30 de maio de 2025 às 18:39
Um grupo de pesquisadores do Projeto Mangues da Amazônia usa genética de ponta para reflorestar a maior faixa contínua de manguezal do mundo.
A iniciativa inovadora mapeia a variabilidade genética — a diversidade de versões de genes dentro de espécies nativas — para melhorar a recuperação de áreas degradadas desse ecossistema na região amazônica.
O objetivo é selecionar sementes com maior diversidade genética, o que aumenta a resistência das árvores a alterações ambientais e impactos climáticos, explica Marcus Fernandes, coordenador do Laboratório de Ecologia de Manguezal na UFPA.
A tecnologia, aplicada desde 2021 no Pará, destaca-se por integrar comunidades locais que dependem dos manguezais para seu sustento, além de unir ciência avançada e saberes tradicionais.
As sementes, antes coletadas de forma aleatória, agora são escolhidas conforme as áreas que apresentam maior riqueza genética, o que potencializa o sucesso do reflorestamento.
Essa estratégia resulta em árvores mais produtivas e resilientes, beneficiando o estoque de carbono e a fauna local, como o caranguejo-uçá, exemplifica Fernandes.<br /> <br />
Coordenado pelo Instituto Peabiru, Instituto Sarambuí e Lama/UFPA, o projeto recebeu patrocínio da Petrobras e do governo federal. Até agora, já foram reflorestados 18 hectares de manguezais degradados.
A meta é alcançar 40 hectares recuperados e 100 hectares monitorados nos próximos anos. Para John Gomes, gerente do projeto, o reflorestamento representa “um gesto de sensibilização e conexão com a natureza” que pode impulsionar a conscientização coletiva.
Em um ano marcado pela COP30, sediada em Belém, o trabalho ganha ainda mais relevância, pois cientistas estimam que os manguezais amazônicos produzem entre duas a três vezes mais carbono que as florestas de terra firme.