10 de setembro de 2024 às 16:21
Cada vez mais, os japoneses estão adiando a aposentadoria e continuando a trabalhar até os 70 anos ou mais. Com uma das expectativas de vida mais altas do mundo e uma pressão crescente sobre o sistema de pensões, muitos idosos no Japão se veem obrigados a continuar trabalhando.
Segundo a Bloomberg, essa realidade reflete uma tendência que pode ser observada em outros países desenvolvidos, onde o envelhecimento da população e a longevidade trazem desafios crescentes para a sustentabilidade dos sistemas de previdência social.
No Japão, entretanto, o problema é ainda mais grave devido ao já avançado envelhecimento da sua população.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 20% dos idosos japoneses vivem em condições de pobreza, um percentual significativamente superior à média da OCDE, que é de 14,2%.
A pressão sobre o sistema de pensões do país, aliada à recente alta da inflação, faz com que muitos idosos sejam obrigados a complementar sua renda com trabalho. O aumento dos preços de bens de consumo e a crise no sistema de pensões são questões centrais no debate político.
Com as eleições para o novo primeiro-ministro se aproximando, espera-se que os candidatos discutam propostas para aliviar o impacto econômico sobre a população idosa, que já sofre com os efeitos da inflação e da estagnação salarial.
Segundo dados oficiais, o valor médio das pensões no Japão é de ¥144.982 por mês (aproximadamente R$ 8.185), o que é insuficiente para cobrir as despesas de um lar com mais de uma pessoa, que gasta em média ¥276.000 (R$ 10.846) mensais.
Comparativamente, o valor médio das pensões nos Estados Unidos é de US$ 1.907 (aproximadamente R$ 10.758), o que mostra que o Japão está muito atrás em termos de suporte financeiro aos seus aposentados.
O percentual de homens entre 65 e 69 anos que continuam empregados subiu de 29,8% há 20 anos para 43,3% em 2023, segundo dados da OCDE. Entre aqueles com idade entre 70 e 74 anos, o aumento também foi significativo. Esses números contrastam com a média de 17,3% nos países da OCDE
No entanto, essa tendência não é motivada apenas pela necessidade financeira. Um estudo do governo mostrou que cerca de 50% dos trabalhadores mais velhos seguem por motivos que vão além da questão monetária, como o desejo de se manterem ativos, saudáveis e úteis à sociedade.