ESG

União Europeia está a um ponto da meta de emissões para 2030

Lia Rizzo

30 de maio de 2025 às 18:34

Lukas Schulze/Getty Images

A União Europeia se encontra a um ponto percentual de atingir sua meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 55% até 2030, com projeções indicando uma redução de cerca de 54% em comparação com os níveis de 1990.

zhongguo/Getty Images

Os dados, que serão anunciados pela Comissão Europeia na próxima semana, expõem também os meandros da transição energética europeia em um contexto de crescentes pressões econômicas e geopolíticas.

O cenário é paradoxal: enquanto o bloco se aproxima de suas metas de curto prazo, simultaneamente considera flexibilizar os critérios para objetivos de longo prazo.

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A discussão sobre a meta de 2040, que prevê redução de 90% nas emissões, inclui opções como a incorporação de créditos de carbono, reconhecimento de emissões negativas através de captura e armazenamento de carbono, e ajustes na trajetória temporal das reduções.

CPFL/Divulgação

A análise setorial revela disparidades significativas na implementação das políticas climáticas. O setor energético lidera as reduções, impulsionado pela expansão de energias renováveis, particularmente eólica e solar.

Contudo, setores estratégicos apresentam desempenhos contrastantes. A agricultura mantém-se como zona de tensão política, permanecendo como o único segmento sem metas específicas de emissões.

Antoine Gyori/Getty Images

Autoridades europeias caracterizam a questão agrícola como "o elefante na sala", refletindo as dificuldades políticas de regulamentar um setor tradicionalmente resistente a mudanças regulatórias.

Joédson Alves/Agência Brasil/

O setor de transportes enfrenta obstáculos estruturais para atingir os objetivos estabelecidos, enquanto as emissões relacionadas ao uso da terra registraram progressos limitados.

Fatores como exploração madeireira intensiva e eventos climáticos extremos, incluindo os incêndios florestais de 2023 no sul da Europa, comprometeram a capacidade de absorção de carbono pelos ecossistemas terrestres.

Brenda Smialowski/AFP

A guerra comercial com os Estados Unidos, a desaceleração econômica regional e as crescentes demandas por investimentos em defesa reconfiguraram as prioridades políticas dos 27 estados-membros da UE, relegando questões climáticas a posições secundárias na agenda governamental.

Indústrias pesadas, que são particularmente afetadas pelos custos energéticos elevados, também tem questionado a sustentabilidade das metas atuais.

REUTERS/Rafael Marchante/Reuters

A transição da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do "Pacto Verde Europeu" para o "Pacto Industrial Limpo" (Clean Industrial Deal) sinaliza uma reorientação estratégica fundamental.

A mudança incorpora medidas de simplificação regulatória que reduzem exigências de relatórios de sustentabilidade e diminuem o escopo de aplicação do mecanismo de ajuste de carbono nas fronteiras.

Leandro Fonseca/Exame

De outro lado, organizações climáticas expressam ceticismo quanto à substância das reduções europeias. A CAN Europe caracterizou os avanços como "em grande parte superficiais", argumentando que as políticas subjacentes permanecem inadequadas na maioria dos países.

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