Pequim/Cidade do México - Quando a Tele Norte Leste Participações SA, maior operadora fixa no Brasil, estava comprando equipamento de rede no ano passado, a oferta da Huawei Technologies Co. teve uma vantagem: acesso à linha de crédito de US$ 30 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China.

Um período de dois anos de carência e uma taxa de juros de 2 pontos percentuais sobre a taxa interbancária de Londres, conhecida como Libor, criaram um negócio imbatível, disse o diretor financeiro da Oi, Alex Zornig, 52.

“Os chineses estão ocupando o espaço deixado por americanos e europeus”, disse Zornig em entrevista. “Eles são muito agressivos e têm muito dinheiro.”

O apoio do Banco de Desenvolvimento da China para a Huawei e outras companhias chinesas é a pedra angular da política da China em busca de mercados externos, feita para alimentar empresas de telecomunicações, energia alternativa e petróleo. O banco chinês oferece condições melhores que as dadas por Estados Unidos e agências europeias de desenvolvimento, ajudando a Huawei, sediada em Shenzen, e sua rival ZTE Corp. a aumentar participação de mercado.

“Nosso apoio a Huawei, ZTE e outras companhias de alta tecnologia abriram os mercados no exterior”, escreveu o presidente do Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento da China, Chen Yuan, 66, em edição de janeiro da revista China Reform. “Nós nos tornamos a principal fonte de financiamento de investimentos de nosso país no estrangeiro.”

O crédito com prazo de sete anos obtido pela Oi com os chineses tem taxa de juros de cerca de 4 por cento, disse Zornig. As empresas brasileiras estão pagando em média cerca de 5,99 por cento por dívida em dólar, segundo o JPMorgan Chase & Co.

‘Distorção’

O porta-voz da Huawei Ross Gan disse que há muita “distorção” sobre o significado da linha de crédito do Banco de Desenvolvimento da China e o que ela significa para o relacionamento da companhia com o governo. A Huawei é uma empresa privada, controlada por seus funcionários.

A companhia fechou o ano passado com 15,7 por cento do mercado global de U$ 78,6 bilhões para infraestrutura de rede, atrás da Ericsson AB, com 19,6 por cento, de acordo com a empresa de pesquisa Gartner Inc. em 11 de abril.

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