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É o fim do Jockey Club? Veja por que o clube pode fechar as portas

Letícia Furlan

25 de abril de 2025 às 13:21

Yasuyoshi Chiba/AFP

Aquilo que já foi símbolo de requinte e tradição desde os anos 1940 virou um elefante branco de mais de 600 mil metros quadrados às margens do Rio Pinheiros — e periga fechar as portas para dar lugar a um parque público.

Pelo menos essa é a vontade da Prefeitura de São Paulo para a atual sede do Jockey Club.

Leandro Fonseca/EXAME/

Fundado em 1875, o Jockey administra o Hipódromo de Cidade Jardim, em uma área nobre (e disputada) da zona oeste paulistana.

Marcelo Nina/

Em 1941, o clube inaugurou seu novo espaço numa área doada pela Companhia Cidade Jardim, cujo objetivo era prover aquela região da cidade com um equipamento de lazer, entretenimento, convivência e encontro dos paulistanos.

Wikimedia Commons/

Com 600.000 metros quadrados, o projeto do hipódromo tornou-se um marco não apenas para as corridas de cavalo, mas também como palco de feiras e eventos de grande porte.

“Enquanto se passaram estes 80 anos do início das atividades do Hipódromo — que teve seus momentos de glória no passado – a cidade de São Paulo teve um crescimento exponencial, tornando-se o centro da 4ª maior e mais importante metrópole do mundo.

“O Turfe [corrida de cavalo] não é mais algo que desperte interesse nos paulistanos e o espaço construído para o Hipódromo, hoje, é muito mal aproveitado no que se refere a representar um equipamento de lazer para as massas”, afirma a gestão em documento.

Em nota, o Jockey afirma que a ideia de desapropriação serve “apenas a interesses escusos numa das regiões mais valorizadas de São Paulo”. O clube afirma que não há qualquer decisão judicial definitiva que valide a cobrança do imposto da forma feita pela prefeitura.

Mas, afinal, o Jockey Club pode ser desapropriado?

A prefeitura quer transformar o terreno do Jockey Club em um parque público. A área de 620 mil metros quadrados foi avaliada em cerca de R$ 90 milhões pela Procuradoria-Geral do Município (PGM).

O plano da prefeitura é aceitar o imóvel como parte do abatimento da dívida ativa, processo conhecido como dação em pagamento.

O valor pelo qual o terreno foi avaliado é quase dez vezes inferior aos mais de R$ 860 milhões em impostos que o clube estaria devendo ao município — e que Jockey contesta, argumentando haver inconsistências no cálculo dos débitos tributários.

Apesar da área privilegiada, o valor de avaliação do terreno tem um motivo para ser baixo: a prefeitura considerou a localização do hipódromo em uma Zepam (Zona Especial de Proteção Ambiental).

Por ser uma área destinada à preservação e parques desde a atualização do Plano Diretor, em 2023, há restrições de uso e construção no local. Além da preservação ambiental, o local abriga edificações tombadas, impedindo a construção de novos empreendimentos.

A PGM, então, aplicou um deságio de 90% no comparativo com terrenos vizinhos para mitigar essas limitações.

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