4 de novembro de 2024 às 17:30
Os Estados Unidos se preparam para as eleições presidenciais desta terça-feira, 5, ainda sob grandes expectativas sobre quem sairá vencedor
Em um cenário dividido, no qual as pesquisas não apontam um favorito claro, uma eventual vitória de Trump pode tornar o ajuste das políticas fiscais brasileiras mais urgente e intenso, diz Roberto Padovani, economista-chefe do BV
Padovani prevê que o cenário externo tende a ser mais desafiador para o Brasil nos próximos anos, com a expectativa de juros elevados por mais tempo em economias desenvolvidas, devido à atividade mais robusta e às preocupações fiscais, o que também deve pesar contra o real
"O mercado já está antecipando uma possível vitória de Trump, que se traduz em um cenário de maior risco e juros internacionais elevados. Para o Brasil, isso significa mais pressão sobre o câmbio e sobre a capacidade de o Banco Central cortar juros", disse
Com o dólar próximo de R$ 5,80, uma eventual vitória de Trump, segundo ele, pode pressionar ainda mais os indicadores financeiros do Brasil, aumentando a urgência de uma resposta fiscal por parte do governo
O economista-chefe do BV considera que Kamala Harris tenderia a ser mais favorável para a economia brasileira. "O mercado veria uma vitória Democrata como algo menos ruidoso, o que seria favorável para nós."
"A eleição dos Estados Unidos é importante porque, se acalmar os mercados internacionais, facilitará ajustes aqui dentro. Acho que a estratégia de qualquer político é promover ajustes fiscais graduais, até porque há eleição em 2026", afirma
Pelas projeções do BV, a dívida brasileira, que tem crescido nesses dois primeiros anos de governo petista, deve continuar em alta nos próximos anos, saltando de 78% do PIB para 83% em 2026 e para 89% até 2029. Para Padovani, gradual ou não, o ajuste fiscal será inevitável
Em um cenário dividido, no qual as pesquisas não apontam um favorito claro, uma eventual vitória de Trump pode tornar o ajuste das políticas fiscais brasileiras mais urgente e intenso, diz Roberto Padovani, economista-chefe do BV.