28 de abril de 2025 às 11:38
A menos de 200 dias da COP30 em Belém, o Brasil tenta intensificar esforços diplomáticos para transformar a conferência em um divisor de águas na agenda climática global.<br /> <br />
O grande objetivo é superar a fase de compromissos formais para avançar na implementação efetiva das política. "Estamos com uma série de acordos negociados, mas o grande problema é pôr em prática", explicou à EXAME João Paulo Capobianco, Secretário Executivo do MMA.
A abordagem brasileira busca superar limitações que ficaram mais evidentes na COP29, em Baku, onde, em um contexto de muitos impasses e recuos, o foco principal recaiu sobre a definição de metas financeiras, com resultados considerados insuficientes.
O acordo final do Azerbaijão, que propôs que países ricos desembolssem US$ 300 bilhões anuais para ações climáticas em nações em desenvolvimento, não agradou pelo valor muito abaixo do US$ 1,3 trilhão reivindicado pelo Sul Global.
Outro aspecto relevante: enquanto a COP29 enfrentou dificuldades para avançar na implementação de compromissos como o "Consenso dos Emirados Árabes Unidos" sobre transição energética, o Brasil tem agora a missão de estabelecer uma dinâmica diferente em Belém.
"Temos um papel muito relevante em colocar temas na convenção pela sua articulação com o clima. O primeiro foi a questão da conservação de florestas", refletiu Capobianco.<br /> <br />
O secretário acredita que esta visão mais abrangente já conquistou reconhecimento em fóruns estratégicos como o G20 e o BRICS, abrindo oportunidades econômicas para nações tropicais detentoras de biodiversidade.<br /> <br />
Quanto às metas brasileiras de redução de emissões, Capobianco defendeu o pragmatismo adotado pelo governo. O Brasil submeteu uma NDC prevendo redução entre 59% e 67% das emissões até 2035.
"Quando alguém questiona essa meta dizendo que não é ambiciosa, eu discordo duramente. Ela é uma meta entre as mais ambiciosas. Agora, ela tem que ter uma aderência na sociedade e no setor econômico e tem que ter credibilidade", argumentou.
Na Cúpula Virtual sobre Ambição Climática realizada há cerca de uma semana, comandada pelo presidente Lula e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que reuniu 17 chefes de Estado e de governo, o líder brasileiro cobrou maior responsabilidade dos países desenvolvidos.