3 de abril de 2025 às 11:01
Faltava um nome estratégico a ser definido pelo governo a menos de oito meses da Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) no Brasil: o de “Campeão do Clima” de alto nível ou high level champion (em inglês).
A nomeação já era esperada desde o anúncio de André Corrêa do Lago como presidente desta COP e Ana Toni como CEO executiva, em janeiro deste ano.
Com meses de atraso, o presidente Luiz Inácio da Silva oficializou a escolha nesta quarta-feira, 2: é o empresário Dan Ioschpe, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ex-presidente do B20, fórum do setor ligado ao G20. <br />
Dan Ioschpe, disse em comunicado oficial que espera poder apoiar a presidência da COP30 no avanço da ação climática, incluindo a transição energética, peça-chave para o combate à crise do clima e agenda na qual o Brasil é líder.
O executivo também é presidente do Grupo Iochpe, um conglomerado de negócios em setores como agronegócio, indústria e educação, e foi um dos fundadores da Iochpe-Maxion, maior fabricante de rodas de aço do mundo. Atualmente, integra os conselhos da WEG, Marcopololo e Embraer.
Gaúcho e economista de formação pela UFRGS, Dan terá como principal função fazer uma ponte entre os diversos atores da sociedade civil, setor privado e organizações não governamentais em relação às decisões e negociações nos âmbitos da COP.
O embaixador André Corrêa do Lago disse que a escolha fortalece a equipe da presidência da COP30 significativamente. "Assim como demonstrou no G20 no Brasil, Dan poderá agora contribuir de forma extraordinária para conjugar as prioridades brasileiras para a COP".
Seu mandato é de dois anos e vai até a próxima COP31 em 2026, possivelmente com sede na Austrália. Na última COP29 em Baku, no Azerbaijão, a designada para o cargo foi Nigar Arpadarai, membro independente do parlamento nacional.
O cargo, criado pela ONU na COP21 do Acordo de Paris, geralmente era concedido para agentes ligados a governos. A mudança no perfil só ocorreu após a nomeação de Gonzalo Muñoz na COP25 em Madrid, executivo responsável por introduzir o Sistema B na América Latina.
A escolha de Dan pode ser interpretada como uma estratégia de aproximação e aceno à indústria, acreditam especialistas. No processo usual da ONU, apenas os 195 líderes de países signatários do Acordo de Paris tem poder de voto ou decisão nas negociações das COPs.