23 de janeiro de 2025 às 10:50
Em Davos, o renomado cientista sueco Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático, na Alemanha, e vencedor do Tyler Prize 2024, principal prêmio ambiental do mundo, revelou dados inéditos - e alarmantes - sobre o estado atual do planeta.
"Registramos na última semana uma temperatura 1,55°C acima da média, a mais alta dos últimos 100 mil anos", alertou o pesquisador durante o Fórum Econômico Mundial, explicando que entre 1997 e 2014, existia uma relação linear entre gases de carbono acumulados e temperatura.
Nos últimos 10 anos, algo aconteceu. O índice de aquecimento aumentou, e estamos preocupados que este seja o primeiro sinal de um planeta perdendo sua resiliência, disse o cientista.
Embora muitos aspectos que justificam a arrancada do aquecimento já sejam conhecidos, Rockström detalhou as três principais explicações possíveis para esta aceleração.
Primeiro, o chamado "paradoxo dos aerossóis": quando reduzimos a poluição do ar por aerossóis, algo positivo para a saúde humana, há um efeito colateral inesperado: o resfriamento que reflete parte da radiação solar de volta para o espaço, fazendo com que mais calor seja retido.
Em seguida, o derretimento do gelo na Terra, que expõe superfícies mais escuras como solo e rochas. Isso cria um ciclo em que quanto mais derretimento, mais superfícies escuras expostas, maior absorção de calor e consequentemente, mais derretimento.
Por fim, o climatologista explicou que a capacidade de absorção e processamento de carbono dos oceanos e de outros ecossistemas terrestres está cada vez mais comprometida, devido à acidificação dos oceanos por conta da absorção de CO2, incêndios e desmatamento.
De acordo com Johan, foram identificados 16 pontos de "não retorno" para o planeta no desenvolvimento das mudanças climáticas.
Para ilustrar, trouxe sua mais recente avaliação realizada em 2024, que chamou de um "check-up médico completo" do planeta: "Seis dos nove sistemas vitais do planeta já operam fora de sua zona de segurança.
O especialista salientou que as soluções existem, mas precisam ser implementadas em escala e velocidade sem precedentes. "A ciência não está apenas alertando sobre o futuro, está oferecendo um roteiro detalhado para a sobrevivência do planeta", pontuou.
O cientista sueco já era um dos pesquisadores mais importantes do mundo, ao receber o Prêmio Tyler 2024, considerado o Nobel das conquistas ambientais.