20 de maio de 2025 às 15:51
Um estudo publicado pela Nature Climate Change revelou que mais de 70% das cidades europeias implementam estratégias de adaptação climática sem consistência ou coerência necessárias, expondo populações vulneráveis a riscos cada vez maiores.
Conduzida por um consórcio internacional, a pesquisa "Explaining the adaption gap through consistency in adaptation planning"analisou 327 centros urbanos europeus, identificando significativos descompassos entre diagnósticos de risco, objetivos políticos e medidas concretas.
Desde o ínicio dos anos 2000, o continente europeu esquenta duas vezes mais rápido que outras regiões do planeta, conforme dados da Agência Europeia de Meio Ambiente.
E ainda assim, quase metade das localidades consideradas na pesquisa sequer desenvolveram planos formais de adaptação.
Por exemplo, embora 81 planos municipais tenham reconhecido a elevação de perigos relacionados a tempestades e ventos extremos, apenas 28% destes documentos estabeleceram metas específicas para fortalecer a resiliência contra tais eventos.
Um aspecto particulamente preocupante é a proteção insuficiente de localidades e populações mais suscetíveis aos impactos climáticos.
A análise demonstrou que apenas 43% dos planos que identificaram riscos para populações vulneráveis incorporavam medidas específicas para sua proteção.
Além disso, somente 4% das localidades incluíam tais grupos nos protocolos de monitoramento e avaliação, com apenas 1% das administrações municipais efetivamente considerando estas comunidades no centro do desenvolvimento das estratégias de adaptação.
O resultado das eleições europeias de 2024 foi interpretado por alguns especialistas como uma reorientação contra políticas climáticas ambiciosas, com a redução da representatividade dos partidos Verdes e maior ênfase da Comissão Europeia em competitividade econômica.
As prioridades dos cidadãos europeus se deslocaram, desde 2020, mais para questões de segurança econômica e tensões geopolíticas, enquanto a agenda climática apareceu em quarta posição nas pesquisas do Eurobarômetro.
O documento da ONU, intitulado "Come Hell and High Water", estima uma lacuna financeira para adaptação entre US$187-359 bilhões anuais globalmente. Mesmo com o aumento do financiamento internacional para US$28 bilhões em 2022, este montante representa apenas 5% do necessário.