2 de maio de 2025 às 10:08
Em maio de 2024, quando chuvas torrenciais atingiram o Estado do Rio Grande do Sul, uma imagem ajudou a mostrar a força das chuvas: um cavalo-crioulo, raça considerada patrimônio cultural desde 2002, que ficou ilhado em um telhado, cercado pelas águas.
Quem assistia à imagem não imaginava que aquele cavalo se tornaria um símbolo da resiliência do povo gaúcho diante dos eventos climáticos extremos nunca antes vistos.
Só na capital do Estado, a chuva registrada para maio foi de 513,6 mm, enquanto a média para o mês é de 112,8 mm.
Um ano após as enchentes, o animal acumula mais de 100 mil seguidores nas redes sociais, ganhou uma linha de brinquedos com sua imagem e conquistou o coração do país.
O cavalo Caramelo hoje vive na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele se recuperou do quadro de desnutrição e desidratação vivido durante os dias de enchente.
Em entrevista ao G1, o veterinário responsável pelo Caramelo, Henrique Mondardo Cardoso, afirmou que, desde que chegou à universidade, o cavalo passa boa parte do tempo se alimentando.
Dentro da universidade, ele se tornou uma celebridade: visitantes de todo o Brasil (e até de outros países) o acolhem e tiram fotos como uma atração turística.
Em dezembro, o Caramelo foi representado ainda em uma linha de brinquedos: ele virou um bichinho de pelúcia, um quebra-cabeça e até mesmo um livro ilustrado, produzido pela companhia We Toys.
Todo o lucro a partir da venda dos produtos é destinado para a reconstrução de escolas nas cidades de Muçum, Porto Alegre e Eldorado do Sul.
Após dias ilhado, o resgate foi realizado pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, que prestava apoio às forças gaúchas na ocasião, além de veterinários. Após o resgate, o cavalo foi levado ao hospital veterinário, onde recebeu medicação para desidratação.
Cerca de 96% das cidades gaúchas foram atingidas pelas enchentes, seja por alagamentos, inundações ou deslizamentos de terra. Ao todo, foram 180 mortos e 25 desaparecidos, além de 800 feridos.
As cidades mais afetadas foram Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul e Roca Sales, com milhares de cidadãos deslocados e imensos danos materiais.
Enquanto 615 mil pessoas foram acolhidas em casas de parentes, amigos ou abrigos das regiões, estima-se que o número de impactados seja muito maior.
Cerca de 2,4 milhões de pessoas tiveram que deixar seus lares, sofreram danos materiais, impactos na saúde ou enfrentaram a interrupção de serviços como luz e água.
Entre os locais mais impactados estão a Rodoviária de Porto Alegre, o Mercado Público de Porto Alegre, o Estádio Beira-Rio (casa do Internacional), assim como a Arena Grêmio. O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, precisou ficar fechado por cinco meses.