúdo que está sendo abordado, a plateia ficará mais interessada”, diz Susan.
-
1. O corpo grita nas apresentações
zoom_out_map
1/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
São Paulo – Uma boa
apresentação não é feita apenas de slides deslumbrantes e palavras certas. Expressões faciais, posturas e até os gestos que cada orador escolhe também contam (e muito) para a maneira como o público, do lado de lá do palco, irá processar cada informação.
Pensando nisso, os sócios da
SOAP, consultoria especializada no assunto, compartilharam com EXAME.com algumas das regras básicas para usar a
linguagem corporal do jeito certo durante as apresentações. Confira:
-
2. 1. Faça contato visual
zoom_out_map
2/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
Em uma apresentação, a plateia é a protagonista – não você, seus slides ou lousa. Por isso, seu foco deve estar em quem está do lado de lá do palco ou da mesa.
Na prática, isso significa que seus olhos devem estar fitos neles – e não na sua apresentação de slides ou outro recurso.
“Você não pode interromper por muito tempo a conexão com a audiência”, afirma Rogério Chequer, sócio da SOAP. “Sem conexão, não há empatia. Sem empatia, não há credibilidade”.
-
3. 2. Direcione o olhar da audiência
zoom_out_map
3/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
Agora, como conciliar a troca de olhares com o público e os slides que você tem para mostrar? A resposta está na maneira como os maestros conduzem uma orquestra.
Apesar da multidão de notas na partitura, é o maestro quem determina em que ponto de toda harmonia cada músico deve se focar. Faça o mesmo.
Assuma a postura de maestro da atenção da plateia. Segundo os especialistas, este processo começa antes de sua chegada ao palco – para ser mais preciso, no momento em que você confecciona os slides que irão auxiliá-lo durante a apresentação.
“O conteúdo mais importante não é o que está no slide, mas sim o que você está falando. Então, mostre apenas imagens sobre o que você diz”, afirma Eduardo Adas, sócio da SOAP. “Se você mostrar tudo de uma vez, a audiência não vai saber para onde olhar”.
-
4. 3. Fuja das posturas que incomodam
zoom_out_map
4/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
Os gestos e expressões faciais não são os únicos a desembocar significados durante uma apresentação. A maneira como você dispõe os outros membros do seu corpo também fala – e muito.
Braços cruzados, mão na cintura ou nos bolsos, pernas muito abertas e por aí vai. Posturas assim passam “mensagens subliminares para a audiência na direção de desleixo, falta de disciplina, organização ou profissionalismo”, afirma Chequer.
-
5. 4. Busque a neutralidade
zoom_out_map
5/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
A melhor estratégia para evitar isso é apostar em posturas e gestos neutros. “O que você busca em termos gestuais deve sempre visar à neutralidade e à complementariedade”, afirma Adas.
Ou seja, a maneira como você usa as mãos ou desloca o seu corpo não pode interferir na história que está contando – antes, deve reforçá-la.
Manter as mãos ao lado do corpo, por exemplo, cumpre essa função. Fazer gestos abertos, por sua vez, mostra ausência de proteção e confiança. “A conexão com a audiência é mais forte se seu gesto é natural”, diz Chequer.
-
6. 5. Seja coerente
zoom_out_map
6/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
Neste ponto, a coerência entre o que se diz e como se age é fundamental. “Falar uma coisa e fazer outra cara compromete a credibilidade”, diz o especialista. Agora, como conciliar conteúdo e expressão quando se está nervoso e o sorriso ou sobrancelhas arcadas parecem ter vida própria? A solução, de acordo com os especialistas, é treino. Por isso, não subestime a importância do preparo antes da apresentação.
-
7. 6. Fuja dos gestos vilões
zoom_out_map
7/9 (SOAP)
Batucar dedos na mesa, enrolar o cabelo ou apontar o dedo para a plateia pode atrapalhar sua plateia. Primeiro porque tais gestos distraem. Segundo, podem incomodar ou trazer insumos para o pré-julgamentos da plateia. Na dúvida, escolha gestos neutros e conscientes.
“Muita gente odeia que aponte o dedo para elas. Ao fazer isso, você quebra a empatia”, diz Chequer.
-
8. 7. Em pé ou sentado?
zoom_out_map
8/9 (Foto: Gabriel Araújo. Instrutora e coach: Sabrina Mello. Espaço: Livraria da Vila)
“Quando você está de pé tem o corpo inteiro para lidar, tem mais mobilidade no palco, a interação fica mais rica”, descreve o especialista. Sentado, ao contrário, o grau de liberdade é menor. “Você fica mais preso e tem menos recursos para complementar sua história”.
Quando o grupo é pequeno, contudo, muitas vezes não faz sentido ficar em pé. Aí, a dica é aguçar os sentidos para perceber qual postura é mais adequada para cada reunião.
-
9. Agora, veja como surpreender
zoom_out_map
9/9 (Getty Images)