ESG

Parceria WEG e Natura cria agroindústria 100% solar na Amazônia com protagonismo feminino

Sofia Schuck

26 de maio de 2025 às 12:20

Leandro Fonseca /Exame

No coração da Amazônia, na região do arquipélago do Marajó, está a Ilha das Cinzas (PA), que faz parte do município de Gurupá. O acesso à localidade não é dos mais fáceis. A cidade mais próxima, Santana (AP), está a cerca de quatro horas de barco.

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Nenhuma dessas dificuldades, contudo, impediu que ali, às margens do rio Amazonas, fosse instalada uma agroindústria, inaugurada na última sexta-feira, 23, que deve beneficiar 470 famílias extrativistas.

Apuí Agroflorestal/Divulgação

Liderada pela ATAIC, associação local que atua há 25 anos para impulsionar as cadeias de sociobiodiversidade no Pará e no Amapá, a iniciativa inédita se tornou possível também graças à parceria entre duas empresas brasileiras: a Natura e a WEG, com um investimento de R$ 2 mi.

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Mesmo recém-nascida, a agroindústria da Ilha das Cinzas já pode ser considerada uma vitrine de tecnologia socioambiental. Além de estar pioneiramente em uma área de várzea isolada, a instalação será abastecida 100% por energia solar e contará com armazenamento de baterias.

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“É um dia histórico para a Ilha das Cinzas. Somos exemplo de energia e água limpa, com o mínimo de impacto possível. Não é só um modelo de indústria, mas de residência e bem-estar para centenas de famílias”, celebrou Francisco Malheiros, presidente da ATAIC.

Tomaz Silva/Agência Brasil/

No extrativismo sustentável, as mulheres são protagonistas e a inauguração é a materialização de expectativas de toda a comunidade para mudar suas vidas rumo a um futuro mais justo e sustentável.

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Elas atuam em todo processo: desde a coleta de sementes como Murumuru, Ucuúba e Patauá até a lavagem, separação do insumo e destinação final, que agora não será mais para o Ecoparque da Natura em Benevides no Pará e passa a ir direto para a biofábrica.

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Josi Malheiros, irmã de Francisco e cofundadora da ATAIC, se emociona e chora com a conquista há muito sonhada, e que se torna realidade na região em que nasceu e cresceu. “Há 25 anos, minha missão era apenas sobreviver. Hoje, eu estou entregando algo para a sociedade", contou.

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A instalação na Ilha das Cinzas é a 20º agroindústria da Natura na Amazônia, dentro de um plano descentralizado de industrialização e de impacto social, ambiental e humano.

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“É a realização de um sonho conjunto. E é simbólico porque sempre acreditamos muito no poder de parcerias e é a primeira vez que investimos com outra empresa para trazer a tecnologia”, disse à EXAME, Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura.

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Um dos grandes diferenciais da nova agroindústria é a implementação de um sistema fotovoltaico “off grid” (fora da rede elétrica) e que utiliza painéis solares instalados na biofábrica para gerar energia. O excedente é armazenado em baterias de lítio fornecidas pela WEG.

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Diretor de sustentabilidade e relações institucionais da WEG, Daniel Godinho explicou à EXAME que a iniciativa une não apenas sustentabilidade pela geração renovável e limpa, mas também resiliência energética e maior produtividade.

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“O papel das baterias é captar a energia natural do sol e nos momentos de necessidade disponibilizar para a operação crescer, gerar mais renda e desenvolvimento para a ATAIC”, destacou.

Just_Super/Getty Images

O sistema fotovoltaico foi uma doação da companhia estimada em R$ 600 mil e que vai de encontro a sua meta de se tornar net zero até 2050 e reduzir as emissões do escopo 3. As baterias, uma das grandes tendências atuais da transição energética, tem 97% de reciclabilidade.

Leandro Fonseca /Exame

“O Brasil e a Amazônia são uma floresta de oportunidades”, declarou o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) , Rodrigo Rollemberg, uma das autoridades presentes.

Divulgação / Natura/

A bioeconomia, modelo em que se aproveitam recursos biológicos para criar produtos e processos sustentáveis e inovadores, é um tema central rumo à economia de baixo carbono e peça-chave para combater as mudanças climáticas.

Leandro Fonseca/Exame

O modelo no bioma amazônico tem atraído mais investimentos e estudos apontam uma capacidade de incrementar as cadeias produtivas da floresta em R$ 170 bilhões até 2040 só em Belém do Pará, cidade sede da COP30 em novembro deste ano.

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