6 de maio de 2025 às 13:51
Um curativo à base de resíduos da indústria pesqueira se tornou uma alternativa viável aos produtos importados usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – e com potencial para acelerar a cicatrização de feridas.
Batizado de CH50BGF, o produto foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de Lavras com base em matérias-primas sustentáveis e produção local.
A invenção, publicada na revista Materials Research, combina dois materiais: a quitosana — um polímero natural derivado da carapaça de crustáceos — e micropartículas de vidro bioativo, um tipo de cerâmica usada em aplicações biomédicas.
O resultado é uma espuma capaz de absorver até 160% do próprio peso em líquido em 24 horas, desempenho superior ao de muitos curativos comerciais, segundo os testes laboratoriais.
A equipe destaca que a proposta alia sustentabilidade, viabilidade econômica e desempenho técnico. A quitosana atua como agente antimicrobiano, preservando a umidade ideal e inibindo infecções.
Já o vidro bioativo estimula a regeneração do tecido com liberação de íons, que favorecem a formação de novos vasos sanguíneos e colágeno.
“Esse resultado reforça a possibilidade de conciliar sustentabilidade e alto desempenho”, afirma o pesquisador Eduardo Nunes.
Além da alta capacidade de absorção, o CH50BGF pode ser adaptado a diferentes tipos de feridas, como queimaduras graves e lesões por pressão. A personalização da fórmula abre caminho para usos específicos dentro do sistema de saúde pública, ampliando seu alcance clínico.