13 de junho de 2025 às 13:54
A mudança climática não é um problema para ser romantizado e a solução está em aliar o agronegócio com a conservação ambiental. É o que defende André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Escolhido pelo embaixador André Corrêa do Lago para ser um dos 30 enviados climáticos para a COP30 e com a missão de conectar a sociedade civil e outros setores na agenda, André ressalta a urgência da implementação de compromissos.
"O desmatamento precisa acabar e ponto. Também precisamos parar de só restaurar milhões de florestas e começar de fato a plantar", destacou em entrevista exclusiva à EXAME.
Para o especialista, não é possível imaginar a agricultura no futuro sem vegetação nativa do lado. No Brasil, o setor é responsável pela maior parte das emissões, sendo fundamental adotar práticas regenerativas para a mitigação de carbono.
"Se devastarmos a Amazônia, arrebentamos com a vegetação nativa, com o agro e com o PIB brasileiro. Também acaba com nossa perspectiva de futuro e gera instabilidade na segurança alimentar do planeta. Ou seja, é só maléfico", disse.
Atualmente, o setor representa 30% do PIB e um em cada quatro novos empregos. Apenas no Cerrado, a agricultura de baixo carbono poderia gerar US$ 100 bilhões, segundo um estudo recente do Boston Consulting Group (BCG).
Rumo à COP30 em Belém do Pará, André acredita que há uma enorme oportunidade do Brasil ser vitrine de soluções verdes e para mostrar o que já vem sendo feito.
"É um equívoco dizer que essa é a COP da Amazônia, isto é reducionista. Na realidade, é a COP do mundo e para o mundo".
Sobre a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris anunciada no dia da posse por Donald Trump, André diz que não é mais possível recuar na agenda climática -- que é de todos nós.
"Uma pessoa não pode ter o direito de estragar a festa de todo mundo. Então cabe a nós ignorar e fazer o que precisa ser feito", frisou.