18 de junho de 2025 às 11:00
O Brasil concluiu ontem (17) o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão com a arrecadação recorde de R$ 989 milhões, sendo R$ 845 milhões oriundos exclusivamente das 19 áreas arrematadas na Foz do Amazonas.
Trata-se da maior oferta de blocos exploratórios da região, em um contexto de crescentes pressões diplomáticas sobre sua política energética.
A Bacia da Foz do Amazonas, considerada a nova fronteira petrolífera nacional com potencial de até 10 bilhões de barris, representa simultaneamente uma promessa de segurança energética e um teste definitivo das ambições climáticas brasileiras.
No que especialistas chamam de "janela ambiental", a Agência Nacional do Petróleo (ANP) correu para realizar o leilão antes de 18 de junho, quando venciam as manifestações dos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia autorizando a oferta dessas áreas.
Essas autorizações, válidas por cinco anos, foram concedidas em 2020 durante o governo Bolsonaro, em um cenário de maior alinhamento entre as duas pastas sobre a exploração petrolífera na região.
A Petrobras, em parceria com a americana ExxonMobil, arrematou dez blocos por R$ 262 milhões, enquanto o consórcio formado pela Chevron Brasil Óleo e pela chinesa CNPC Brasil levou nove blocos por R$ 582 milhões.
O interesse renovado dessas petroleiras multinacionais pela região não é uma casualidade. ExxonMobil e Chevron já operam com sucesso na vizinha Guiana, onde descobriram algumas das maiores reservas petrolíferas do século no bloco Stabroek.
Presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell considera que o leilão na Foz do Amazonas será lembrado como "mais uma chance encerrada de manter a meta do aquecimento global abaixo dos 1,5°C".
"Abrir novas frentes de exploração fóssil em plena crise climática é uma escolha deliberada contra o futuro, feita às vésperas da COP30, em solo brasileiro, desafiando a lógica científica, a justiça climática e a esperança", disse a especialista.
Com os blocos arrematados, as empresas precisam agora obter licenças ambientais específicas para iniciar as atividades exploratórias. O processo envolve múltiplas etapas.