Carreira

3 histórias de sabáticos que renderam sucesso na carreira

Forte pressão por resultados tem levado cada vez mais profissionais a pensar em dar um tempo da rotina. Conheça três casos em que a pausa foi uma ótima ideia

EXAME.com (EXAME.com)

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Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 25 de julho de 2014 às 06h00.

São Paulo - Períodos sabáticos não são novidade no mundo do trabalho. Mas afastamentos para reciclagem profissional têm sido uma escolha mais frequente em tempos de pressão por eficiência máxima.

É o que pensa Simone Leon, diretora de gestão de carreiras da Right Management. “Com a exigência por produtividade indo às alturas, há mais gente pensando em abandonar tudo por um tempo”, afirma.

Segundo ela, a carga horária dos executivos brasileiros é bastante pesada.“Eles só conseguem sair do ciclo se efetivamente fizerem uma ruptura radical”, explica Simone.

Mas o sabático não pode ser encarado como uma fuga. Ao contrário das férias, o mercado espera que essa pausa acrescente algo à sua carreira.

Por isso, o período precisa ser planejado e ter objetivos definidos. “Você precisa ser capaz de explicar as suas razões para fazer esse movimento”, afirma.

Sortudos e felizes
O casal de jornalistas Fred Di Giácomo e Karin Hueck sabia muito bem quais eram as duas palavras que justificavam seu desejo por um sabático: Alemanha e felicidade.

Em uma única palavra,“glück”, que significa ao mesmo tempo “sorte” e “felicidade” em alemão, nasceu o projeto de conteúdo online concebido pelos dois em Berlim, onde moraram por quase um ano fazendo trabalhos temporários.

Encontrar a felicidade, justamente, é o tema de investigação do Glück Project. Deu certo: além de render visibilidade ao casal, o plano agora é transformar o conteúdo em livro.

Descendente de alemães, Karin sempre alimentou o sonho de viver na capital germânica. Fred, por sua vez, queria parar para pensar. “A vida acontecia automaticamente e eu precisava de uma reavaliação”, explica o jornalista.

Em Berlim, os dois se reencontraram. Ela, com suas raízes; ele, com suas prioridades. “Percebi que preciso trabalhar escrevendo, e que a função do meu trabalho para a sociedade é importante para mim”, afirma Fred.

“Além de servir como uma experiência de empreendedorismo, o projeto criou uma marca nossa no mercado”, explica Fred, que pretende buscar trabalho como comunicador, de volta ao Brasil.

40 países, 40 imprevistos
Retornando de seu sabático, Leandro Lanzoni, coordenador de marketing da Dental Cremer, ficou surpreso com a curiosidade dos recrutadores sobre o seu período de afastamento.

Durante um ano, ele visitou cerca de 40 países, como Marrocos, Irlanda e Lituânia. “Não diria que foi o fator determinante para a minha contratação, mas certamente a experiência gerou mais interesse do que eu esperava”, explica.

Embora apoiado em um planejamento rigoroso, Leandro se deparou com inúmeras surpresas durante sua extensa viagem - o que lhe fez ganhar mais segurança e jogo de cintura. “Aprendi a estar mais preparado para a mudança, além de confiar mais em mim”, resume.

O caso atípico
Melhorar sua relação consigo mesmo também foi o saldo da experiência de um sabático para Alexandre Fialho, presidente da Korn Ferry para a América Latina.

Após um período de muito desgaste na empresa onde trabalhava, o executivo decidiu abandonar o mundo corporativo e abrir um negócio próprio ligado à sua maior paixão: o vinho.

Alexandre passou três anos e meio aproveitando uma rotina mais tranquila, enquanto visitava regiões vinícolas de países como Portugal, França e Itália. “Eu me permiti fazer o que me dava prazer, e nunca mais perdi esse objetivo de vista no trabalho”, afirma.

A reflexão o levou a estudar filosofia e levar aplicações dessa disciplina para o mundo corporativo, para o qual acabou voltando. “Passei a trazer para meus ambientes profissionais a noção de que o prazer é um valor essencial”, explica.

Já que continuou trabalhando, Alexandre fez um sabático atípico, segundo Simone Leon, diretora de gestão de carreiras e talentos da Right Management. “Normalmente, o mercado não classifica assim um afastamento parcial”, explica.

Mas nada impede que alguém faça essa escolha - e a chame com o nome que quiser, diz Simone. O mais importante é que o profissional se permita ter experiências além do cotidiano. “Se tudo der certo, você pode até descobrir o que lhe traz alegria”, conclui.

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