Lula: o ex-presidente foi preso no sábado à noite (Leonardo Benassatto/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2018 às 12h00.
Última atualização em 10 de abril de 2018 às 16h05.
Diz o noticiário:
"Chegou a vez do amigo de Temer, que parece infeliz."
No estudo linguístico, o duplo sentido em uma construção é chamado de anfibologia ou ambiguidade. É o que resulta em mais de uma interpretação de significado para um agrupamento de vocábulos.
Pergunta-se: quem parece infeliz? Temer ou o amigo dele?
A fim de haver a clareza na mensagem, é preciso reconstruir:
"Chegou a vez do amigo de Temer. O presidente parece infeliz."
ou
"Chegou a vez do amigo - aparentemente infeliz - do presidente Michel Temer."
Se houvesse substantivos de gêneros distintos, a ambiguidade poderia ser desfeita com o uso do relativo "o qual" ou "a qual". Vejamos:
"Chegou a vez da amiga de Temer, a qual parece infeliz."
ou
"Chegou a vez da amiga de Temer, o qual parece infeliz."
Encontrei mais esta sentença ambígua:
"Ana Cañas encontra-se com cúpula do PT, que está animada com o possível habeas corpus de Lula."
Agora, tanto "Ana Cañas" quanto "cúpula" pertencem ao gênero feminino. A extinção da ambiguidade só será possível com a troca de posição do trecho "que está animada com o possível habeas corpus":
"Ana Cañas, que está animada com o possível habeas corpus de Lula, encontra-se com cúpula do PT."
Ou
"Cúpula do PT, que está animada com o possível habeas corpus de Lula, encontra-se com Ana Cañas."
O relativo "que", apesar de ser útil ferramenta para a fluidez textual, pode causar confusão quando houver dois ou mais referentes. O ideal é revisar o texto; na dúvida, reordene as ideias ou reconstrua toda a sentença, uma vez que não adianta sintetizar prejudicando a clareza da mensagem.
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Diogo Arrais
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Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa