Carreira

4 aprendizados com o programa Empretece do Grupo Movile

Confira as lições de RH do Grupo Movile para contratar profissionais pretos em posições sênior e de liderança

Grupo Movile: o programa Empretece ainda tem vagas abertas (Movile/Divulgação)

Grupo Movile: o programa Empretece ainda tem vagas abertas (Movile/Divulgação)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 27 de abril de 2021 às 09h56.

Nos últimos quatro meses, o Grupo Movile contrataram 22 pessoas pretas nas empresas iFood, MovilePay, PlayKids, Sympla, Wavy e Zoop. E por que esse número é importante? As vagas fazem parte do programa Empretece, um compromisso do grupo de só fechar uma contratação quando fosse encontrado um candidato preto ideal para a posição.

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E não eram cargos iniciantes, que não pediam experiência: entre as 22 vagas, 72% eram para cargos em nível sênior e 15% em posições de liderança. E 78% também eram direcionadas para a área de tecnologia.

O objetivo é avançar com a inclusão dentro do ecossistema de empresas, indo além das iniciativas de diversidade no início de carreira e trazendo mais pessoas negras em toda a hierarquia dos negócios.

Agora, os profissionais passarão por um treinamento desenhado especialmente para o momento de carreira de cada um, com mentoria e desenvolvimento de liderança. A trilha foi feita com o apoio do Afro Movile, o grupo de funcionários de cuida do pilar de diversidade voltado para raça e etnia.

“Eles passaram por um workshop de desbloqueio de mentalidade desenhado pelo Afro Movile. Não tem como fazer algo direcionado para o público negro sem passar pelo nosso grupo de afinidade”, conta Matheus Fonseca, gerente de RH do grupo.

Por sugestão do grupo, também não serão divulgados os nomes dos profissionais contratados no processo.

“Os candidatos sabem que fazem parte do Empretece, mas a gente entendeu que não era necessário criar mais uma etiqueta para os profissionais”, explica.

O Empretece ainda tem nove vagas abertas e o plano é que o grupo continue alimentando o site do programa com novas oportunidades.

“Foi muito bom ver o nível de engajamento de todos. As pessoas no RH e lideranças foram capacitadas sobre vieses inconscientes, mas todo o processo teve avaliadores negros. Não era para ser um programa exclusivo para pessoas pretas e só com pessoas brancas”, conta o gerente.

Segundo Fonseca, a expectativa é que no futuro um programa assim não seja necessário; enquanto isso, ele deseja que outras empresas se inspirem no Empretece e entendam que é possível acelerar a inclusão de profissionais pretos.

Por isso, ele trouxe quatro aprendizados com a realização do Empretece e de outras iniciativas do grupo ao longo de dois anos. Confira:

Compromisso com a diversidade

“Cada vez mais é necessário firmar um compromisso. Não tem espaço para fazer algo mais ou menos ou só deixar acontecer de forma passiva. A gente precisa firmar compromissos com o que a gente acredita. Se o ambiente de trabalho diverso é algo que acredita, precisa ser um compromisso bem definido, com a liderança engajada para que o avanço seja mais rápido”

Inclusão em todo o processo

“Seria incoerente criar o Empretece sem ter pessoas pretas envolvidas. Cada pessoa teve sua experiência, não dá para criar um padrão ou generalizar, mas é preciso entender mais sobre as necessidades a serem atendidas na construção de iniciativas para pessoas pretas. É básico, mas precisa ser dito. Não caímos na falha de construir algo sem ter as pessoas envolvidas naquilo”.

Perguntas e vieses

“A gente precisa ter muito cuidado com atitudes padrões nos processos. Certas falas e comportamentos podem ter vieses. Você pode fazer uma pergunta sobre o maior sonho que teve, o que se faz normalmente nos processos, mas a pergunta para uma pessoa preta pode ser um gatilho que não existe na pessoa branca. Algumas pessoas foram limitadas de sonhar no início da vida; e só a pergunta pode impactar a performance no processo. Ou a resposta da pessoa não parece um sonho tão grande para você, e você precisa saber não julgar. Não cabe a nós medir o sonho de qualquer um. Então, é importante mapear os cuidados e garantir que todos estejam cientes”.

Impossível de encontrar?

“As pessoas pretas de várias posições e experiências existem e estão no mercado. A gente viu que foi possível fechar as vagas. Não existe a possibilidade de não encontrar nenhuma pessoa. Tem algumas posições que são mais difíceis, mas existem profissionais para posição de gerente, gerente sênior, C-level. Não dá mais para dizer que não existem, a questão é encontrar e atrair essas pessoas. Existem vagas mais fáceis de fechar, mas conseguimos solucionar vaga de gerente de tecnologia, então é possível”.

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