Mundo

Bullying diplomático de Trump vira trunfo para adversários estrangeiros, diz professor

Luciano Pádua

9 de abril de 2025 às 15:59

Andrew Harnik/Getty Images

Desde que retornou à Casa Branca, Donald Trump tem hostilizado líderes de Estado. Os desdobramentos de suas políticas afetam eleições em outros países e fortalecem líderes estrangeiros ao posicionarem-se contra ele.

A avaliação é de Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, sócio do fundo Zaftra e fundador do Instituto Ideia

Thomas Trutschel/Getty Images

Segundo ele, que acompanhou in loco a eleição da Alemanha, por exemplo, o apoio de Trump e Elon Musk à AfD, o partido de extrema-direita do país, levou a um aumento de 15 pontos na rejeição da sigla na última semana da eleição alemã.

"Foi fundamental inclusive para aumentar o comparecimento eleitoral da Alemanha", diz Moura.

Wikimedia Commons/

Uma união anti-Trump ocorreu na Groenlândia, território que Trump ameaçou anexar. "Na Groenlândia, que é um país que tem 50 mil votos, um partido que nunca tinha ganhado a eleição ganhou com um discurso anti-Trump. Eles nunca tinham conseguido formar governo nesse partido"

"A Cláudia Sheinbaum, do México, ganhou popularidade, Emmanuel Macron, da França, ganhou popularidade. O Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, que estava no negativo, agora cresceu 25 pontos depois que foi a Washington", diz Moura.

Reprodução/

"Toda vez que Trump faz 'bullying' com um chefe de Estado, ele cria um inimigo comum", aponta o professor.

Joseph Prezioso/AFP

Segundo ele, Trump virou um inimigo externo e comum voluntário. "Geralmente, as autocracias precisam criar um inimigo externo mesmo quando esse inimigo externo não está lá. O Trump conseguiu ser o inimigo externo voluntário. Para os opositores, é ótimo politicamente"

"No Canadá, por exemplo, o partido Liberal estava morto. Hoje é amplamente favorito para ganhar a eleição. Trump conseguiu unir os canadenses. A eleição, que era sobre mudança, agora é sobre Trump", afirma.

LEIA MAIS