Antes de embarcar para estudar em outro país, pesquise as opções e escolha a melhor para seu perfil (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2011 às 13h10.
São Paulo - Estudar fora do país é uma opção crescente entre os profissionais que desejam aprimorar os conhecimentos para ter mais condições de disputar um lugar de destaque no mercado de trabalho. Agências de viagem e escolas oferecem opções de cursos para perfis diferenciados, que abrangem desde a possibilidade de investimento em tempo e dinheiro à área de atuação e faixa etária do estudante.
Pesquisar as alternativas possíveis antes de fazer as malas para o exterior é o mais indicado para evitar aborrecimentos em terra estrangeira. Veja as 20 principais dúvidas sobre cursos no exterior e defina os rumos da viagem:
1. Qual deve ser o pontapé inicial?
O objetivo da viagem deve ser o norte no planejamento rumo ao curso no exterior. Antes de decidir qual o país de destino, carga horária do curso ou investimento a ser feito, o futuro viajante precisa analisar qual será a intenção da empreitada.
Aproveitar as férias para adquirir fluência em uma língua? Especializar-se em um determinado assunto dentro da área de atuação em uma instituição renomada? Praticar o idioma com a possibilidade de fazer turismo? Apenas aprender uma nova língua? Usar o tempo livre após a aposentadoria?
Decidido o objetivo, é hora de seguir os primeiros passos em procurar o país e o curso mais adequado ao perfil. Uma pessoa que usará apenas as férias de menos de um mês para adquirir fluência em inglês, por exemplo, poderá escolher cidades onde possa ter acesso a passeios turísticos ou vida cultural agitada.
2. Quais os cursos mais procurados?
Os cursos de línguas são os mais procurados entre os cerca de 170 mil brasileiros que foram estudar fora do país, segundo dados da Belta (Brazilian Educational & Travel Association). O Canadá é o país que recebe o maior número de brasileiros em intercâmbio, seguido pelos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia.
Os destinos alternativos também apresentaram crescimento e lugares como Ilha de Malta para aprender inglês e Suíça para aprender francês também estão em alta.
3. Como funciona um curso de idiomas?
Os cursos de línguas têm carga horária que varia de 15 a 30 horas semanais, a depender da escolha e necessidade do estudante, em programas com aulas em grupo ou individuais. As turmas têm início às segundas-feiras e os estudantes passam por testes de nivelamento para entrarem na sala de aula apropriada.
Além das aulas de 6 horas por dia, com estudo intensivo, os estudantes podem optar por aulas combinadas com professores particulares. Quem dispõe de mais tempo para morar fora, pode optar por programas de seis meses a um ano no exterior.
“A depender do programa, o estudante precisa provar um determinado nível de proficiência em exames como o TOEFL ou IELTS [exames de proficiência em língua inglesa], por exemplo. Nesse caso, ele precisa ficar de olho nas datas específicas para o teste, nível de pontuação mínima para o curso desejado e a necessidade de um curso preparatório”, explica Maura Leão, presidente da Belta.
4. Existe uma idade ideal para fazer curso no exterior?
Mesmo quem já passou da faixa etária para cursos voltados a alunos ensino médio ou universitários pode ter a experiência de estudar fora do país. “Não há uma idade ideal e hoje há alternativas para vários perfis de profissional, incluindo programas que aliam cursos e outras atividades”, explica Roberto Bihari, diretor da World Study em São Paulo.
Uma dica importante é procurar não só programas, mas também cidades voltadas ao perfil de cada um. “Pesquisar os lugares, conversar com agentes de viagens ou pessoas que já foram pode ajudar a esclarecer dúvidas sobre as características do lugar”, sugere Bihari.
Algumas agências procuram suprir a demanda de viagens para aposentados que também querem fazer um curso de idiomas.
5. Há cursos voltados para a minha profissão?
De olho no público com interesses específicos, muitas agências oferecem programas que unem curso de idiomas com aulas relacionadas a atividades profissionais. “É comum a procura por programas que oferecem aulas de línguas pela manhã e aulas de gastronomia ou arte, por exemplo”, diz Bihari.
Quem já é fluente em um idioma, mas sofre com alguns termos técnicos específicos da profissão, pode optar por cursos voltados para executivos. Há cursos personalizados para executivos em inglês, mandarim, francês, espanhol, alemão e italiano.
Existem também opções específicas para profissionais, como inglês para médicos e espanhol para advogados.
6. Consigo fazer um curso durante as minhas férias?
Os cursos de idiomas no exterior têm duração mínima de uma semana. Aqueles que possuem um pouco mais de tempo, podem associar o curso a atividades passeios e atividades. Algumas agências oferecem curso aliado a aulas de arte ou gastronomia, por exemplo.
Segundo Bihari, é crescente a procura de pessoas com mais de 50 anos por cursos de duas semanas de italiano combinada com visitação a vinícolas. Há alternativas também para quem gosta de aventura, com cursos de inglês pela manhã e prática de snowboard no Canadá ou surfe no Havaí ou Nova Zelândia.
7. Quais são os idiomas mais fáceis de aprender?
Cada pessoa tem o seu ritmo de aprendizado, a facilidade em aprender um idioma dependerá de fatores como: a proximidade da língua nativa ou outras línguas que a pessoa sabe com o idioma a ser estudado, a complexidade do idioma, quantas horas por semana são necessárias para adquirir fluência, a acessibilidade a recursos de aprendizado e a motivação do aluno.
As línguas de raiz latina são mais próximas do português e, por isso, de aprendizado mais acessível para brasileiros. Apesar da semelhança, espanhol, italiano e francês exigem dedicação e possuem regras que confudem os mais despreparados.
O inglês também é acessível a brasileiros, por conta do grande número de palavras da língua a incorporadas ao vocabulário em português, além do grande número de recursos disponíveis para o aprendizado.
8. Quando devo começar a planejar a viagem?
Não adianta deixar para planejar a viagem de última hora. A depender do programa escolhido, testes e documentos serão solicitados e exigirão disponibilidade de calendário do futuro viajante.
Para países que precisam de visto, três meses antes devem ser reservados para correr atrás dos trâmites. Alguns cursos também necessitam que o candidato já esteja estudando a língua há pelo menos três meses antes do embarque.
Segundo Ana Beatriz Faulhaber, diretora da consultoria CP4, o ideal, para quem tem disponibilidade, é iniciar o planejamento com cerca de 10 meses de antecedência.
Aqueles que planejam fazer um curso de MBA ou pós-graduação no exterior necessitam acompanhar as datas de início do ano letivo no país de destino. Quem irá tentar bolsas de estudo em universidade estrangeira precisa iniciar o processo até um ano e meio antes da data desejada, para conseguir atender aos papéis e testes necessários.
9. É melhor procurar cursos em agências ou por conta própria?
Com as opções disponíveis na internet, muita gente prefere planejar a viagem sem a ajuda de agências e economizar. A pesquisa, nesse caso, deve ser feita de forma minuciosa e com atenção ao credenciamento e idoneidade da escola e pacoete comprado. É importante ter confiança no serviço escolhido e conversar com quem já foi.
Muitas das escolas possuem núcleos reservados ao atendimento de estudantes estrangeiros, o que facilita o processo. Todos os recibos e documentos devem ser solicitados e guardados para a obtenção do visto e apresentação na imigração.
Além de ter paciência, a pessoa que planeja a viagem por conta própria deverá estar disposta a resolver possíveis imprevistos. “Uma agência idônea e credenciada vai auxiliar o estudante durante todo o processo e na retirada de documentos, assim como na tomada de decisões como o retorno mais cedopara casa”, defende Bihari.
10. Melhor ficar no interior ou na capital do país?
Assim como a escolha do país e carga horária do curso, a escolha da cidade em terra estrangeira deve ser feita de acordo com o objetivo da viagem e o perfil do estudante. Em cidades pequenas, é mais fácil circular e o contato com os locais é mais intenso. “Além disso, há menos brasileiros”, diz Bihari.
Por outro lado, as pessoas que gostam de vida cultural agitada, querem mais opções de lazer para as horas livres e estão dispostos a enfrentar grandes cidades, procuram geralmente destinos como Londres ou Nova York.
11. Quais os tipos de hospedagem mais comuns?
Escolher a acomodação para morar durante o curso pode parecer fácil e em segundo plano diante de escolhas como país ou curso a ser feito. Entretanto, o perfil do viajante e a convivência no dia a dia é o que vai ditar boa parte do sucesso da viagem.
“O mais comum é o estudante procurar ficar em casa de família, porque é uma forma de se aproximar mais da cultura local”, explica Maura. Há opções também de residências estudantis e acomodações em quartos duplos ou individuais.
Para quem tem condições de fazer um investimento mais alto, a opção de apartamento individual oferece mais conforto e privacidade e pode ser buscada em sites especializados a depender do país. É possível observar também se a escola de idioma não oferece convênio com hotéis próximos, o que tornaria o preço da hospedagem menos salgado.
12. Quais os cuidados necessários antes de fechar um pacote?
Assim como qualquer outro negócio a ser fechado, é importante ler com atenção o contrato de viagem firmado com a agência e escola. Observe sempre a cláusula de desistência, porque imprevistos podem acontecer.
“Para garantir que não haja problemas na viagem, o estudante deve sempre procurar agências e escolas que possuem credenciamento em órgãos responsáveis no país de destino”, explica Maura. Em geral, a informação é disponibilizada no site da agência ou organização.
No caso das agências brasileiras, o credenciamento é feito pela Belta, mas em outros países há órgãos específicos que confirmam a idoneidade das instituições.
“Uma outra forma de checagem é conversar com pessoas que já foram para o exterior através da mesma agência ou para a mesma escola, além de comparar os preços com programas parecidos”, diz Maura.
13. É preciso visto de estudante?
A obrigatoriedade de retirada de visto de estudante para curso no exterior irá depender do país de destino. O processo para conseguir o visto pode ser demorado, por isso a necessidade de começar a a planejar com antecedência.
Nos países europeus que fazem parte do Espaço Schengen, que inclui destinos bastante procurados como Reino Unido, Espanha e França, os brasileiros podem permanecer até três meses sem a necessidade de visto de estudante. O mesmo procedimento ocorre na Austrália e Nova Zelândia.
Os países mais comuns entre os brasileiros que buscam viajar ao exterior, Estados Unidos e Canadá, possuem trâmites que vão depender da carga horária do curso ou do período de duração das aulas, respectivamente.
14. O que apresentar na imigração?
Para evitar riscos de problemas na imigração, o viajante não pode esquecer da carta de confirmação do curso com informações sobre a matrícula, que comprova o motivo da viagem. A carta e dados sobre acomodação, com o endereço onde vai ficar, assim como a apssagem de volta, também são importantes.
Alguns países solicitam vacinas e seguros de saúde para viagem, o estudante deve ficar de olho nas solicitações, como cobertura mínima, a depender do lugar de destino. Além disso, vale checar qual quantidade de dinheiro vivo na carteira é esperada pelo agentes de imigração no país onde vai estudar.
15. Melhor cartão de crédito ou traveller check?
Travellers checks caíram em desuso e os agentes indicam que o viajante carregue o cartão de crédito internacional ou cartões de débito como Travel Money (Visa) ou Mastercard Maestro.
No caso do cartão de crédito, o viajante estará sujeito às flutuações da moeda estrangeira, assim como pagamento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Já o débito em cartão cobra taxa de saque nos caixas estrangeiros.
16. Quais os principais problemas de adaptação?
Quem vai passar estudar no exterior pela primeira vez, precisa estar preparado para as diferenças de clima, alimentação e cultura. Os especialistas indicam que diante do choque cultural, o viajante não fique isolado ou se aproxime apenas de brasileiros.
Para Bárbara Lopes, consultora da Sprachcaffe International no Brasil, um dos principais equívocos dos brasileiros no exterior é fazer amizade apenas com brasileiros ou evitar a convivência com outras pessoas, o que prejudica o aprendizado.
17. Como organizar a volta?
As passagens de ida e volta devem ser organizadas desde o ínício. O bilhete do retorno deve ser apresentado na imigração, como comprovação do tempo de permanência esperado no país. É importante confirmar o vôo de retorno até 48 horas antes do embarque.
Antes de embarcar para o exterior, o viajante deve registrar os equipamentos eletrônicos como câmeras e filmadoras que serão levados a terras estrangeiras. Na volta, se deve confirmar os limites de compras e as regras alfandegárias que estarão vigentes na ocasião.