22 de abril de 2025 às 17:22
O Dia da Terra, celebrado nesta terça-feira, 22 de abril, busca conscientizar e mobilizar a população sobre a proteção dos recursos naturais.
No entanto, apesar de ser um marco importante na luta pela preservação do meio ambiente, o cenário global mostra que ainda há muito trabalho a ser feito para transformar a conscientização em ação.
No Brasil, apenas 26% dos entrevistados confiam nas promessas ambientais feitas pelas marcas. Esse número está ligeiramente acima da média global, que é de 22%, mas ainda assim reflete uma desconfiança significativa. Os dados são da pesquisa “People and Climate Change” da Ipsos.
Tania Cerqueira, líder de ESG da Ipsos, aponta que esse ceticismo se deve em parte à falta de benefícios tangíveis e imediatos das ações sustentáveis. Segundo ela, os co-benefícios, como melhorias na biodiversidade, não atraem o consumidor.
“É importante lembrar que antes de ser sustentável, uma bebida precisa ser gostosa, e um produto de limpeza precisa ser eficiente,” explica Cerqueira.
Além disso, a falta de clareza nas ações das empresas também contribui para o ceticismo, pois muitas marcas não comunicam o que estão fazendo ou não oferecem informações concretas sobre suas práticas sustentáveis.
A conscientização climática no Brasil é alta, mas a conversão dessa preocupação em ação ainda enfrenta barreiras significativas. A pesquisa revela que mais de 70% dos brasileiros acreditam que os últimos dez anos foram os mais quentes já registrados.
No entanto, a experiência com o clima mais quente não se traduz necessariamente em ação climática, como observa Cerqueira. “Embora as pessoas estejam cientes do problema, fatores urgentes como inflação, violência e desemprego acabam ofuscando a crise climática,” explica ela.
Embora a percepção sobre a crise hídrica também seja preocupante, com 13% dos brasileiros acreditando que 70% da população mundial enfrentou escassez de água no último ano, a falta de um plano de ação claro também afeta a confiança nas políticas públicas.
Embora os brasileiros esperem que as empresas (71%) e o governo (75%) desempenhem papéis cruciais na luta contra as mudanças climáticas, a falta de transparência nas ações empresariais e na comunicação sobre as políticas públicas mina essa confiança.