ESG

ONU vive um dos momentos mais difíceis em décadas, alerta coordenadora no Brasil

Lia Rizzo, Letícia Ozório

12 de junho de 2025 às 15:34

Pacto Global da ONU/Divulgação

"Se queremos um mundo melhor, qual o nosso papel nesse processo?". A provocação de Silvia Rucks, Coordenadora Residente da ONU no Brasil, marcou a abertura do Fórum Ambição 2030, realizado em São Paulo no último dia 4 de junho.

/Getty Images

Com o país posicionado no centro da agenda climática internacional como anfitrião da COP30, suas palavras ecoaram como um chamado à ação para as mais de 2 mil empresas participantes do Pacto Global da ONU, anfitrião do evento.

Leandro Fonseca/Exame

"Posso afirmar categoricamente que este é um dos períodos mais desafiadores para nossa instituição", admitiu a coordenadora, com a franqueza de quem presenciou de perto as transformações geopolíticas globais.

"Por um lado, podemos celebrar o fato de termos cumprido aquele que era o maior propósito: evitar a terceira guerra mundial. Mas por outro, atravessamos neste momento um conjunto de desafios muito complexos que requerem mais diálogo do que nunca."

Tirachard/Getty Images

Segundo ela, nesse momento, a responsabilidade corporativa é ainda maior, seja pelas políticas internas aos impactos em toda a cadeia de valor.

Com referência aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, enfatizou: "Faltam cinco anos para 2030, não podemos mais esperar. As próximas gerações vão nos julgar por este momento da história."<br /> <br />

Silvia Rucks se define - e se mantém - uma otimista. "Atuar na ONU significa que você tem que levantar todos os dias para trabalhar com esperança", resume.

PABLO PORCIUNCULA/AFP/Getty Images

Nascida em uma pequena cidade do norte do Uruguai, estudou em escola pública. Um começo que ela mesma define como difícil. "Então, quando estava fazendo faculdade, vi um anúncio da ONU no jornal. Me candidatei e consegui", contou.

Formada em engenharia, é mestre em Administração e Gerenciamento de Negócios e fluente em inglês, italiano, português e espanhol. Antes de assumir a coordenação no Brasil, exercia um cargo equivalente no Chile.

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No país andino, liderou a resposta da equipe da ONU na região durante um período de crise política, socioeconômica e de segurança sem precedentes, desencadeada pelo processo de reforma constitucional em 2019, e acentuado pela pandemia de COVID-19 em 2020.

Um dos maiores dilemas que enfrentou foi como equilibrar ambições profissionais com o desejo de maternidade. "Eu queria ser mulher. Eu queria ser esposa. Eu queria ser mãe. Eu queria ser profissional. Em vários momentos, precisei escolher o que priorizar", explica a uruguaia.

Poucos representantes internacionais chegarão à maior conferência climática do mundo com um conhecimento tão íntimo da realidade local quanto Rucks, cuja conexão com a região transcende protocolos diplomáticos.<br /> <br />

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